domingo, 28 de dezembro de 2008

Masturbação - Darkness


MASTURBAÇÃO


FEMININA


As mãos dedilhando os mamilos

Intumescendo sua consistência

Perdendo a noção do tempo

Entregando-se sem resistência.


A libido despertando o desejo

De sentir carícias ardentes

Olhos cerrados a sorver tesão

Antevendo toques fundentes.


Mais ousadas, as mãos avançam

Tocam a púbis ainda adormecida

Sentem o pulsar da prometida

Carícias em deslizes que não cansam.


Inspirada pelo desejo do prazer

Entrega-se ao balé da excitação

Não se prende na hipocrisia

Antevê tão somente sua alegria.


Atrevidamente as mãos penetram

Na caverna umedecida pelo tesão

O roçar dos dedos no grelinho

Levando ao delírio da sofreguidão.


Antes um entregar-se a si mesma

Refletindo seu apelo pelo sexo

Não se confunde com baixezas

Deseja mais do que um ato complexo.


Intimamente inspirada pela liberdade

Solta-se ao ter a carne invadida

Não pode alçar vôo mais pleno

Sabe que não é hora de ser fodida.


Convulsionando afunda os dedos na abertura

O calor que domina sua gruta escancarada

Exala odores que se perdem no ar

Ainda que solitária, ela ousa gozar.


As mãos voltam a tocar os mamilos

Agora rijos quais tábuas de salvação

Desejo ardente que não finda

Por que esta doentia solidão?


Fechando os olhos volta a sonhar

As mãos ainda em seu interior

Concentra-se no prazer... tesão

Esquece o mundo exterior.


Num último convulsionar

Abre-se como a receber uma pica

Carne trêmula em revolução

Extravasa a força de seu tesão.


Mesmo insatisfeita em seu gozar solitário

Aceita a carga do momento transitório

Ainda terá o amanhã para viver

Um entregar-se real... satisfatório.


MASCULINA


O desespero contendo o instinto

Aprisiona a razão em rebeldia

Quer o corpo que o sacie

A carne que não tem neste dia.


Sem poder libertar a selvageria

Despe-se da sunga diminuta

Transforma suas mãos solitárias

Em uma verdadeira puta.


O falo endurecido a desafiar o nada

Sente o aperto seco das mãos

Resignado ele começa a punheta

O que fazer em momentos vãos?


Acelerando o vai e vem

Consegue, finalmente, abstrair

Imagina uma gostosa buceta

A bailar... a descer... a subir...


Poderosos músculos distendem-se vigorosos

A rigidez denota sua excitação

Quer um buraco para invadir

Mas contenta-se com a masturbação.


Decidido, intensifica seu furor

As mãos premem o cacete

Parecem estrangulá-lo com rancor

Envolvendo-o qual um bracelete.


Sem qualquer outro sentimento

Brutaliza sua vontade

Arde em si de tanta excitação

Perde-se num rumo de contrariedade.


A fome mistura-se a sede

O saciar não pode ser vivido

Sua libido é animalesca

Não tem como ser detido.


Agora olha para o membro pulsante

A seiva corre nos condutos cavernosos

Prende a respiração para deter

O líquido viscoso que esta por verter.


Urra como se fosse um leão

As mãos sentem a umidade

O sêmen vaza em profusão

Libertando o visco de sua vontade.


O líquido o deixa contrariado

Tendo gozado sem uma parceira

Sente que não ficou satisfeito

Maldiz a solidão traiçoeira.


Sem ter como atender seu instinto

Joga-se na cama e adormece

Antes que o sono chegue

Sua frustração, ele esquece.



Foto - Ricardo Pozzo

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