sexta-feira, 25 de junho de 2010

domingo, 6 de junho de 2010

JUSTINE E SAFO

Justine estava surpresa. Ela sempre se achou, não, ela sempre teve a certeza de que era linda e atraia a atenção dos homens. Mas naquela manhã ela foi surpreendida por uma cantada que não estava preparada para receber. Foi na hora do intervalo, ela estava sozinha perto da porta da sala quando Safo, uma aluna de outro curso se aproximou como quem não quer nada:

-- Oi.
-- Olá.
-- Está de bobeira?
-- O que?
-- Sempre que a vejo você está rodeada de rapazes.
-- Quis uma folga.
-- Chateada?
-- Não. Só que eles cansam um pouco.
-- Sei como é.
-- Você não costuma dar muita atenção para eles, não é?
-- Não fazem meu tipo.
-- Como?
-- Eu não aprecio esse tipo de companhia.
-- Ah, sei.
-- Você parece ser muito gostosa, sabia?
-- O que?
-- De vez em quando eu fico olhando para você. Seu rosto e lindo, seu corpo é perfeito...
-- Hei, é melhor parar por aí.
-- Tudo bem. Só estava elogiando.

A conversa ainda ecoava em sua mente quando ela chegou a sua casa. Nunca havia dedicado maior atenção aquela moça, mas agora não conseguia tirá-la da cabeça. De repente, começou a vê-la em seus pensamentos. Olhos graúdos de um azul quase translúcido; lábios carnudos; busto cheio; coxas torneadas, bumbum delineado em curva acentuada; os cabelos... por que ela tinha que ter os cabelos tão atraentes? Loiros e encaracolados...
Sua noite foi povoada por sonhos onde a imagem recorrente era sua colega. Foram tantas situações que ao acordar ainda era capaz de recordar-se de algumas. Um tremor estranho percorreu seu corpo. Olhou-se no espelho do banheiro e não gostou do aspecto de seu rosto, a noite não tinha sido nada agradável.
A semana seguiu sem outros encontros ou surpresas, mas ela ainda não esquecera o acontecido. Por diversas vezes se flagrou tentando localizar a outra moça pelos cantos da escola. Por que não conseguia espantá-la de sua mente? Nem mesmo os elogios e as cantadas que recebia estavam ajudando. Decidiu que estava na hora de dar um basta àquela situação e partiu para cima de um dos rapazes que a cortejava.
Sempre que se deitava com um de seus admiradores, ela se sentia plena de ardor. Sabia como lidar com os diversos tipos de rapazes, todos se mostravam tão superficiais e tolos. Acreditava que a ausência de intimidade a ajudava a manter o controle, mas não naquela oportunidade. Mesmo estado ao lado do rapaz mais cobiçado da escola, ela se sentia vazia, como se os carinhos não lhe transmitissem nenhuma sensação mais concreta.
Na tentativa de quebrar aquele círculo vicioso, procurou por um dos poucos amigos que tinha. Ivan era tão sensível que a maioria dos alunos julgava que ele fosse gay. Mesmo Justine acreditava que ele não tinha muita afinidade com as mulheres, mas estava enganada, justamente sua opção o tornava mais próximo das dificuldades que as moças enfrentavam:

-- Não se preocupe com ela. Sei que a maioria a vê com olhos preconceituosos, mas ela não é de avançar o sinal. Ela tentou se aproximar de você, mas não vai mais procurá-la, já entendeu que seu interesse é outro.
-- Mas é aí que ta pegando. Sei que gosto dos rapazes, mas desde que ela veio até mim, não consigo tirá-la da cabeça.
-- Já pensou em dar uma chance para ela?
-- O que?
-- Não disse que deva se entregar a ela, apenas conhecê-la melhor.

As dúvidas se avolumavam na cabeça de Justine. Ela tentava de todas as maneiras afugentar a imagem da colega, mas não conseguia passar uma noite sem que os sonhos se manifestassem. Agüentou até onde pôde, mas foi obrigada a reconhecer que era melhor encarar a realidade do que tentar ficar fugindo.
O tão temido encontro aconteceu em uma quinta-feira. As aulas tinham acabado mais cedo e ela estava arrumando o material quando a energia foi cortada. A escuridão deixou todos muito apreensivos. Os aproveitadores agiam acobertados pela ausência da luz. Justine sentiu um toque suave em seu ombro e antes que pudesse gritar, ouviu uma voz muito suave:

-- Venha comigo. Sei que precisamos conversar.

Ficou espantada com a habilidade com que a outra se movia mesmo no escuro. Não demorou a chegarem a um espaço que ela não sabia onde ficava. Talvez algum dos laboratórios da escoa, pois o cheiro era muito forte.

-- Aqui podemos conversar em segurança.
-- Onde estamos?
-- No galpão da limpeza.
-- Por que me trouxe para cá?
-- Andei conversando com o Ivan. Não o leve a mal, mas ele ficou muito preocupado com você.
-- Preocupado com o que?
-- Você sabe. Não era minha intenção deixá-la assim. Não sou de forçar a barra com ninguém.
-- Não forçou nada. Acontece que eu...
-- Ficou balançada.
-- Não sei bem como estou, mas ando tenho uns sonhos muito estranhos.
-- Sonhos comigo?
-- Sim.
-- Entendo. Olha, não sei como você vê as pessoas como eu, mas posso garantir que somos tão normais como todo mundo. Diferentes? Bem quem não é?
-- Não crítico ou recrimino a escolha que fizeram. Só não entendo o que está acontecendo comigo.
-- Quem sabe se...
-- Se?
-- Não! Acho melhor voltarmos. Só queria mesmo que você soubesse que não precisa ter receio de mim. Não vou procurá-la mais.
-- Acha que sou atraente?
-- O que?
-- Você me procurou por que se sentiu atraída por mim?
-- Não entenda mal, mas eu sempre tive uma queda por você. Esses seus olhos, essa sua boca, seus seios... enfim, já sonhei muito que nos entregávamos.
-- Sentia-se bem quando acordava?
-- Só um pouco frustrada por ter sido apenas um sonho.
-- Eu fico muito confusa quando acordo.
-- Por quê?
-- Sinto vontade de que tudo tivesse sido verdade.
-- Gostaria de saber como é?
-- O que?
-- Ser tocada por outra mulher.
-- Não sei.
-- Tudo bem, vamos.
-- Não! Espere.
-- O que foi?
-- Como faria para não me deixar constrangida?
-- Posso?
-- Vai compreender se eu quiser parar?
-- Só vou até onde você deixar.
-- Está bem.

Safo aproximou-se com delicadeza, tocou o rosto com as mãos, colocou-se de modo que suas bocas quase se tocaram e, ainda acariciando-lhe o rosto, sussurrou:

-- Posso fazê-la sentir emoções que homem nenhum será capaz. Coloque sua mão sobre meu peito. Sinta o batimento de meu coração.

Timidamente Justine colocou sua destra sobre o peito de Safo. Os batimentos da colega estavam a mil. A respiração em seu rosto teria sido suficiente para que ela percebesse a excitação da outra, mas ao sentir os batimentos cardíacos, fechou os olhos como se tentasse acompanhar o ritmo das batidas.
O contato úmido e tépido dos lábios nos seus a fez recuar um pouco, mas Safo soube ser persuasiva. Suas mãos acariciavam seus seios com suavidade e, num primeiro momento, os lábios apenas se tocaram. A passividade comandava aquele primeiro contato.

-- Quer que eu pare?
-- Não.

Tudo o mais se seguiu com tamanha naturalidade que Justine questionou seu comportamento desprendido. Enquanto as roupas ainda impediam o contato direto de suas peles, ela sentia que podia parar a qualquer instante, mas assim que a última peça foi atirada para longe e sua carne sorvida pela boca ávida de sua colega, sabia que não poderia, não, sabia que não queria que acabasse antes de ter atingido o auge de seu desvario.
Os toques ousados, mas carinhosos; os beijos fogosos e dominados pela paixão; as carícias sempre suaves e ao mesmo tempo incisivas; a segurança com que Safo a explorava e se expunha; tudo a levava para um estado inebriante. Sua respiração tornou-se instável, sua pulsação inconstante, sua excitação crescia mais e mais.
Livre, ela se enroscava no corpo da fêmea que a possuía. Livre, ela se deixava explorar pela amante que a completava. Livre, ela sentia que seus receios iam sendo consumidos pelo fogo da paixão que a dominava. Livre, ela se entregava às carícias que sua carne recebia. Livre, ela correspondia aos estímulos e retribuía a tudo que experimentava.
Tomadas pela excitação, não se deram conta do momento em que a energia voltou. O que importava aquilo que acontecia além daquelas paredes? Era ali dentro que elas estavam vivendo o mais intenso e espontâneo ato que une duas pessoas. Elas estavam experimentando sensações e compartilhando emoções que não precisavam de explicações, não se deixavam conduzir por regras ou estigmas sociais. Elas simplesmente se amavam.
Quando finalmente a satisfação foi alcançada, elas se deixaram ficar abraçadas, deitadas sobre o chão da sala. Seus corações voltavam, lentamente, ao ritmo normal das batidas. Seus olhos se buscavam com cumplicidade, suas mãos ainda se mantinham unidas num toque firme.

-- Arrependida?
-- Não! Satisfeita!
-- Entende que não precisa me aceitar só por que aconteceu?
-- Entendo que descobri que posso ir além daquilo que conhecia. Somos livres e, sendo assim, posso experimentar aquilo que bem quiser.
-- Vai continuar saindo com os rapazes?
-- Vou continuar vivendo. O que tiver que ser, será.
-- É mais desprendida do que eu.
-- Não. Apenas mais instável. Mas ainda vou encontrar meu ponto.

Justine chegou à casa ofegante e alegre. Sua carne ainda sentia os toques suaves das carícias que recebera. Seu peito ainda arfava ao lembrar-se dos instantes de entrega que viveu. Sua cabeça ainda rodava na mesma balada do momento em que se deixava levar pela excitação. Sabia que iria sonhar com tudo, mas, pelo menos desta vez, quando acordasse, saberia que o sonho seria apenas o prolongamento de tudo que havia vivenciado.

Néon


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