terça-feira, 26 de maio de 2009

CRISE DOS 25 ANOS DE CASADO




Por trás de um homem bem sucedido tem sempre uma mulher... e por trás de um homem fracassado, existem... "DUAS"!!!!

Quando eu completei 25 anos de casado, introspectivo, olhei para minha esposa e disse:
- Querida, 25 anos atrás nós tínhamos um fusquinha, um apartamento caindo aos pedaços, dormíamos em um sofá-cama e víamos televisão em uma TV preto e branco de 14 polegadas... Mas, todas as noites, eu dormia com uma loira gostosa, de 25 anos.
E continuei:
Agora nós temos uma mansão, duas Mercedes, uma cama super King size e uma TV de plasma de 50 polegadas, mas... eu estou dormindo com uma senhora de 50 anos. Parece-me que você é a única que não está evoluindo...

Minha esposa, que é uma mulher muito sensata, disse-me então, sem sequer levantar os olhos do que estava fazendo:

Sem problemas. Saia de casa e ache uma loira de 25 anos de idade que queira ficar com você. Se isso acontecer, com o maior prazer eu farei com que você, novamente, consiga viver em um apartamento caindo aos pedaços, durma em um sofá-cama e não dirija nada mais do que um fusquinha.
Sabe que fiquei curado da minha crise de meia-idade?
Essas mulheres mais maduras são realmente demais!

domingo, 24 de maio de 2009

Betty Boop - Clássicos do erotismo


As mulheres dos quadrinhos também despertam desejos. Não só nos personagens com quem contracenam, mas também na imaginação dos leitores.Já nos anos 30, uma pequenina musa fazia todos suspirarem. Em seus shows nos pubs nova-iorquinos, não havia mulher que não invejasse seu sex appeal, ou homens que não a cortejassem ao fim da noite.



Betty Boop é uma personagem de
desenho animado que apareceu nas séries de filmes Talkartoon e Betty Boop, produzidas por Max Fleischer e distribuídas pela Paramount Pictures.
Betty tinha um jeito de garota independente e provocadora, sempre com as pernas de fora, exibindo uma
cinta-liga.



Foi em 1930 que a personagem imigrante judaica começou sua "carreira", em
Dizzy Dishes, espelhando-se nas divas desta década, ao som de muito jazz. Mas Betty Boop ficou famosa mesmo quando interpretou "Boop-Oop-a Doop-Girl", de Helen Kane, e, enfim, entrou para a história, participando de mais de 100 animações.


Entretanto, após 1934, o novo Código de Produção impôs uma
censura à personagem. Em nome da moralidade, Betty não poderia mais exibir seus decotes nem suas roupas insinuantes. Acredita-se que o comportamento progressivo da personagem era algo para o qual a população dos Estados Unidos da época não estava preparada para receber. Afinal, eram tempos de Disney e seus bichinhos. Os irmãos Fleischer modificaram a imagem de Betty, vestindo-a até o pescoço. Contudo, mantiveram em evidência o contorno de seus seios sobressaindo das malhas colantes, o que a deixou mais sensual. Em 1939, Betty Boop foi proibida de aparecer nas telas pelo Comitê Moralizador após anos de perseguição.


Com a sua enorme sensualidade, Betty foi um grande sucesso nas platéias de teatro, e apesar de ter decaído durante a Década de 1930, ela continua popular atualmente pelo ar de sensualidade. Sua última aparição foi no cinema, em 1988, quando fez uma ponta em
Uma Cilada para Roger Rabbit com o mesmo biquinho, as mesmas pernas de fora e cinta-liga aparente que lhe é peculiar

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Contrição



Não desistas de mim, amor,
Não desistas, ainda é tempo.
Vem mostrar-me o caminho
Pra que eu possa seguir contigo.

Não deixei nossos sonhos ao vento,
Sequer desisti de nossas vidas.
Somente sequei minhas lágrimas
Pra regar o chão no instante certo

Quando elas tocarem o solo
As ilusões caídas, fenecidas,
Folhas murchas de outono,
Amarelecidas

Serão sementes de ilusão
Guardadas à espera de nós dois.
Volta à casa tua, pois
Muitas coisas de nós aqui estão.

E enquanto no meu peito existir
Um coração a bater por ti,
Nada pode levar-te de mim.

Somos um só como no início.
Sou teu aconchego, teu princípio e fim,
Teu porto seguro...


Ainda estou aqui.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Tempo de esquecer- Alian Moroz


Tempo de Esquecer



Olho para teto branco onde vislumbro algumas escoriações cometidas pela maresia. Pontos escuros em meio ao todo branco.

Pergunto-me por que os tais pontos negros se destacam mais que a tinta branca que reveste a madeira do teto. Impossível não se fazer comparações.

Como é difícil fazer um elogio para nossos semelhantes. Sempre que somos levados a fazer uma comparação, nos lembramos dos defeitos e erros daquela pessoa.

Assim como os pontos negros que se destacam ante ao mais pálido branco, assim são os defeitos quando os observamos em alguém.

Pode ter o homem as mais qualificadas virtudes, contudo continuamente será lembrado por seus pontos escuros.

Já não seria tempo de esquecermos os pontos negros em prol de se ter nosso teto limpo? Esquecemos que por muitas vezes nosso teto é de vidro.

Um sorriso maroto me acomete por tal comparação.



Levanto da rede onde estou e me dirijo até a porta de entrada que dá acesso á garagem. Por detrás da porta esta ali estacionada a velha vara de pesca. Já a possuo há tanto tempo que nem lembro mais, muito menos se já pesquei algum peixe com ela.



O que vale é enganar o tempo. Olho para o mar e respiro profundamente. Coisa boa esse aroma marinho que me invade os pulmões. Como é bom viver em Pontal do Paraná.

Ouço a voz daquele vizinho irritante a chamar por meu nome. Volto-me de soslaio e lhe dirijo um olhar receptivo. Só por hoje talvez eu deva esquecer que somos irritantes um para o outro. Só por hoje.

terça-feira, 19 de maio de 2009

A Polaquinha (resenha)


Mestre da narrativa curta, quase haicais em forma de prosa, Dalton Trevisan sempre foi cobrado pelos seus leitores a aventurar-se em uma história mais longa. Dezoito livros de contos depois nascia, em 1985, A Polaquinha, novela de que narra as estripulias de uma jovem curitibana no universo do sexo.
Polaquinha, cujo verdadeiro nome nunca nos é revelado ao longo da narrativa, leva uma vida medíocre, com namorados e amantes não menos ordinários do que ela. O primeiro, um moleque asmático, o segundo um jovem imberbe com problemas de coluna trocado por um advogado mau caráter e manco que por sua vez dá lugar a um motorista de ônibus de maus bofes e desempenho na cama proporcional à sua canalhice. Todos eles, de uma forma ou de outra, usam e abusam de Polaquinha que, mergulhada em um oceano de prazeres, deixa-se levar passivamente.
A prosa é enxuta, levemente pornográfica, contudo divertida. Rimos. Às vezes um riso de compaixão por uma moça que se deixa ingenuamente enganar por tipos de homens tão baixos, mas presentes no imaginário brasileiro. Em outras ocasiões o riso é amarelo, de identificação. Quantas Polaquinhas já não foram vítimas da nossa lábia, amigo leitor?
Os capítulos finais do livro simbolizam de certa forma a tragicômica mesmice em que Polaquinha se meteu (trocadilho forçado), numa constante troca de parceiros em um dia comum de uma moça que decide “dar-se” para ganhar uns trocados a mais dentro de um bordel fuleiro. O texto quase que se repete, inclusive nos diálogos, a despeito da rotatividade de clientes. Polaquinha nos desperta compaixão, pero sin perder la sensualidad.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Uma Maria Qualquer- Lucia CZER


James parou o carro na rua escura. Estava a fim de um programa, algo que tirasse o marasmo do que tinha sido aquele dia infame.
Olhou com atenção as prostitutas que andavam sem meta, daqui pra lá, de lá pra cá à espera de cliente. Algumas meninas, magrelas, desnutridas. Nem bunda tinham... Outras, já coroas com ares afetados, fenecidas, meias arrastão costuradas, escondendo o gasto, sapatos de salto alto, velhos, meio tortos. Era deprimente.

Quase desistiu. Mas o tremeluzir da lâmpada fraca no poste iluminou a silhueta esguia, vestida de vermelho. O vestido sugeria uma cigana... “-Será?”.
Despertada a curiosidade, piscou com os faróis do carro. Acudiram outras que ele espantou com um simples gesto da mão. Acendeu um cigarro e esperou. O vulto de mulher foi se aproximando, requebradamente, felinamente. Aí, deu pra ver a cabeleira preta ondulada batendo à cintura. Tinha na boca uma piteira com uma cigarrilha. Sentiu-lhe o perfume almiscarado em meio ao cheiro de fumo.

Usava uma blusa folgada transparente, seios aparecendo, e por cima um colete preto. A saia rodada com babados, vermelha, enfeitada com rendas pretas. Traje incomum. Isso apenas acendeu-lhe mais o instinto caçador.

Ela abaixou-se até por o rosto à altura do vidro, sorriu mostrando os dentes alvíssimos, perfeitos. Tinha um cheiro de ervas, sândalo, algo sedutor e indecifrável, na boca pintada com batom vermelho. Olhos escuríssimos.
Ele mostrou-lhe o assento do carro e ela entrou, ajeitando a saia. James deu partida ao carro e rumaram para um motel de baixa categoria ali por perto. Ofereceu-lhe um baseado que ela recusou com um meneio da cabeça. Sem falar, ela foi logo tirando a roupa, meias, sapatos. Era divina, escultural. Não usava roupas íntimas. Tudo no lugar, seios altos, cintura fina, quadris cheios, coxas roliças.

James foi ficando meio atordoado, mas, excitado, rolou com ela pela cama, beijando, mordiscando, tragando o perfume daquela pele trigueira. Ela ativa, movimentava-se, ora cavalgando ora deixando-se galopar, num gingado perfeito de quadris.
O sexo foi estonteante. James urrou como doido e caiu para o lado, extenuado e satisfeito. Por um instante ela pareceu lânguida, domada, vencida. Sem falar, levantou-se e começou a vestir-se. Ele mirava, contemplativo, a beldade nua, ainda sem fôlego para conseguir falar.
Deu um salto quando ouviu baterem à porta. Escondendo o corpo nu, entreabriu-a e deu de cara com um homem de cavanhaque, usando terno completo e cartola.
O homem ignorou-o. Pos a cabeça para dentro do quarto...

- Senhora...!

James, atônito, ainda foi em direção à carteira, tirando umas notas que tentou por nas mãos delas.
Ela jogou a cabeça pro lado, soltando uma gargalhada que ecoou por muito tempo na cabeça de James. Girou na ponta dos pés num redemoinho de saias vermelhas, sempre gargalhando e foram sumindo no ar, homem e mulher.

No quarto, um cheiro enjoativo de rosas e enxofre. James caiu desacordado e foi assim que os empregados do motel o encontraram no outro dia.
Não demonstraram admiração nem surpresa. Simplesmente benzeram-se e atiraram água benta que já traziam à mão, espargindo-a pelo ambiente.
A criada comentou, crucifixo na mão e a benzer-se:

- Maria Padilha escolheu outro incauto pra ser pai do seu filho meio humano!

By Fru-Fru


Papo Pra convencer



Vadia,
o gosto do nosso sexo
misturado
em nossas bocas
não matará a poesia...

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Para Manter o Juramento-Marcos Rezende Honório






A claridade avermelhada ainda persistia nas montanhas; a lua aparecia no céu, Yapaki não percebeu, a princípio, nada de estranho na aldeia. Sentia-se grata demais por tê-la alcançado antes do pôr-do-sol um abrigo contra o frio e a chuva de uma noite no altiplano, uma cama para dormir, depois de quatro dias de viagem, uma taça de chicha antes de dormir.

Pouco a pouco, porém, ela compreendeu que havia alguma coisa errada. Normalmente, àquela hora, as mulheres estariam circulando pelas ruas, conversando com as vizinhas, comprando os alimentos para a refeição noturna, enquanto as crianças brincavam e brigavam. Naquele fim de tarde, no entanto, não havia nem uma única mulher na rua, nenhuma criança.

Qual seria o problema? Franzindo o rosto, ela avançou pela rua principal, a caminho da estalagem. Estava faminta e cansada.
Deixara o Ayllu muitos dias antes, com uma companheira, a caminho da Casa das Mulheres de Quesasani. Mas sem que qualquer das duas soubesse, sua companheira estava grávida; caíra doente, com febre, abortara na Casa das Mulheres em Tawantin, e ainda se encontrava ali, acamada.

Yapaki não tinha medo de viajar sozinha; já percorrera aquelas montanhas em todas as estações, com todos os tempos. Mas suas provisões se aproximavam do fim. Por sorte, o estalajadeiro era um velho conhecido. Ela também conhecia há muitos anos o homem que pegou sua lhama no estábulo. Ele franziu o rosto quando Yapaki desmontou.

- Encontrou guerreiros na estrada, mestra!

- Não, nenhum - respondeu Yapaki, franzindo o rosto. - Todos os animais das do Suyu parecem estar aqui, em seu estábulo... o que aconteceu? Uma visita do Waka? E o que há com você? A todo instante olha para trás, como se esperasse descobrir seu amo ali, com uma vara na mão para espancá-lo... e onde está o velho Pacha, que não vem receber seus hóspedes?

- O velho Pacha morreu, mestra. Ayama tenta cuidar da estalagem sozinha, ajudada pelas jovens Koya e Ariwa.

- Morreu? Que os Deuses nos guardem! Como isso aconteceu?

- Foram aqueles bandidos, mestra, a quadrilha de Cicatriz; retalharam o velho Pacha ainda de avental. Criaram a maior agitação na aldeia, quebraram todas as canecas de cerveja, e quando os homens os expulsaram com seus forcados, juraram que voltariam para incendiar tudo aqui.Ayama e os anciões fizeram uma coleta, e conseguiram dinheiro suficiente para contratar Kapak e seus homens, para nos defender quando os bandidos voltarem. Desde então, mestra, os homens de Kapak permanecem aqui, brigando, bebendo e cercando as mulheres, a tal ponto que os habitantes já começam a dizer que o remédio é pior do que a doença. Mas entre, mestra, entre. Ayama ficará feliz ao vê-la.

A rechonchuda Ayama parecia mais pálida e mais magra do que na última vez em que Yapaki a vira. Recebeu Yapaki com uma cordialidade inesperada, sabia, também não aprovava as Amazonas Livres, mas aprendera pela experiência que eram hóspedes quietas, que não criavam problemas, não se embriagavam, não quebravam bancos e canecas de cerveja, e pagavam suas contas direito. A reputação de um hóspede não macula a cor de seu dinheiro, pensou Yapaki, irônica.

- Já soube o que aconteceu, minha boa mestra! Aqueles homens horríveis, o bando de Cicatriz, mataram meu marido, sem qualquer motivo... só porque Pacha jogou uma caneca de cerveja num deles, que tentava pôr suas mãos imundas em minha filha, a pequena Koya, que ainda nem tem quinze anos! Monstros!

- E o mataram por isso? Lamentável! - murmurou Yapaki.

Mas sua compaixão era pela menina. Durante o resto de sua vida, Koya haveria de se lembrar que o pai fora morto ao defendê-la, porque ela não era capaz de se defender. Como todas as mulheres da Ayni, Yapaki prestara o juramento de se defender, de não recorrer a nenhum homem em busca de proteção. Pertencia à Ayni por metade de sua vida; parecia absurdo que um homem devesse morrer por defender uma moça de avanços a que ela própria não podia se esquivar.

- Ah, mestra, não sabe como é estar sozinha, sem um homem. Como sempre viveu sozinha, não pode imaginar.

- Vocês, mulheres da Ayni, intitulam-se livres, mas me parece que sempre fui livre, até agora, quando devo me manter vigilante noite é dia, para evitar que alguém tenha a idéia errada sobre uma mulher sozinha. Ainda outro dia um dos homens de Kapak me disse... e esse é outro problema, os homens de Kapak. Comem tudo o que temos, mestra, e não há lugar no estábulo para os animais dos hóspedes pagantes, com metade da aldeia mantendo seus animais aqui, contra uma nova investida dos bandidos, e esses espadachins de aluguel bebendo a cerveja do meu filho dia após dia...

Abruptamente, ela lembrou seus deveres como hospedeira.

- Mas venha para a sala comum, mestra, trate de se esquentar, enquanto providencio seu jantar. Temos lombo de alpaca assado. Ou se preferir alguma coisa mais leve, não gostaria de um guisado de Chinchila com cogumelos? A estalagem está lotada, é verdade, mas tenho um pequeno quarto no alto da escada que pode ocupar, um quarto à altura de uma grande Senhora.

Mais tarde, Yapaki desceu para a sala comum. Como todas as mulheres da Ayni, aprendera a ser discreta quando viajava sozinha; uma mulher solitária era alvo fácil de indagações, no mínimo, e era por isso que sempre viajavam em dupla. Isso acarretava certa estranheza, até especulações obscenas, mas também evitava as abordagens desagradáveis a que estava sujeita uma mulher viajando sozinha nos Altiplanos. Claro que qualquer Ayni Livre saberia se defender se a situação fosse além das palavras grosseiras, mas isso podia acarretar problemas para a Irmandade .

Era melhor se comportar de uma maneira que reduzisse ao mínimo a possibilidade de encrencas. Por isso, Yapaki sentou sozinha num canto perto da lareira, manteve o capuz puxado em torno do rosto - não era mais jovem, nem muito bonita - tomou sua chicha, esquentou os pés, e não fez nada para atrair a atenção de ninguém. Ocorreu-lhe que naquele momento, apesar de se intitular uma Ayni Livre, tinha de ser muito mais contida do que as jovens filhas de Ayama, circulando de um lado para outro, protegidas pelo teto da família e a presença da mãe.
Ela terminou sua refeição - optara pelo guisado de Chinchila- e pediu um segundo copo de chicha, cansada demais para subir a escada até seu quarto, exausta demais para dormir se conseguisse.

Alguns dos espadachins de aluguel de Kapak sentavam a uma mesa comprida, no outro lado da sala, bebendo e jogando dados.
Um dos mercenários mais jovens, alto, sem barba, magricela, os cabelos cor de gengibre cortados rentes, levantou-se e veio para sua mesa. Yapaki preparou-se para o inevitável. Se estivesse com duas ou três companheiras da Ayni, teria acolhido com satisfação uma companhia inofensiva, para um drinque juntos, uma conversa sobre a situação das estradas. Mas uma Ayni sozinha NÃO bebia com homens em tavernas, e Kapak sabia disso tão bem quanto ela.

Um dos mercenários mais velhos devia estar querendo se divertir à custa do garoto inexperiente, espicaçando-o a provar sua virilidade pela abordagem da Ayni, à espera das risadas com a rejeição inevitável.
Ao chegar à mesa de Yapaki, o garoto disse, em voz suave, um pouco rouca:

- Boa noite, honrada Senhora
.
Surpresa pela frase cortês, mas ainda cautelosa, Yapaki respondeu:

- O mesmo lhe desejo, jovem senhor.

- Posso lhe oferecer uma caneca de chicha?

- Já tenho o suficiente para beber, mas agradeço a gentil oferta.

Alguma coisa fora de sintonia na atitude do rapaz, quase efeminada, alertou-a; tudo indicava que a proposição dele não seria habitual. Todo mundo sabia que as Ayni Livres tomavam amantes se e quando escolhiam, e muitos homens achavam que isso significava que sempre havia uma possibilidade, em qualquer ocasião. Yapaki era hábil em rejeitar esses avanços velados, sem jamais chegar a uma recusa categórica; com abordagens mais grosseiras, ela não perdia tempo com cortesias. Mas não era isso que o rapaz queria; Yapaki sabia quando um homem a fitava com desejo, quer traduzisse isso em palavras ou não. Havia algum interesse no rosto daquele rapaz, sem dúvida, mas não era um interesse sexual. Mas então o que ele queria?

- Posso... posso sentar aqui, e conversar por um momento, honrada Senhora?

Yapaki poderia lidar com a grosseria. Mas aquela cortesia excessiva era desconcertante. Estariam apenas se divertindo com alguém que odiava mulheres, apostando que ele não teria coragem de falar com a mulher? Ela disse, em voz neutra:

- Esta é uma sala pública; as cadeiras não me pertencem. Sente onde quiser.

Contrafeito, o rapaz sentou. Parecia mesmo bastante jovem, ainda imberbe, mas tinha as mãos bem calosas, e uma cicatriz antiga numa das faces; não era tão jovem quanto ela pensou.

- É uma Amazona Livre, mestra

Ele usou o termo comum, um tanto ofensivo, mas Yapaki não ficou ressentida. Muitos homens não conheciam outro nome.

- Sou, sim, mas preferimos dizer que sou Ayni, uma Renunciante da Irmandade das Mulheres Libertas.

- Posso perguntar... sem intenção de ofender... por que o nome Renunciante, mestra

Na verdade, Yapaki ficou satisfeita pela oportunidade de explicar.

- Porque, senhor, em troca de nossa liberdade como mulheres da Ayni, prestamos um juramento de renuncia: aos privilégios que pode-ríamos ter se optássemos por pertencer a algum homem. Se renunciamos às desvantagens de ser uma propriedade e serva, devemos também renunciar aos benefícios que possam advir dessa situação, para que nenhum homem possa nos acusar de tentar ter o melhor das duas opções.

- Parece-me uma opção honrada. Jamais conheci antes uma... uma Renunciante. Diga-me, mestra... - A voz se tornou subitamente estridente. - Suponho que conhece as calúnias que dizem por aí... Como qualquer mulher tem a coragem de ingressar na Ayni, sabendo o que será dito a seu respeito?

- Creio que para algumas mulheres chega o momento em que pensam que há coisas piores do que ser o alvo de difamações públicas. Foi o que aconteceu comigo.

O rapaz baixou os olhos para suas botas.

- Tenho motivos para temer... as mulheres... - murmurou ele, quase inaudível. - Mas me pareceu gentil. E suponho, mestra, que em todos os lugares a que vai nestas montanhas, onde a vida é tão difícil para as mulheres, sempre procura esposas e filhas que estejam descontentes em casa, a fim de recrutá-las para sua Ayni ?

Bem que gostaríamos!, pensou Yapaki, com toda a amargura antiga; mas ela sacudiu a cabeça, e disse:

- Nossos regulamentos proíbem. A lei determina que uma mulher deve nos procurar por sua própria iniciativa, e solicitar formalmente permissão para se juntar a nós. Não tenho sequer permissão para dizer às mulheres das vantagens da Ayni, quando perguntam. Só posso falar das coisas a que devem renunciar, por juramento.

- Se fizéssemos o que você sugere, procurássemos esposas e filhas descontentes, a fim de atraí-las para a Ayni, os homens não permitiriam que restasse uma só Casa das Mulheres no Altiplano. Tratariam de queimá-las... com todas nós lá dentro.

Yapaki saiu da sala comum pouco depois, mas por muito tempo não conseguiu dormir. Alguma coisa na voz do jovem, em suas palavras, havia encontrado uma ressonância em sua própria mente e memória. Por que ele a interrogara com tanta insistência? Será que ele tinha uma irmã ou parenta que falara em se tornar uma Renunciante? Ou será que o rapaz, um efeminado óbvio, sentia inveja, porque ela conseguira escapar ao papel determinado pela sociedade para seu sexo, o que ele não podia fazer? Será que ele fantasiava alguma fuga assim às exigências feitas aos homens? Com toda certeza, não; havia vidas mais simples para homens que a de um espadachim de aluguel! E os homens tinham uma opção sobre as vidas que poderiam levar... ou pelo menos mais opções do que a maioria das mulheres.

Yapaki optara por se tornar uma Renunciante, uma pária entre a maioria das pessoas no Altiplano. Até mesmo a estalajadeira só a tolerava porque ela era uma freguesa regular e pagava bem, mas igualmente toleraria uma prostituta ou um trapaceiro itinerante, contra os quais teria menos preconceitos.
Será que o rapaz, especulou ela, seria um dos espiões apregoados em rumores que a cortes, o corpo governante em Tawantin, enviava para denunciar Renunciantes que violavam os termos de sua carta, tentando recrutar mulheres para a Ayni ? Se era esse o caso, pelo menos ela resistira à tentação. Nem sequer dissera, embora tentada, que se Ayama fosse uma Renunciante se sentiria competente para dirigir a estalagem sozinha, sem a ajuda das filhas.

Ainda pensando, ela adormeceu.
Despertou horas mais tarde ao som de cascos de animais, o choque de aço, gritos, um tremendo alarido lá fora. Mulheres berravam em algum lugar. Yapaki se vestiu, e desceu correndo. Encontrou Kapak parado no pátio, dando ordens. Por cima do muro, ela viu o céu avermelhado por chamas. Cicatriz e seus bandidos, ao que parecia, estavam à solta na cidade.

- Vá até a retaguarda deles, Onanchac, - ordenou Kapak, - solte os animais e afugente-os, para que eles sejam obrigados a lugar, em vez de atacar e fugir em seguida, como fizeram antes. E como todos os bons animais estão guardados aqui, um de vocês deve ficar para impedir que eles peguem os nossos... os outros venham comigo, as espadas prontas para o combate.
..
Ayama se encolhia sob o beirai de um prédio próximo, as filhas e as servas ao seu redor.

- Vão nos deixar aqui, desprotegidas,...

Kapak gesticulou para o jovem Marco.

- Você! Fique aqui, e guarde os animais e as mulheres... O rapaz protestou:

- Não! Entrei em seu bando com a promessa de enfrentar Cicatriz, com o aço na mão! É uma questão de honra... acha que preciso de seus dinheiros sujos?

Além dos muros, reinava a confusão.

- Não tenho tempo para discutir - respondeu Kapak. - Yapaki, esta luta não é sua, mas sabe que sou um homem de palavra; fique aqui, proteja os animais e estas mulheres, e farei com que seu tempo valha a pena!

- À mercê de uma mulher? Vai deixar uma mulher para nos proteger? É a mesma coisa de usar um camundongo para vigiar um leão!

Marco, que virou-se para Yapaki, com os olhos inflamados.

- Tudo o que me foi prometido por esta missão é seu, mestra, se me liberar para enfrentar meu inimigo jurado!

- Pode ir - disse Yapaki. - Eu cuidarei delas.

Yapaki observou-os se afastarem, pensando em suas primeiras batalhas. Talvez um gesto, uma frase, alguma coisa a alertara. O garoto Marco é nobre, pensou ela. Talvez até Waka, bastardo de um grande lorde, quem sabe. Não sei o que ele está fazendo entre os homens de Kapak, mas com certeza não é um espadachim de aluguel comum. O lamento de Ayama fê-la voltar a seu dever:

- Venham comigo! - disse Yapaki, em tom brusco. - Ajudem-me a fechar o portão!

- Não aceito ordens de uma mulher desavergonhada que veste um culote...

- Pois então deixe o portão aberto! - berrou Yapaki, perdendo a paciência. - Deixe Cicatriz entrar aqui sem qualquer dificuldade! Quer que eu vá convidá-lo, ou prefere mandar uma de suas filhas?

- Mãe! - protestou uma garota de quinze anos, desvencilhando-se da mão de Ayama. - Isso não é maneira de falar... Lilla, Ariwa, vamos ajudar a boa mestra a fechar o portão!

Elas se juntaram a Yapaki, empurraram o pesado portão de madeira, baixaram a tranca. As mulheres choramingavam em consternação. Yapaki escolheu uma delas, uma jovem com seis ou sete luas de gravidez, encolhida sob uma manta por cima da cabeça.

- Você! - disse ela, apontando. - Leve todas as crianças para o quarto mais forte lá em cima, tranque as janelas e a porta, não abra até ouvir minha voz, ou a de Ayama!

A jovem não se mexeu, ainda soluçando, e Yapaki acrescentou, ríspida:

- Depressa! Não fique parada aí como uma Chinchila congelada na neve!

Yapaki avaliou as outras mulheres apavoradas. Ayama era um caso irremediável. Era gorda e esbaforida, olhava ressentida para Yapaki, furiosa porque ela fora incumbida de defendê-las. Ainda por cima, tremia à beira de um pânico que poderia contagiar todas; mas talvez ela se acalmasse se tivesse alguma coisa para fazer.

- Ayama, vá para a cozinha, e prepare um ponche de chicha quente - ordenou Yapaki. - Os homens vão querer quando voltarem, e com certeza será merecido. Depois, providencie algum pano para ataduras, caso alguém saia ferido. Não se preocupe, pois ninguém fará nada com você enquanto estivermos aqui.

Yapaki olhou para as mulheres robustas que ficaram ali.

- Entrem no estábulo, e empilhem fardos de feno em torno dos animais, para que eles não possam tirar os animais com facilidade. Não, deixe a lanterna aí; se Cicatriz e seus homens conseguirem chegar aqui, atearemos fogo a alguns fardos. Isso assustará os animais, que poderão matar um ou dois bandidos a coices. De qualquer maneira, vocês poderão escapar enquanto eles pegam os animais. Ao contrário do que talvez tenham ouvido, a maioria dos bandidos pensa primeiro nos animais e no saque. As mulheres jamais ocupam o primeiro lugar de sua lista. Além do mais, nenhuma de vocês tem jóias ou trajes ricos que eles possam querer levar.

Depois que os animais estavam protegidos, as mulheres tornaram a se reunir no pátio, muito nervosas. Yapaki foi até o portão trancado, a faca solta na bainha. As outras mulheres permaneceram sob o telhado da cozinha, mas uma delas, a mesma que tivera a iniciativa de ajudar Yapaki a fechar o portão, tomou uma súbita decisão; levantou a saia até os joelhos, determinada, entrou na cozinha, pegou uma machadinha de cortar lenha, e foi se postar ao lado de Yapaki.

- Koya! - gritou Ayama. - Volte para cá! Fique junto de mim! A jovem lançou um olhar desdenhoso para a mãe, e declarou:

- Se algum bandido escalar o muro, não vai pôr as mãos em mim, nem em «linha irmã, sem enfrentar o aço frio. Não é uma espada, mas acho que até nas mãos de uma garota esta lâmina faria mudá-lo de idéia no mesmo instante! - Ela olhou para Yapaki, com um ar de desafio. -Tenho vergonha de todas vocês, deixando que uma mulher sozinha nos defenda! Até mesmo uma coelha de chifres protege sua cria!

Yapaki ofereceu-lhe um sorriso jovial.

- Se tem tanta habilidade com essa coisa quanto tem coragem, irmã, eu preferia tê-la a defender minhas costas em vez de qualquer homem. Segure a machadinha com as duas mãos, se chegar o momento de usá-la, e não tente qualquer coisa fantasiosa, apenas desfira um bom golpe nas pernas, como se estivesse cortando uma árvore. Ele não estará esperando por isso, entende?

A noite foi se arrastando.
Já começava a pensar que as precauções haviam sido inúteis, que os homens de Cicatriz nunca chegariam ali, quando uma mulher soltou um grito estridente. Yapaki virou-se para ver a borla de um gorro de tricô aparecer por cima do muro; depois, dois homens surgiram em cima do muro, as facas presas nos dentes, deixando as mãos livres para a escalada.

- Ah, então foi aqui que esconderam tudo, as mulheres, os animais... - grunhiu um deles. - Vá pegar os animais, enquanto eu cuido... ei, cuidado!

A advertência foi dada quando ele viu Yapaki se aproximar correndo, com a faca levantada. O homem era mais alto do que Yapaki; enquanto lutavam, ela só podia se defender, recuando passo a passo, na direção do estábulo. Onde estavam os homens? Por que os bandidos haviam conseguido chegar tão longe? Elas seriam a última defesa da aldeia? Pelo canto dos olhos, ela divisou o outro bandido avançando, com sua espada erguida; tratou de dar volta, recuando cautelosa, a fim de encarar os dois.

Mas nesse instante Koya soltou um grito estridente, a machadinha faiscou uma vez, e o segundo bandido caiu, uivando, o sangue esguichando da perna. O oponente de Yapaki titubeou ao grito; ela aproveitou para golpeá-lo no ombro, e pegou sua faca, quando ele a deixou cair da mão inerte. O homem caiu para trás, e Yapaki pulou em cima dele.

- Koya! - gritou ela. - Vocês, mulheres! Tragam cordas, qualquer coisa para amarrá-los... outros podem aparecer...

Ayama se adiantou com uma corda de varal. Recuou enquanto Yapaki amarrava o homem, e olhou para o outro bandido, caído numa poça de seu próprio sangue. Sua perna fora quase cortada, na altura do joelho. Ele ainda respirava, mas já não tinha mais condições de gemer, e morreu enquanto as mulheres o observavam. Ayama fitou Koya, horrorizada, como se sua jovem filha tivesse de repente adquirido uma segunda cabeça.

- Você o matou - balbuciou ela. - Cortou sua perna!

- Preferia que ele tivesse cortado a minha, mãe? - perguntou Koya, inclinando-se em seguida para examinar o outro bandido. -Ele só foi ferido no ombro. Viverá para ser enforcado.

Respirando com dificuldade, Yapaki empertigou-se, deu um puxão final na corda. Olhou para Koya, e disse:

- Salvou minha vida, irmã.

A moça sorriu, excitada, os cabelos caindo sobre os olhos. O granizo começou a cair no pátio. Subitamente, Koya passou os braços em torno de Yapaki, que retribuiu ao abraço, ignorando a expressão perturbada da mãe.

- Uma das nossas não poderia ter feito melhor. Meus agradecimentos, irmã.

- Escutem... acho que os homens estão voltando.

Um minuto depois ouviram o chamado de Kapak, e foram abrir o portão. Os homens traziam mais de uma dúzia de bons animais. Kapak riu, e comentou:

- Os homens de Cicatriz não terão mais uso para eles, e com isso estamos bem pagos. Ah, vocês, mulheres, pegaram os últimos deles?

Ele olhou para o bandido morto na poça de sangue, e depois para o outro, amarrado com a corda de varal de Ayama.

- Alguns dos meus homens estão feridos, Mestra. Tem alguém aqui com experiência em tratar de ferimentos? Eu lhe suplico... pode me acompanhar? É o garoto... o jovem Marco. Ele foi ferido, gravemente, mas não quer nos deixar tratá-lo enquanto não falar com você. Diz que tem uma mensagem urgente, muito urgente, que deve transmitir antes de morrer...

- Pela misericórdia de Paccha Mama! - exclamou Yapaki, chocada. -Quer dizer que ele está morrendo?

Na escada, ela ouviu a voz de um dos homens de Kapak, argumentando:

- Não vamos machucá-lo, rapaz, mas se não cuidarmos desse ferimento, você pode morrer, entende?

- Fique longe de mim! Juro pelos infernos de Collca e pelas tripas derramadas de Cicatriz morto que enfiarei esta faca na garganta do primeiro homem que me tocar!

Lá dentro, à luz de uma tocha, Yapaki viu Marco meio sentado, meio deitado numa cama de palha. Tinha uma adaga na mão, e mantinha os outros à distância, mas estava pálido como a morte, a testa coberta por um suor gelado. A cama se avermelhava com uma poça de sangue. Yapaki conhecia o suficiente de ferimentos para saber que o corpo humano podia perder mais sangue do que a maioria julgava possível sem um grave perigo; mas para qualquer pessoa comum a situação parecia alarmante. Marco olhou para Yapaki, e balbuciou:

- Mestra, eu suplico... preciso lhe falar a sós...

- Seu tolo - murmurou Yapaki. - Não posso fazer por você nem a metade do que seu amigo é capaz.

- Saiam todos - disse Yapaki. - Conversarei com ele, e se não quiser escutar, já tem idade suficiente para arcar com as conseqüências de sua loucura.

Os homens se retiraram, e ela acrescentou:

- Espero que seja mesmo muito importante para que arrisque sua vida, garoto tolo!

Mas uma grande e terrível suspeita já aflorara na mente de Yapaki
.
- Sabe o quanto é provável que esse ferimento seja mortal? Não tenho a menor habilidade com essas coisas, e seus camaradas poderiam cuidá-lo melhor.

- Sei que será a morte para mim, a menos que você me ajude -balbuciou a voz rouca, cada vez mais fraca. - Nenhum desses homens é bastante camarada para que eu possa confiar nele... mestra, ajude-me, eu lhe suplico, em nome da misericordiosa Paccha Mama... sou uma mulher!

Yapaki respirou fundo. Já começara a desconfiar... e agora tinha a confirmação.

- E nenhum dos homens de Kapak sabe...

- Nenhum. Convivo com eles há meio anos, e não creio que qualquer um desconfie... e temo as mulheres ainda mais. Mas achei que poderia confiar em você...

- Pode contar comigo - murmurou Yapaki. - Sou obrigada por juramento a jamais recusar ajuda a qualquer mulher que me peça ajuda, em nome da Deusa. Mas deixe-me ajudá-la agora, minha pobre moça, e ore a Paccha Mama para que não tenha demorado demais.

- Mesmo que seja... prefiro morrer como uma mulher do que... desgraçada e desmascarada. Já conheci tanta desgraça...

- Fique quieta, criança!

Mas ela caiu de costas na enxerga; desmaiara de fato desta vez, finalmente. Yapaki cortou o culote de couro, examinou o ferimento que se estendia da coxa ao monte púbico. Sangrara bastante, mas Yapaki concluiu que não era fatal. Ela pegou uma das toalhas limpas que os homens haviam trazido, comprimiu-a contra o ferimento; quando a hemorragia quase parará, Yapaki franziu o rosto, refletindo que haveria necessidade de pontos. A moça não se mexeu quando ela saiu para o corredor. Kapak apareceu no meio da escada:

- Qual é a situação?

- Mande Koya vir até aqui - pediu Yapaki. - Diga a ela para trazer fio de linho e uma agulha, ataduras, água quente e sabão.

Koya tinha coragem e força; e ainda mais importante, saberia guardar um segredo, se Yapaki lhe pedisse, em vez de comentar a descoberta. Kapak indagou, em voz baixa, que não se projetava além do ouvido de Yapaki:

- É uma mulher... não é mesmo? Franzindo o rosto, Yapaki perguntou:

- Esteve escutando a conversa?

- Claro que não. Mas tenho o cérebro com que nasci, e me lembrei de algumas coisas. Pode pensar em qualquer outro motivo para que um membro do meu bando não nos deixe vê-lo sem o culote? Quem quer que ela seja, tem coragem suficiente por dois homens!
Yapaki balançou a cabeça, consternada. No final das contas, todo o sofrimento da moça fora inútil, pois o escândalo e desgraça seriam inevitáveis.

- Kapak, você prometeu que minha participação seria recompensada. Deve-me isso, ou não?

- Claro que devo.

- Pois então jure por sua espada que nunca abrirá a boca sobre isso, e estou paga. Acha justo?

Kapak sorriu.

- Não vou privá-la de sua recompensa por isso. Acha que quero que se espalhe por toda a região que Kapak das Montanhas Fen não sabe distinguir homens de mulheres? O jovem Marco cavalgou com meu bando por meio ano, e provou ser um homem de verdade. Se sua irmã de adoção, parenta, prima, ou como quer que você queira se intitular, resolve tratá-lo pessoalmente, e levá-lo para casa em seguida, o que meus homens podem dizer? Não posso admitir que ninguém fique pensando que uma mulher matou Cicatriz debaixo do meu nariz!

Ele pôs a mão no punho da espada, e arrematou:

- Que Collca deixe esta mão trêmula se eu disser qualquer palavra a respeito. Mandarei Koya vir até aqui.

Kapak se retirou, e Yapaki voltou para junto da moça. Ela ainda estava inconsciente. Quando Koya entrou, Yapaki disse, bruscamente:

- Segure o lampião ali; quero dar os pontos antes que ela recupere a consciência. E tente não vomitar, nem desmaiar; o serviço tem de ser feito depressa, ou precisaremos imobilizá-la à força.
Koya soltou uma exclamação de espanto à visão da moça e do ferimento, que recomeçara a sangrar.

- Uma mulher! Abençoada Evanda! Ela é de sua Irmandade, Yapaki? Sabia disso?

- Não às duas perguntas. Ilumine aqui...

- Deixe comigo. Já fiz isso muitas vezes, e tenho as mãos firmes. Uma ocasião, quando meu irmão se feriu na coxa, ao cortar lenha, eu mesma costurei. Além disso, sempre ajudo a parteira. Segure o lampião você.

Aliviada, Yapaki entregou a agulha. Koya começou a dar os pontos, com extrema habilidade, como se bordasse uma almofada.
Depois que terminou, Koya foi buscar um copo de chicha para a mulher, segurou sua cabeça, enquanto ela bebia. Um pouco de cor voltou às faces pálidas, a respiração se tornou mais fácil. Koya estendeu uma de suas camisolas.

- Acho que ficará mais confortável nisto. Gostaria de poder levá-la para a minha cama, mas é melhor não movê-la por enquanto. Yapaki, ajude-me a levantá-la.

Com um travesseiro e lençóis limpos, ela se empenhou em tornar a cama de palha mais confortável.

- Pela Deusa! Criança, quem é você?

O rosto pálido se contraiu numa careta que Yapaki reconheceu, horrorizada, ser um arremedo de sorriso.

- Eu... não sou ninguém. Pensava em mim mesma como a filha do kuraka Alaric. Já ouviu a história? A família Alaric era orgulhosa e rica, aparentada com a família Aillard. Gente muito importante para Yapaki ter algum conhecimento pessoal; possuíam o sangue antigo Inca.

- É verdade, uma família orgulhosa - murmurou a mulher. - O nome de minha mãe era Kyria, irmã mais nova do kuraka Ardais. Ainda assim, era de linhagem tão nobre que ao se descobrir que esperava criança de um dos lordes do Waka, em Tawantin, levaram-na para casar às pressas com Alaric. E meu pai... o homem que sempre acreditei ser meu pai... orgulhava-se de sua filha. Durante toda a minha infância ouvi como ele tinha orgulho de mim, porque eu casaria no Waka, ou iria para um dos Templos, e me tornaria uma poderosa Guardiã. E de repente... apareceram Cicatriz e seu bando, saquearam o castelo, levaram algumas mulheres. Quando Cicatriz descobriu quem era uma de suas cativas... o mal já estava feito, mas ainda assim ele pediu resgate a meu pai. E meu pai, aquele mesmo o kuraka Alaric que não tinha palavras de orgulho suficientes para sua filha, que confirmaria suas ambições por um casamento no Waka, meu pai...

Ela engasgou por um instante, mas logo continuou:

- Ele mandou dizer que se Cicatriz pudesse me garantir... intacta... então pagaria um resgate alto; mas se não, ele se recusava a pagar qualquer coisa. Pois se eu estivesse... arruinada... não teria qualquer uso para ele, e Cicatriz podia me enforcar, ou me entregar a um de seus homens, como achasse melhor.
Yapaki fechou os olhos, em horror, vendo o homem que acolhera feliz a bastarda de sua esposa... mas apenas enquanto ela pudesse ajudar em suas ambições! Os olhos de Koya estavam marejados de lágrimas.

- Que coisa terrível! Como algum homem...

- Passei a acreditar que qualquer homem seria capaz disso, -declarou a moça, - pois Cicatriz se mostrou tão furioso com a recusa de meu pai que me entregou a um dos seus homens como diversão, e puderem ver como ele me usou. Esse eu matei uma noite, enquanto ele dormia, depois que finalmente se convenceu de que me espancara até a submissão... e assim consegui fugir, voltei para minha mãe, que me recebeu com lágrimas e compaixão, mas vi em sua mente que seu maior medo agora era o de que pudesse envergonhá-la, se estivesse esperando um bastardo de Cicatriz. Ela temia que meu pai dissesse tal mãe, tal filha, e minha desgraça ressuscitaria a história da sua. E não pude perdoar minha mãe... por ela continuar a amar e a viver com aquele homem que me rejeitara, me condenara a tal destino. Juntei-me aos homens de Kapak, e assim alcancei minha vingança...

Koya estava chorando, mas o rosto da moça era como pedra. Aquela calma era mais terrível do que a histeria; já se encontrava além das lágrimas, num lugar em que pesar e satisfação eram a mesma coisa, em que se usava a máscara da morte. Yapaki murmurou:

- Você se encontra segura agora, ninguém lhe fará mal. Mas não deve mais falar, pois está fraca da perda de sangue. Tome o resto da chicha, criança, e trate de dormir.

Ela sustentou a cabeça da moça enquanto esta bebia a chicha, dominada pelo horror. Mas também sentia admiração. Cativa, espancada, violada, depois rejeitada, aquela moça recuperara a liberdade matando um dos bandidos; sobrevivera à posterior rejeição da família para tramar sua vingança, e a executara, como só um nobre seria capaz de fazer.
Os olhos da mulher fecharam, suas mãos apertaram as de Yapaki, e ela sussurrou:

- Tive minha vingança, agora posso morrer. E com meu último sopro eu a abençoarei, porque me permitiu morrer como uma mulher, não num disfarce odiado, entre homens...

- Mas não vai morrer - murmurou Yapaki. - Tenho certeza que viverá, criança.

- Não! - O rosto da mulher se contraía em linhas obstinadas de recusa. - O que a vida reserva a uma mulher sem amigos e sem parentes? Pude suportar viver sozinha, em segredo, entre homens, disfarçada, enquanto acalentava o pensamento da minha vingança, que me fortalecia naquela... farsa diária. Mas odeio os homens, abomino a maneira como falam das mulheres entre eles. Prefiro morrer a voltar ao bando de Kapak, ou continuar a viver entre homens.

Yapaki puxou a moça para seus braços, comprimiu-a contra seu peito.

- Fique quieta, criança. Está exausta, e não deve falar assim. Vai se sentir diferente depois de dormir.

Mas Yapaki podia sentir o desespero da mulher em seus braços, e sua raiva transbordou
Ela deixou que a raiva fluísse e transbordasse. Sacudiu a desconhecida, até despertá-la, sabendo que ela já estava morrendo, por sua vontade.

- Escute! Tem de me escutar! Não deve morrer! Não depois que sofreu tanto! É o caminho de uma covarde, e você provou muitas vezes que não é covarde!

- Minha irmã, deixem-me lhes falar sobre a Irmandade das Mulheres Livres, o que os homens chamam de Amazonas Livres. Deixem-me falar sobre os costumes das Renunciantes, obrigadas pelo Juramento, a Ayni...

terça-feira, 12 de maio de 2009

A menina que não quer partir ( by Lucia Czer)





Ela está presa na caixa, tenta livrar-se, mexe-se, agita-se e, às vezes, até consegue. Aí, então, explode num gesto inusitado a sua euforia.

Ri alto, gostosamente. Joga a cabeça para trás, num gesto só seu, e ri numa gargalhada contagiante. Imediatamente, dando-se conta, retrai-se, mostra-se tímida e envergonhada diante das expressões inquisidoras.

Encabula e junta a cabeleira loira à nuca, prendendo-a num coque sisudo. Os olhos, esses sim, não consegue contê-los. O verde brincalhão do olhar a trai, mostra-se, exibe-se despudorado. Ela baixa os cílios na tentativa de escondê-los, em vão. Eles são audaciosos, teimosos e anseiam por liberdade. E é através deles, dos olhos dela, que os netos descobrem a menina presa na “caixa”, a garota contida no corpo da mulher madura, que não quer partir.

A “caixa” já não permite descer os degraus da escada de dois em dois, aos trancos e saltos, nem brincar de pega-pega por mais de quinze minutos. Todavia, a risada e o tom galhofeiro da voz suave acompanhados pelo olhar brejeiro, ao contar histórias em piadas, transformando os finais num “the end” diferente, não têm preço a pagar. E revelam-se, soltam-se libertos, libertinos e libertadores. Escandalizam aos filhos que a querem uma “vovó tradicional”:

- Psiu, mamãe! Contenha-se...

É no cinema, no passeio pelo calçadão da cidade, às compras de bobagens no camelódromo ou no jogo de futebol na areia da praia, que ela descontrai, desinibe-se e desnuda-se.

Na cumplicidade entre as mãos dadas, avó e netos divertem-se. Entre olhares mudos e apertos breves entre os dedos, maliciosamente se comunicam e, mesmo sem que os lábios indiquem, percebem uns nos outros o alvo da crítica debochada e sem maldade.

Na volta do passeio, ninguém revela sobre a pipoca salgada que a avó não pode comer, ou sobre o sorvete, caramelos e refrigerantes que os meninos devem evitar. Um beijo e o olhar selam o pacto. No olhar da menina está implícito o recado costumeiro: “Escovar dentes”.

Somente eles, os meninos, seus netos, sem conhecimento da convenção da sociedade que determina que depois dos cinqüenta anos as pessoas sejam velhas, sérias e desprovidas de prazer, a querem assim, solta e sem amarras convencionais.

Eles não vêem a “caixa”, vêem o que seu coração sugere: A menina alegre, farrista, de bem com a vida que está aprisionada num invólucro gasto.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Voz que cala- Florbela Espanca



Amo as pedras, os astros e o luar
Que beija as ervas do atalho escuro,
Amo as águas de anil e o doce olhar
Dos animais, divinamente puro.

Amo a hera que entende a voz do muro
E dos sapos, o brando tilintar
De cristais que se afagam devagar,
E da minha charneca o rosto duro.

Amo todos os sonhos que se calam
De corações que sentem e não falam,
Tudo o que é Infinito e pequenino!

Asa que nos protege a todos nós!
Soluço imenso, eterno, que é a voz
Do nosso grande e mísero Destino!...



PERDIDAMENTE

"Eu quero amar,
Amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... Além...
Mais este e aquele, o outro e a toda gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender?
É mal? É bem?
Quem disse que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi para cantar.
E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que eu saiba me perder...
Para me encontrar..."

domingo, 10 de maio de 2009

Quase pornográfico




por Vertigo


Mexendo no sótão aqui de casa descobri um antigo diário de tempos adolescentes. Relendo o final, descobri porque eu o havia guardado em local tão secreto.


19 de novembro, segunda-feira

Hoje eu fiquei revoltada com meu pai. Não é de hoje que ele vem pegando no meu pé com o meu caso com o Rodrigo. Mas hoje ele detonou a bomba sem nenhuma cerimônia. Estava na boa com meu namorado na sala, rolando beijos e algumas outras coisas leves e ele veio dizendo que estávamos num namoro “quase pornográfico”. Ele pegou pesado. Conversei com a Lana por telefone depois disso e ela, ouvindo o que contei, disse que ele não está errado na bronca. Que o papel de pai é esse mesmo. Mesmo explicando pra ela que eu não era dessas “fáceis”, ela disse que aos olhos dele “eu parecia ser, e para pai, basta parecer ser”. Que coisa! Mas ela tinha razão. Eu fico nesse amasso normal e ele acaba achando que estou dando pro Rodrigo.

Eu acho incrível como a Lana, tendo a mesma idade que eu, vai fazer 17 mês que vem, tem tanta malícia nesses assuntos. Ela é antenada nisso e não vacila. Pelo menos não soube de nenhuma chamada que ela tenha levado dos pais. E olha que ela não parece ser nenhuma santa. A Lana é uma das mais bonitas da sala. Já cansei de vê-la nua no banheiro e posso dizer que ela tem uma bundinha que inspira os marmanjos da escola. Mas nem mesmo sendo detentora de um corpo sedutor ela se mostra com vulgaridade. Lana não se expõe muito, pelo menos não que eu saiba. Digo isso porque sei que existe alguma coisa nela que vai além de toda essa silhueta atraente e do jeito artificialmente comportado. Algo que vai além dessa superfície meiga que ela tanto faz questão de ostentar.

20 de novembro, terça-feira

Comentei de novo com a Lana sobre o que meu pai disse a respeito do meu relacionamento e ela me aliviou dizendo que não tem nada de pornográfico nele. Que meu namoro com Rodrigo é no máximo erótico. Eu achava que as duas coisas eram iguais – pornográfico e erótico – mas ela me explicou que não. E foi aí que fiquei revoltada. Ela disse que erótico é isso aí mesmo, coisa de garotinha que ainda está nessa fase de amassos na sala e de escrever o que aconteceu num diário. E ainda disse que esse meu diário serve bem pra isso: para extravasar em letras floridas minha vontade sexual reprimida, meu “desejo de dar”. Ou seja, fui qualificada indiretamente como uma “virgem idiota”. Eu rebati dizendo que ela era virgem também e que, sendo assim, era uma garota tão banal e erótica quanto eu. Surpreendentemente, ela me contou que é virgem, mas que faz coisas mais interessantes do que ficar só beijando e masturbando seus ficantes na sala de casa. Faz coisas que eu não faria.

Fiquei com um sentimento estranho. Eu não gostei de ser taxada de pornográfica, mas também não quero ser nenhuma ingênua. E como ela poderia ser virgem e ao mesmo tempo pornográfica? As coisas não se misturam. Ela contou que seu pai a chama de “a bonequinha de porceLANA”. Trocadilho com seu nome que, segundo ela, é a sua máscara “bobinha” diante de todos. Nem sei qual é a dela, mas acho que ele não gostaria de saber o que a filha apronta. Nem precisa, porque, como ela própria diz, seu lado “pornográfico” é secreto, gostoso e proibido. Isto é, o inverso. Não entendi o que ela quis dizer com isso e acho até que ela me considera fofoqueira e criança demais para saber esses segredos mais íntimos. Ela se desculpou pela maneira como me classificou, mas não deixou de continuar com as alfinetadas.

Com o Rodrigo eu não comentei nada sobre esse estreitamento de amizade. Ela já tinha tido um caso com o irmão dele e era fácil notar que Rodrigo também a admirava, ou sentia tesão, vai saber. Quando ela passava eles se sintonizavam. Não sei se por isso, ou não, mas o engraçado é que sinto que venho perdendo aquela vontade de continuar com ele. Comigo ele não avança o sinal. Mesmo sabendo dos riscos de ser flagrada, eu até queria que ele fizesse alguma coisa a mais! Que me desse um chupão no pescoço, chupasse meus peitos ou sei lá... assim, talvez, eu viesse a confirmar meu rótulo de “quase pornográfica” e deixaria de ser a boba que leva a fama sem deitar na cama. Se seria bom ou não, não sei. Mas ele parece que está afim dela. Estranho.


21 de novembro, quarta-feira

A Lana causou frisson na sala com a foto do seu irmão gêmeo na sala. É um garoto realmente bonito. Não o conheço (até que gostaria) e nem vou conhecê-lo no fim de semana, porque ele – por motivos óbvios – não vai estar na festa da camisola. Ela conta que ele é meio galinha e coisa e tal e que por isso nem o apresenta para as amigas. Talvez ele machucasse um coração carente. Mas eu não sou carente. E, como dizem, tenho um pé na pornografia pelo meu histórico de amassos (risos)...

Ela perguntou se ontem de noite encontrei o Rodrigo. Disse que não. Ela comentou que passei a evitá-lo por um motivo que sabe qual é. Ela parece saber coisas demais. Ou eles dois. Será que o irmão do Rodrigo contou coisas que fez com a Lana para e por isso esse interesse súbito? Acho que os homens preferem as “pornográficas” do que as “eróticas”. Não que eu queira sair dando o que não dei, mas queria descobrir algo com alguém que também quer. E esse alguém me parece que não é o Rodrigo. Amor não tem nada a ver com sexo, como apregoa a Lana. Por sinal ela voltou a sacanear meu diário. Na verdade tá louca pra ler. Quer saber o que eu escrevo aqui, quais são minhas fantasias secretas, se sou daquelas que chupo banana para simular boquete e coisas assim. Não sei não, mas ela deve estar achando que nossos estilos são parecidos. Botou até a Jamile no meio. Disse que apostaria comigo que a Jamile tem ficado com o Heitor, professor de matemática. E mais que isso. Que as notas altas dela seriam decorrentes de uns boquetes que ela vem pagando pra ele na sala dos professores.

Eu conheço bem a Jamile e boto minha mão no fogo que ela não faz isso. Primeiro que ela tem namorado firme e segundo que ela estuda e tira notas altas por mérito próprio. Além de tudo ela é muito tímida e não vislumbro Jamile com essa atitude de puta. Se Lana se referia a isso como algo mais que “quase pornográfico”, eu admito: realmente é. Ainda mais que o cara é casado. Mas isso é boato. Lana quer apostar. Se eu confirmar que ela paga boquete pro cara eu deixo ela ficar com meu diário até depois da festa da camisola. Caso contrário ela vai ter que aceitar uma prenda minha. Ainda não pensei em uma. Talvez que ela faça com que o irmão dela se interesse por mim, fazendo o papel daquelas orixás de “trago a pessoa amada em três dias”, hehehe... o clima dessa festa da camisola tá me subindo a cabeça. Sei que ganho esta aposta fácil.

Ter esse tipo de papo com a Jamile não é assim tão tranqüilo. Ela canta no coral da igreja e é recatada. Vou jogar verde. Se ela não falar nada, venci a aposta. Confio na Jamile. Fico pensando: seria isso que a Lana faz com seus rolos e por isso ela seria ao mesmo tempo pornográfica e virgem? Boquete. Já tive vontade, mas me parece meio nojento. O casal tem que ter muita intimidade. E ainda assim acho que não faria. A Lana me testa. Amanhã eu converso com Jamile na escola.
22 de novembro, quinta-feira

Putz! Não é que a garota chupa o cara mesmo?? Disse que sabia que o que rolava entre ela e Heitor, e simulei um boquete com a mão fechada indo pra frente e pra trás na altura da boca. Ela ficou vermelha como nunca via antes. Jurei que não contaria pra ninguém se ela me dissesse como foi a coisa toda. Ela caiu no verde e, implorando segredo, contou tudo. Eu disse que seria sigilo completo. Ela disse que começou com brincadeiras na sala dos professores, mas que saía com ele escondida quase sempre. Então, as notas altas seriam por isso?! Isso eu não perguntei. Putinha ordinária. Jamile, no meu ponto de vista, deixou de ser 50% pornográfica para ser 100%. Ela contou que mantém um caso com o Heitor mesmo sabendo que ele é casado. Pai de duas crianças, sendo que a segunda nasceu mês passado. Homem é cretino mesmo. Perguntei se ela curtia e ela disse que gosta, que não tem nojo.

E continuou contando, mesmo sem que eu perguntasse: “os homens gostam muito disso. E o Heitor é mais gostoso até do que o Vinícius. É rápido e excitante e nem é preciso ficar nua. Ele segura meus cabelos e eu chupo com carinho. Só você fazendo pra saber. E ele me chupa também, coisa que o Vinícius não fazia, e é o máximo! Ele goza dentro da boca e não tenho nojo. Ele adora. Já teve ocasião que eu chupei e depois fui direto para o coral da igreja cantar. Nesse dia a líder chegou a dizer que eu estava com outra voz, uma tonalidade mais aguda. Ri muito”. E riu de novo, a safada, se abrindo totalmente. Nunca imaginei. E ela já chupara também o do Vinícius. Não sei se continua virgem, mas que sua máscara caiu, caiu totalmente.

Achei meio humilhante a garota, presa pelos cabelos, deixando um marmanjo gozar na sua cara, dentro de sua boca, como se fosse sumariamente desprezada. Mas confesso que, estranhamente, fiquei excitada. Tenho desejos, tenho curiosidades, mas tudo agora é uma grande interrogação. Jamile mostrou o que é ser vulgar, baixo nível, piranha ou qualquer outro termo. Pornográfica. Ela completou dizendo que “gosta, faz e ninguém tem nada com isso”. Não consigo acreditar nisso. E nem no fato de eu ter ficado excitada com o que ela contou. As aparências enganam muito. Muito mesmo.

Vou ter que passar meu diário para a puta da Lana. E ela vai ler tudo isso. Nem apagar posso porque não se apaga diário. É regra número um da ética em se tratando de diários. Mas vou deixar um aviso aqui pra ela.

Lana: tudo bem que você venceu, a Jamile faz sexo oral no Heitor com alguma regularidade. Mas isso não quer dizer que sou a idiota que você pensa. Sou virgem e vocês duas também devem ser, pelo menos no sentido verdadeiro da coisa. Podem ser pornográficas, mas ainda não totalmente pornográficas. Ou eróticas, se assim preferir. E vê se não escreve nada comprometedor nesse meu caderno de anotações!

23 de novembro, sexta-feira

Meu querido diário, hoje uma coisa grave aconteceu. Perdi uma aposta e agora quem está escrevendo é outra garota, Lana Giubertti hahahaha! Muito bem, quem comanda agora esse pequeno caderno das sacanagens da minha querida amiga Bianca, sou eu, a inocente Boneca de Porcelana. Cara, como pode existir uma menina tão pura e ingênua como você, amiga? Certo que a Jamile é uma grande ‘atriz’. Mas as pistas que dava, não deixavam dúvidas. Era só nota 10. Nota 10 em matemática e em gulosinha. Bianca, minha amigona, seu pai errou: você é 0% pornográfica. Mas seu potencial é enorme! Como você não se descreve nesse diário eu vou fazê-lo para que algum dia alguém saiba quem você é e, então, transforme esse livrinho besta num verdadeiro best seller pornô!

Pessoal, Bianca é gostosa, bonita de rosto e de corpo. Ela é branca de cabelos pretos compridos e é virgem, assim como eu. Muitos se masturbam pensando nela (o Fred, então, é louco por você!). Isso é fato. Mas ela é bloqueada. Seu pai acha que seu namoro idiota com o Rodrigo é “quase pornográfico” quando na verdade é “quase erótico” ou nem isso. Expliquei pra ela o que é um e outro. Clima sensual, beijo na boca, pizza na mesa, pau na mão, Slave to Love na Antena 1, meia-luz. Isso é erótico. Mas ela não quer só isso. Conheço minha amiga. Ela leva a fama de pornográfica sem nunca nem ter provado o gosto de porra ainda. Está com a mente engessada no conto de fadas do diário dela. Quer experimentar, mas não tem coragem. Quer sair desse mundinho infantil, mas não se permite. Porra, ela já tem 16 anos! Já tá na hora! Eu vou apresentá-la ao mundo real das pessoas, das cores, dos cheiros e dos sabores.

Ah, a Jamile. Tão inocente, não é, Bi? Que voz! Linda como você. Ela sim, está nos 50% de pornografia, o que não é nenhum crime! Pelo contrário. Ela faz o que gosta, e gostam todos. Pornografia não é escancarar, mas saber ser secreto naquilo que é proibido. Ninguém desconfia dela, mas muitos desconfiam de você. Você deve se perguntar, e você, Lana? Eu assumo minha pornografia indiscreta. Sei o que quero e onde quero chegar. Você é 0% pornográfica, a Jamile é 50 e eu sou 100. Mas sou virgem hahahahahaha. Como? Talvez na festa da camisola você descubra o outro lado da sua amiga, o lado invertido da bonequinha de porceLANA...

Sei que você gostou do meu irmão. Que sentiu vontade de beijá-lo. Mas, que pena, amiga... ele tem namorada. Isso vai impedir que você o acaricie, que você o domine. E eu não vou ajudá-la, porque foi você quem perdeu a aposta. Seu diário é meu e meu irmão não é seu. De qualquer forma iremos nos divertir na nossa festa. Vai ter muita guerra de almofadas hehehehehe...

Ah, falando na festa, acabei de mudar a regra. O Rodrigo está convidado. Hummmm... pena que você só vai saber disso na hora da festa, né? Afinal, você ainda não pode ler o que estou escrevendo. Pena maior é saber que vocês terminaram o namoro. É verdade isso? Bom, sempre é tempo de reconciliações. De qualquer maneira, devolverei seu diário logo após a festa acabar. Você vai poder escrever de próprio punho a curtição que foi aquilo lá. Um beijo da sua amiga Lana.

24 de novembro, sábado (e 25, domingo)

São duas da manhã de domingo. Essa página obrigatoriamente vai ser longa, porque vai ser a última do meu diário. Eu não acredito no que aconteceu na casa da Lana. Não sei nem se devo escrever, mas vou tentar. Ainda estou trêmula. A Lana é louca, eu sou, todo mundo é. Não posso nem acusá-la de mentirosa por ter chamado o Rodrigo porque só agora estou vendo que ela realmente escreveu aqui que iria convidá-lo. Malícia é com ela própria. Bom, acho melhor contar. Algo desse tipo não pode passar em branco.

Cheguei lá às sete. Já estavam a Tatiana, a Gabriela, a Dominique e a Jamile. Como falara, não havia garotos. Todas já estavam de camisola, menos a Lana, que estava semi-nua, só de calcinha cavada e sutiã. Nunca imaginei que fosse achar a Lana interessante sob o ponto de vista sexual, mas quando a vi, ela percebeu o que eu senti. Ela me lascou um beijo na boca logo quando cheguei! Foi mais que um selinho e foi de língua. Eu não consegui repudiá-la. Sei que não sou lésbica, mas achei estranho e bom ao mesmo tempo. Mas isso não foi absolutamente nada perto do que ainda estava por vir.

Dançamos, rimos e nos divertimos. Até a chegada do Rodrigo. Eu olhei para a Lana incrédula e pedindo explicações. Ela disse que o convidara. Bastava eu ler no meu próprio diário (que estava em poder dela). Durante a semana nosso namoro desandou, mas não posso afirmar que havíamos terminado. Mas, naquele momento, senti uma vergonha grande em olhá-lo. Pela situação toda, pela farra que não comportava um cara ali. O que me espantou é que a reação que tiveram de xingá-lo, logo se transformou num ‘boas vindas’, porque riam enquanto jogavam almofadas nele. Tudo bem que algumas poucas bebiam, mas não estavam bêbadas. Ele ria. Parecia estar numa boa. Também, com tantas garotas de camisola ao redor, não tinha como estar triste...

Ele me cumprimentou de longe. Eu saí de perto e fui pra fora da casa e sentei próximo à piscina com a Gabriela que perguntou se eu estava bem e se ainda estava com o Rodrigo. Ela falou que se ainda eu o amasse, que não voltasse para a sala, porque eu iria sentir o verdadeiro gosto de chifre: ele e Lana já estavam se beijando na boca.

Senti um calafrio por dentro, como se toda aquela noite fosse um desafio pra mim. Lana queria isso, por isso me convidara. Pela porta de vidro vi os dois se beijando. Rodrigo estava de bermuda e manchas de batom já se espalhavam por sua camisa branca. Eu quis chorar, mas não podia. Ia destoar demais do tom alegre de todos. A dance music que tocava ajudava no clima de alta voltagem. Gabriela começou a me consolar, dizendo que não me queria triste. Abraçou-me como um garoto faz com a namorada em um filme de terror. Seu rosto estava muito próximo do meu e tudo o que ela falava eu sentia quase dentro da alma. Não foi surpresa quando começamos um beijo, um beijo carinhoso que logo se transformou em um ardente beijo de língua.

Gabriela não tem absolutamente nada de lésbica. Ela é uma moreninha bonita, cabelos compridos, carismática, jogadora de handball. Mas nenhuma credencial dela me faria cair em sedução como o ombro amigo que me deu. Eu a beijava como se não quisesse mais me separar, como nunca fizera com nenhum outro menino, olhos fechados, com franqueza total. Eu até tentei parar aquilo, mas fui fraca em relação ao meu desejo. O sabor de Gabriela era diferente do de um menino. Ela era adocicada, suave. Gabi passou a mão pela minha nuca, apertando minha cabeça contra a dela e nossas línguas viveram intenso contato, nosso abraço ficando mais forte e o amasso mais... sensual seria a palavra? Não sei. Só sei que eu gostava, e era isso que importava. Gabriela queria tocar meus seios sem o obstáculo da blusa e vinha com as mãos por dentro, apertando, fazendo aquilo que Rodrigo nunca fizera. Desceu o rosto e lambeu, beijou e sugou meus mamilos. Definitivamente as meninas sabem mais das coisas que os meninos. Meus pensamentos sumiram e eu queria só sentir aquelas sensações. Estranhas, mais únicas.

Escorreguei minha mão pela coxa de Gabi até sua xana. O coração batia forte ao sentir a área úmida, desejosa e receptiva. Suas coxas, tão adolescentes quanto as minhas, sua cintura, seu corpo todo enfim, era meu naquele momento e nossas ações não se intimidavam com possíveis rótulos homossexuais. Ficamos naquele inflamado e louco namoro até que Lana veio para a área externa puxando o Rodrigo pelo braço. Ela já estava nua da cintura para cima. Meu clima com Gabriela estava fora do real, maravilhoso, mas o que Lana fez me tirou completamente a atenção. Ela despiu Rodrigo e nos mostrou seu pau totalmente duro. Nem eu que fora namorada dele durante dois meses havia visto aquilo. Ele parado como uma estátua deixou a garota fazer o que queria. Ela sentou numa cadeira de plástico e passou a chupar aquele caralho.

Meu coração bateu ainda mais forte. Ela chupava com desenvoltura, parecia atriz pornô. Segurava pelo saco com uma das mãos e com a outra segurava pouco abaixo da cabeça. Ela chupava, lambia e o Rodrigo parado se deliciando. As outras garotas vieram ver a cena também. Ele emitia pequenos ruídos como se gostasse muito daquilo. Vez por outra seu pau sumia inteiro na boca da Lana e reaparecia todo molhado de saliva. Era uma cena mesmo impressionante. Instintivamente, eu acho, ele segurou os cabelos da morena para que seu pau não saísse de dentro daquela boca. Mas, Lana era quem mandava e logo se soltou e fez umas poses antes de se levantar e dançar com ele, aparecendo por todos os lados, como se fosse uma dançarina profissional. Era digna de aplauso...

Ela, então, correu de mãos dadas com ele para a sala. Todo mundo a seguiu como se estivéssemos querendo ver mais. Rodrigo parecia um instrumento de prazer para Lana, que brincava com ele. Em outra dança performática, ela passou um óleo no pau do Rodrigo e terminou ficando de quatro num dos sofás. Garanto que aquela linda bunda empinada daria tesão até mesmo no mais tímido ser humano, porque eu mesma fiquei admirada. Se eu fosse menino e visse uma cena daquela, não sei se me seguraria. Achei que então ela fosse perder sua virgindade. Mas que nada! Com uma voz rouca e até então inédita ela mandou que Rodrigo a enrabasse. “Mete no meu rabo como seu irmão costumava fazer!”. Aquilo me deu um choque por dentro. Ela praticava sexo anal com o irmão do meu namorado e era virgem ao mesmo tempo. Para seu pai era uma boneca de porcelana, para os outros uma puta. Ela falava sem nenhuma vergonha e eu não conseguia acreditar nos meus olhos. Comecei a testemunhar meu namorado posicionando seu pau perto daquela bunda enquanto as mãos de Lana, obedientes, afastavam as ancas.

Rodrigo fazia sua parte, com menos segurança que ela, segurando o pau latejante e a cintura da garota, para que pudesse assumir algum controle. O ânus piscou pouco antes de ser invadido numa visão que eu nunca vou esquecer. Lana não deu um berro sequer de dor enquanto o caralho sumia dentro de seu rabo. Na verdade ela gemia e pedia mais, instruindo como Rodrigo deveria fazer. Ele entendeu, ou pelo menos obedeceu, e começou a empurrar o resto para dentro, até ficar completamente mergulhado em Lana. Rodrigo, como se não tivesse muita vontade de esperar, começou a botar e tirar, com o pau escapulindo às vezes. Pensei que Lana fosse reclamar de algum desconforto, mas ela só esbravejava quando o pau saía e Rodrigo perdia alguns segundos para recolocar onde estava. O corpo de Lana sacudia e ela gritava dizendo que queria mais, que nascera pra isso: um espetáculo completo. Urrava dizendo que era virgem, mas que também era pornográfica. E dizia que a “bonequinha de porceLANA” invertida, coisa que até então eu não entendera bem, significava isso mesmo: LANA – ANAL. Bonequinha Anal.

Meu coração e mente estavam perturbados, tentando entender como ela poderia ser tão soberana de uma situação sendo tão nova. A resposta veio por ela própria, quando me mandou ajoelhar perto de onde estavam. “Vem cá, Bi, vem aqui que quero que você saiba o que é ser 100% pornográfica”. Eu estava totalmente enfeitiçada por tudo o que meus olhos captavam. Obedeci fielmente o chamado e fiquei próxima a eles. Rodrigo seguia soltando gemidos, urros e sons sem nexo enquanto metia feliz naquela deliciosa bunda. “Senta aqui do lado, Bianca, que seu namorado quer te dar um presente, um presente que você nunca recebeu dele”. Eu já começava a imaginar o que era. Mas queria qualquer coisa. Queria sexo, queria o que ela já tinha, queria ser o que ela já era.

“Tira e bota na boca dela, Rodrigo, faz o que eu tô mandando”. Eu gelei, senti o chão sumir, o ar evaporar dos pulmões. Nunca tinha pagado boquete na vida. E começar daquela forma superava tudo o que eu imaginava. “esse é o seu batismo de fogo no sexo", disse Lana, rindo roucamente como se estivesse possuída, "a diferença entre ser garotinha, escritora de diário, e ser mulher!". Eu confiava nela cegamente. E Rodrigo fez o que a anfitriã mandou. Tirou o pau da quentura do ânus de Lana e o direcionou para minha boca, até com bastante delicadeza. Senti uma vertigem indescritível. Saí de mim, flutuei, frio na espinha, pensamentos em profusão. O pau muito vermelho parado na minha frente, pulsando, parecendo já querer gozar. Comecei a lamber de vagar, chupar de todas as formas e de vários ângulos possíveis aquele caralho já perto da explosão. Ele agarrou meus cabelos e pediu uma maior movimentação de minha língua sobre a glande. Sem experiência, fiz o que meu desejo mandava. Depois do beijo na Gabriela, aquele pau dentro da minha boca era a coisa mais sensacional da noite!

Estava vidrada naquilo, em finalmente poder chupar meu namorado, mesmo que estivesse, por tabela, sentindo o gosto de Lana também. Estava tão envolvida na atividade que nem percebi que outro cara também estava no ambiente. Era o irmão de Lana, Lucio. De onde surgiu, não vi. Provavelmente ela já tivesse combinado sua aparição. Ele já estava no maior amasso com a Gabriela. Achei que fossem namorados, num rápido lampejo de ingenuidade da minha parte. Logo, Gabriela também já estava chupando o pau do gato sendo ajudada pela Dominique. Lana parecia satisfeita com as suas pupilas tão desinibidas, fazendo o que queriam, sem rodeios. “Você perdeu a aposta comigo de seu diário”, disse Lana, “mas vou apresentá-la ao meu irmão ainda assim”. Eu estava vibrando em poder fazer aquilo com Rodrigo, alguém de quem era íntima. Mas subiu-me um tesão, um medo ou sei lá o quê, de fazer o mesmo com um cara que eu não conhecia. Tudo bem que Lucio era lindo, mas o nervosismo bateu.

Deixamos o Rodrigo sob os cuidados da Tatiana, que já estava sendo chupada por ele. Fomos para perto do irmão dela. Ele parecia já conhecer a Gabi e a Dominique de muito tempo, pois se tratavam com muito “carinho”. Ambas ajoelhadas, chupavam o pau dele num revezamento esfomeado e barulhento. Lana virou-se para ele e falou: “essa aqui é a Bianca que eu te falei”. Ele fez questão de me beijar na boca, mas sem abrir mão das garotas. O pau de Lucio era visivelmente maior que o do Rodrigo e isso parecia atiçar mais as amigas. Mas, três chupando um mesmo pau, por maior que fosse, já formava muito congestionamento. Percebendo isso, e sabendo que eu não era ainda tão “pornográfica” quanto elas, resolveu me dar mais atenção. Ainda não tinha sentido a língua de ninguém em minha xana, e quando ele fez isso, auxiliado por trinta dedos – os dele mais os da Gabi e da Dominique – eu pude sentir um prazer genuíno. Pareciam todos focados em me ver feliz e cada toque me gerava algum impulso sensorial. Dominique começou a chupar um dos meus peitos enquanto a Gabi beijava minha barriga e Lucio brincava com sua língua na minha bucetinha até então intacta. Sabendo dessa característica, informado previamente por Lana, ele não se aventurava com os dedos por dentro. E na verdade nem precisava, pois aquela blitz por todo meu corpo estava me deixando verdadeiramente animada.

Era uma loucura inacreditável! Aquelas garotas mantinham uma espécie de clubinho delas, um clubinho pornográfico, e eu estava chegando como convidada. Era basicamente isso. Rodrigo não era o bobo que eu pensava e Lucio era muito melhor do que só um cara bonito. Ele era carinhoso e parecia extrair mais prazer vendo as amigas de sua irmã sendo bem tratadas do que ele próprio sendo o centro das atenções. Gabriela voltou a beijar minha boca enquanto Lucio ainda lambia minha xana, passando a língua por minhas coxas. Eu queria retribuir tanta dedicação e escorreguei o corpo para poder voltar a chupá-lo, agora sem tanta interferência das outras duas. Aquele cara, que até então era só um “sonho erótico” pra mim, se tornou realidade, uma realidade muito maior do que eu poderia imaginar. Segurava com as duas mãos o caralho grosso, da mesma forma como Lana havia feito com Rodrigo. Chupei entrando e saindo com a boca por minutos até que senti os jatos encherem minha boca. Engasguei e cuspi, meio que assustada. Era porra demais grudando na boca. Meu coração saltava enquanto a saliva escorria misturada ao esperma pelos cantos da boca. Foi essa a minha saída do diário para o gostoso e secreto mundo “pornográfico” de Lana.


sábado, 9 de maio de 2009

Carmina Burana- Carl Orff


O título

A palavra carmina é o nominativo plural do substantivo neutro em latim, de terceira declinação carmen, -inis que significa tudo o que é escrito em versos;canção, poema , vaticínio ;fórmula ritmada,mágica e encantatória; poesias eróticas, altamente obscenas, traduzidas nos carmina como canções.

O título significa literalmente Canções de Beuren. Beuren refere-se ao fato de que os textos escolhidos para a cantata foram descobertos no mosteiro beneditino (Benedikt) beuren; assim, burana é a latinização constituída a partir de Beuren.

O significado de Carmina Burana é Canções de Beuren, dos Bávaros, oriundas da Bavária.


CARL ORFF: O COMPOSITOR

Nascido em 10 de julho de 1895, em Munique, onde veio a falecer a 29 de março de 1982, filho de antiga família de eruditos e militares de Munique, interessou-se , ainda jovem, pelo estudo de obras medievais. Anos mais tarde, cursa a Escola de Humanismo onde completa seu curso de estudos humanísticos. Sua verdadeira vocação, porém, aquela que o cativou foi a música.

Fundou, em 1924, aos trinta anos, junto com a ginasta Dorothée Günther uma escola que sobressaía nas danças de vanguardas, assumindo a direção musical.

Professor de música de sua terra natal, em 1936, desafiou corajosamente os nazistas ao zombar de Hitler, ao compor e dirigir a opereta ASTUTULI, onde desafiava e criticava, tal qual os goliardos, o regime autoritário do ditador; mas, para felicidade do mundo musical, a censura nazista não captou a mensagem.

O interesse de Carl pelas formas musicais antigas levou-o a fazer versões modernas de várias obras. Em 1925, apresentou a versão moderna da obra Orfeo de Cláudio Montoverdi (séc. XVI-XVII). A principal obra de Carl Orff é a trilogia de cantatas cênicas, formadas por Carmina Burana, de exuberante alegria e fortes acentos eróticos, pesquisada neste trabalho, Catulli Carmina (1943) Canções de Catulo, poeta romano autor de muitos poemas eróticos, e Trionfi dell’Affrodite (1953).

Pesquisador e apaixonado pelos Carmina dos Goliardos, extraiu de vários dos textos latinos medievais, algumas poesias e, assim, compôs a cantata cênica Carmina Burana. Para o teatro, Orff escreveu as operetas fantástico-populares: DER MOND (A Lua), em 1939; DIE KLUGE (A Astuta), em 1943. O seu grande sucesso foi a opereta trágica ANTIGONE, 1949, cujo argumento é a tradução de Sófocles feita por Hölderlin no início do século XIX. Compôs outras óperas: Oedipus der Tyran (Édipo Tirano), 1960, utilizando também o texto de Hölderlin a partir do original grego e Prometheus, 1966.

Carl Orff foi um dos poucos compositores modernos de grande sucesso junto ao público. Criou um método de educação musical, baseando-se no trabalho em grupo, com instrumentos de percussão que reconhecido mundialmente é freqüentemente aplicado


A obra: CARMINA BURANA (CANÇÕES DE BEUREN)
de CARL ORFF

É uma cantata[1] cênica que pode ser definida como uma quase ópera, pois tem a estrutura musical de uma ópera, mas prescinde da movimentação em cena por parte dos cantores e, também, por não contar uma história e por não possuir um enredo. É apenas uma declamação cantada de poemas, embora haja, em sua representação, cenários e vestuário condizente.

É uma obra coral baseada em poemas profanos escritos em latim e alemão medievais. Os temas-chave destes poemas são a exaltação que fazem ao jogo, ao amor e ao vinho. Os Carmina Burana (canções de Beuren), primeiro elemento de uma trilogia composta por Carl Orff, obtiveram um dos maiores êxitos internacionais da música contemporânea, sendo considerados uma das obras corais e instrumentais mais importantes do século XX. Nasceram da descoberta de um rolo de pergaminho, no Convento Beneditino de Benediktbeuren, num Mosteiro da Ordem de São Bento, na Baviera, mais precisamente no sudoeste da Alemanha, em 1837. Foram extraídos dessa coleção de poemas e canções profanas medievais, provavelmente escritos entre os séculos XII e XIII.

Os Carmina Burana de Carl Orff fazem críticas mordazes às autoridades seculares e eclesiásticas, à hipocrisia e ao poder econômico da época. Compõem-se de melodias simples, de apelo popular bem ao gosto do pensamento alemão daqueles dias de Ascensão do III Reich.

Esta obra coral sobre poesias medievais é eivada de exuberante alegria e fortes acentos eróticos. É uma música inteiramente original, quase sem harmonia, vislumbrando um mundo sonoro inteiramente novo e fascinante baseada só na elementar força rítmica, acompanhada por orquestra inédita, principalmente instrumentos de percussão, reforçados por pianos que acentuam o tom da partitura.

Apresentada pela primeira vez na Alemanha em 1937, musicada por Carl Orff, com a intenção de aproximar o teatro musical do grande público livrando-o da complexidade que os autores do fim do Romantismo, especialmente Wagner, haviam implantado em toda a Europa. A música é deliberadamente anti-romântica, sem a menor influência wagneriana, nem tampouco tem pontos de contato com o neoclassicismo de Stravinsky nem com dodecafonismo[2] de Arnold Schönberg.

Este manuscrito ficou durante muito tempo trancado no chamado inferno dos livros, por ter sido considerado pernicioso na visão dos monges. Seu conteúdo só foi compilado e publicado em 1847, pelo erudito de dialetos da Baviera, Johann Andréas Schumeller, quando recebeu o título latino de Carmina Burana (Canções de Beuren).

Musicalizada pelo compositor alemão Carl Orff que a transformou na obra –mestra da música do século XX, até hoje, tem sido uma das obras mais vezes interpretadas em todo o mundo. No Brasil, tem servido de tema para inúmeras propagandas de carro, bebidas e, recentemente, foi tema de uma cena no primeiro capítulo da novela Alma Gêmea, apresentada pela Rede Globo de televisão, no Rio de Janeiro.

A primeira apresentação da cantata Carmina Burana deu-se na Ópera de Frankfurt em junho de 1937 causando, nesta oportunidade, um grande impacto sobre o público recebendo uma aclamação mundial que demonstrou que a cantata não havia perdido nada do seu efeito hipnótico.


O símbolo da Antigüidade, a Roda da Fortuna, eternamente girando, trazendo alternadamente a boa e a má sorte, emoldura a cantata como exalta a letra do carmen 16.


Fortuna rota volvitur:

descendo minoratus;

alter in altum tollitur;

nimis exaltatus

(CARMINA BURANA, 1994: 32/33



A roda da fortuna gira,

caí eu, rebaixado,

outro pro alto ela tira,

vejo-o exaltado;


É uma parábola da vida humana exposta a constante mudança. É a roda volúvel que ora é benfazeja ora malfazeja como cantada no texto O Fortuna Imperatrix Mundi:


I- O Fortuna


Velut luna

Statu variabilis,

semper crescis

aut decrescis;

vita detestabilis

nunc obdurat

et tunc curat

ludo mentis aciem,

egestatem,

potestatem

dissolvit ut glaciem.


I- Ó Fortuna

como a lua

mutável

sempre aumentas

e diminuis

essa vida detestável

ora nos maltrata

ora nos maltrata

nossos mais extravagantesdesejos

a miséria

e o poder

Ela funde como gelo.



II

Sors immanis

et inanis,

rota tu volubilis,

status malus,

vana salus

semper dissolubilis,

obumbrata

et velata

michi quoque niteris ;

nunc per ludum

dorsum nudum

fero tui sceleris.



II

Sorte monstruosa

e estúpida

em tua roda que gira

sucedem-se a doença

e a enganosa saúde

sempre dissolúvel

nebulosa

e velada

conspiras também contra mim

para pegar-me em peça

meu dorso nu

Está exposto aos teus golpes




III

Sors salutis

et virtutis

michi nunc contraria,

est affectus

et defectus

semper in angaria.

Hac in hora

Sine mora

corde pulsum tangite ;

quod per sortem

sternit fortem,

sternit fortem,

mecum omnes plangite !


(CARMINA BURANA, 1994: 32 e 34.)



III

a sorte da saúde

e a força

agora me é hostil

ela me trata

e me maltrata

Segundo sua fantasia

nesta hora

sem demora

fazei vibrar as cordas

porque a sorte

abate o forte

abate o forte

chorai todos comigo !





In Taberna quando sumus- Tradução


1.

Quando estamos na taberna
não nos importamos com quando morreremos,
mas corremos às mesas de jogos,
sobre as quais sempre suamos.
O que acontece na taverna,
onde o dinheiro é o anfitrião,
se quiseres saber
ouve o que eu te falo.

2.
Alguns jogam, alguns bebem,
alguns se comportam indiscretamente.
Mas dos que ficam jogando,
alguns perdem suas roupas,
alguns as ganham,
alguns se vestem com sacos.
Lá ninguém teme a morte,
ao invés, jogam os dados em nome de Baco:

3. 3.
Primeiro pela conta do vinho,
do qual bebem os libertinos;
bebem de novo pelos prisioneiros,
depois bebem três vezes pelos vivos,
quatro vezes por todos os cristãos,
cinco vezes pelos fiéis mortos,
seis vezes pelas irmãs vaidosas,
sete vezes pelos soldados da floresta.

4.
Oito vezes pelos irmãos perversos,
nove vezes pelos monges dispersos,
dez vezes pelos navegantes,
onze vezes pelos discordantes,
doze vezes pelos penitentes,
treze vezes pelos viajantes.
Tanto pelo papa quanto pelo rei
bebem todos sem medida.

5.
Bebe a senhora, bebe o senhor,
bibebe o soldado, bebe o clérigo,
bebe ele, bebe ela,
bibebe o servo com a serva,
bibbebe o ativo, bebe o preguiçoso,
bibebe o branco, bebe o negro,
bebe o estabelecido, bebe o vagabundo,
bebe o ignorante, bebe o sábio.

6.
BiBebe o pobre, bebe o doente,
bebe o exilado e o desconhecido,
bebe o menino, bebe o velho,
bebe o chefe e o diácono,
bebe a irmã, bebe o irmão,
bebe a anciã, bebe a mãe,
bebe esta, bebe aquele,
bebem cem, bebem mil.

7.
Pouco duram seiscentas moedas
se imoderadamente
todos bebem sem limite,
embora bebam com a mente alegre.
Assim toda a gente nos (rodunt?)
e assim ficaremos pobres.
Sejam confundidos aqueles que nos (rodunt?)
e que seus nomes não sejam escritos com os dos justos.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

ATRÁS DA MOITA COM O GARÇOM- Erosdinamica




- Não posso!... - desesperada tentava puxar a mão.
- Vamos, ali atrás, ninguém vai ver... Vamos, olha como é que eu estou!... - apontou para o membro duríssimo.
- Não posso! Você está louco? Alguém pode dar pela nossa falta! Chega, pára com isso. - morro de vergonha, já imaginou? Alguém passa e nos surpreende. Não, pior alguém nos procura e o que encontra? Um garçom e uma convidada, a prima da noiva transando atrás da moita.

Ele já tinha conseguido me arrastar até cerca viva e logo depois havia um arbusto bem espesso com um banco de jardim.
Puxou-me e num movimento brusco caí no colo dele. Puxou meu decote e já foi logo se apoderando dos meus seios com voracidade. Mordia os bicos e por um instante minha vista se escureceu e esqueci de tudo, menos que minha bucetinha pulsava com fúria.
Como se adivinhasse o garçom logo acariciou minhas coxas a procura do elástico da calcinha, afastou e logo estava introduzindo os dedos...
Joguei minha cabeleira para trás e gemi totalmente entregue aos dedos que golpeavam, parecia que queria me possuir só nos dedos.
- Isso não é justo... - falei dengosa. Abri o colete dele e fui mordiscando seu peito cabeludo, hum , cheirinho de loção pós barba.

Os pelos desciam até a barriga e levava a um rastro de perdição.
Logo estava ajoelhada em frente ao banco verificando a potencia do rapaz... Era muita. Era um espanto! Um cassete grosso com uma cabeça enorme... Não isso não ia dar. Tentei de todo jeito abocanhar e nada, fiquei só nas lambidinhas mesmo. Ele foi compreensivo e me consolou com carinhos nos cabelos e gemidos de aprovação.
Fiquei de pé e ele me mandou deitar no banco e antes de penetrar-me chupou com muita volúpia minha bocetinha encharcada.

Quando estava para gozar, dobrou meus joelhos e apontou aquela cabeçona para mim, senti que ia arrebentar tamanha pressão, quase rasgada não pude gritar porque o moço esperto me beijou no exato momento em que me penetrava.

Após ver estrelinhas de tanta dor, levei as arremetidas mais dolorosas da minha vida, até que enfim me acostumei com o negócio e passei a gemer também de prazer.
Mas o rapaz era um insaciável, já não bastava ter me arroxado de pernas pra cima, cismou que queria que eu montasse no seu cacete.

Sentou no banco e me puxou de pernas bem abertas, sentei no seu pau com tudo e gritei contra seus lábios, me segurou pelas nádegas e me impulsionando sem dó, eu o beijava sofregamente sentindo como era bom ser preenchida por aquele caralho cabeçudo.
Logo estávamos num mesmo ritmo, ao longe as risadas e barulhos da festa, tudo isso contribuindo para uma adrenalina de fazer algo proibido...

Mas que garçom mais gostoso... Seus cabelos castanhos curtinhos, aquela cara de bebezão, um rosto tão lisinho...Foi tão gentil em me mostrar aonde era o toalete, mal chegou na porta disse que meu zíper do vestido estava aberto, deixei que fechasse. Era uma desculpa só pra me agarrar por trás e me lascar um delicioso beijo na boca enquanto me apertava os peitos... Tarado, agora estava agarrado as minhas nádegas, chupando meus peitos e me fazendo delirar.

- Tesuda, desde que preguei o olho em ti, queria tua bucetinha...Gostosa...Que tesão, mexe assim que eu fico louco. Dá sua linguinha dá. - me beijou chupando a língua.
- Goza, safadinha, goza no meu pau! - gozei, e ele gozou junto que delícia.
- Humm... Gostosão...- continuei a beijá-lo.
Nisso ao longe escutei vozes, rapidamente nos desenroscamos, ele subiu as calças e eu abaixei o vestido a tempo de vê-lo enfiar minha calcinha no bolso, maldito! Soprou-me um beijo. Sumiu pelo jardim.
- Até que enfim te achei! - minha prima estava linda no vestido de noiva, puxava minha tia pela mão. As duas me olhavam com preocupação.
- Está um pouco vermelha! Está de fogo? Ah, querida, não vale a pena ficar de porre e depressão sozinha numa festa! Vem, nós vamos te dar atenção, querida, não fique triste, é que temos muitos convidados...Venha quero lhe apresentar alguns gatinhos, aposto que você irá se animar! - e foi me levando devagarzinho de volta a festa, ainda bem pois do jeito que minhas pernas tremiam era capaz de cair aos pés das duas, nem falar eu conseguia.

É... É muito triste ficar sozinha numa festa, eu não recomendo a ninguém. Ainda bem que existem garçons bem atenciosos!

Néon


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