sábado, 13 de dezembro de 2008

ETERNOS RITUAIS - ANA VIDAL - poetisa portuguesa



Percorro palmo a palmo o teu desejo
E palmo a palmo sinto-me vibrar primeiro, na lenta perfeição de um beijo
que nos acende o corpo devagar, tão devagar que sinto, mas que vejo
morrer na minha pele o teu olhar...


Depois, nas mãos que inventam sabiamente
novos desenhos, esboços delirantes perdidos tempo e espaço, de repente
Partimos à deriva, viajantes , somos cinco sentidos, simplesmente
por novas dimensões alucinantes.


E assim, de sal e mel embriagados
cumprimos os eternos rituais e ao som de coros loucos, inspirados
dançamos com o vento nos trigais entre a terra e o céu entrelaçados
senhores do universo uma vez mais.

Por fim, quando o desejo é já cansaço e voltamos a nós, devagarinho
ancoramos na calma de um abraço, feito de gratidão e de carinho.
Mas é prazer ainda quando passo, a mão no teu cabelo em desalinho


(in: VIDAL, 2005).

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