segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

o Diabo em terra de São José- Sacerdote


o Diabo em terra de São José
O Diabo em terra de de São José
Segunda-feira, 25 de Junho de 2007 por o sacerdote



O Diabo em terra de São José


No pequeno sítio situado no interior de Deus-me-livre, a paz reinava absoluta entre os viventes; o gado pastava tranqüilo entre a branquiária, as aves cuidavam para que os peçonhentos não se aproximassem, as criadas revezavam-se nos afazeres domésticos, enquanto Alice ganhava uma bela forma de mulher.

A pequena família habitante do lugar era temente ao Deus, Todo Poderoso, com uma fé fervorosa jamais vista. Deus era misericordioso para perdoar os pecados e ao mesmo tempo vingativo para consumi-los com sua devastadora ira.

Nos fundos da cercania, situava-se a pequena Capela de São José, erguida pelos braços do patriarca. Rezava a lenda que a Capela fora construída em agradecimento à cura de Alice; a menina nascera com uma doença incurável, capaz de atrofiar os órgãos e ossos da doente e só um milagre poderia libertá-la de tamanho jugo.

Diziam os mais faladores da região, que tal fato se dera em virtude de uma praga daquela que seria a madrinha da menina. Escolheram D. Florinda para amadrinhar a criança, mas depois optaram por um casal rico recém-chegado ao lugarejo. Duplo azar: essa história de desdenhar madrinha e praga pega. “Só muita reza forte pra combater o mal” - Diziam os vizinhos.

Assim, José resolveu negociar com o Santo de mesmo nome: “Ó Santo xará, conceda-me a graça de ter minha filha crescendo livre e dar-te-ei uma Capela e uma imagem do tamanho de minha filinha. E ainda, hei de substituí-la de acordo com o crescimento de Alice. Aceite este trato deste humilde servo e livre o Diabo de nossas vidas”.

Não tardou para que o milagre ocorresse. Afinal, qual santo não gostaria de uma permuta? Vaidosos, esses seres além-mundo! O homem de palavra também não deixou por menos; era só a menina crescer algumas polegadas e lá estava outra imagem no lugar.

Os que passavam próximo à casa de José às 18h, ouviam o entoar do cântico da ladainha em homenagem ao santo milagreiro.

A fé em Deus e no Santo crescia na mesma proporção que o temor ao Capeta. Era só ouvir o nome do Dito cujo que a família gritava: “Te esconjuro, credo, não digam esse nome em casa que atraí o Coisa ruim”.

Aos dezoito anos, curada de todos os males físicos, a menina desabrochou em formosura. Os rapazes suspiravam por seus longos fios dourados e suas curvas exemplares. Mas nada despertava o amor da jovem.

Até que em uma noite de lua cheia, um tropeiro pediu pouso ao dono da casa. Hospitaleiro que só, este concedeu de bom grado.

Ao descer para o jantar, a moça deparou-se com o belo homem sentado à mesa; dono de longos cabelos castanhos, barba fechada, olhos misteriosos e lábios mentirosos.

Pela primeira vez, um calafrio percorreu-lhe a espinha e desejou-o com voracidade. O homem parecia ler seus pensamentos, enquanto repousava, tranqüilo, a caneca de vinho sobre a perna.

O jovem viajante adiou sua partida e pediu a mão da moça em casamento. Seu José estranhou a atitude precipitada, mas aceitou. Afinal, a pior coisa nas redondezas era a fama de solteirona. Na roça, dezoito anos já era idade avançada para o casamento.

A moça não cabia em si de contentamento, mas D. Maria, sua mãe desaprovava com afinco a relação e repetia para a menina. “Minha filha, cuidado. O Diabo é o pai da mentira, ele veio para matar, roubar e destruir. Muitas vezes traz uma bandeja de ouro repleta de fezes. Não gosto desse sujeito. Vejo enganação nos lábios dele”. Mas a menina dava de ombros.

Só uma coisa assustava Alice: os sonhos recorrentes que teimavam em assolar suas noites. Sonhava que seu amado metamorfoseava-se em um estranho ser com chifres e garras e a deflorava com força. Acordava molhada de gozo.

O casamento no sítio movimentou a cidade; os noivos faziam um belo contraste; o bem e o mal, o puro e o profano.

Todos estranharam quando o padre pediu para que o casal repetisse as palavras do sacramento, pois o jovem tropeiro o fez em uma língua para lá de esquisita. Interpelado disse que recitou em hebraico. Contudo, a bruxa da vizinhança insistia que o sujeito falava a língua do Capelão da Macega, alcunha do Capeta na região.

A primeira noite, foi uma exigência do rapaz que se consumasse na Capela do sítio. Adentraram o recinto à zero hora em ponto. Com placidez e calmaria, ele a tomou em seus braços, beijou-a com sofreguidão e amou-a em frente à imagem do Santo; a cada estocada com seu membro viril na franzina vagina da moça, o homem urrava feito um lobo e regozijava-se, rindo zombeteiramente do santo. Conseguira seu intuito: roubá-la de São José.

Amaram-se repetidamente na pequena sacristia; Ela, filha do Santo e ele, filho do Demônio.

O homem deveria partir antes que o galo cantasse três vezes, pois rezava a lenda que depois do tal canto que afugentava os espíritos do mal, o mundo voltava para as mãos de Deus e caso o capeta não partisse, ficaria preso para sempre na terra.

Entretanto, cansado da peleja, o sujeito adormeceu pesado nos braços da amada. Acordou com formato de Cão: olhos protuberantes, pêlos no corpo, rabo e chifres brotando da testa.

A moça assustou-se com tamanha mutação; dormira com o belo e acordara com um monstro. Lembrou-se dos sonhos e implorou:
- Sei quem és, e que veio desfazer a promessa de meu pai. És enviado de minha pretensa madrinha, mas por favor, fique. Apaixonei-me por ti, agora não tem mais jeito.

Ele não queria confessar, mas a verdade era que o Senhor das Trevas havia se apaixonado perdidamente por aquela criatura angelical.

Assim, ele implorou às profundezas que retirassem seus poderes e o mantivessem aqui na terra junto a sua amada. Concedido. A besta transmutou-se em figura humana.

Os dois seguiram vida afora, junto ao fruto do ventre dela que nascera nove meses depois, um menino filho da protegida de São José com o Demônio.

Contudo, temiam a triste permuta realizada entre o Demônio e o Supremo Conselho das Trevas: Concedo-te a humanidade, mas um dia teu filho tornará para nós!

Não teve outro jeito, convencido por José, o Capeta ofereceu a mesma promessa a São José de substituir a imagem do Santo de acordo com o crescimento da criança. Assim as duas imagens idênticas, que só alteram em tamanho, continuam crescendo lado a lado- oferta do Sete Peles e do homem santo, ambas bem aceitas!

ninethe



Foto- Ricardo Pozzo

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