sábado, 9 de maio de 2009

Carmina Burana- Carl Orff


O título

A palavra carmina é o nominativo plural do substantivo neutro em latim, de terceira declinação carmen, -inis que significa tudo o que é escrito em versos;canção, poema , vaticínio ;fórmula ritmada,mágica e encantatória; poesias eróticas, altamente obscenas, traduzidas nos carmina como canções.

O título significa literalmente Canções de Beuren. Beuren refere-se ao fato de que os textos escolhidos para a cantata foram descobertos no mosteiro beneditino (Benedikt) beuren; assim, burana é a latinização constituída a partir de Beuren.

O significado de Carmina Burana é Canções de Beuren, dos Bávaros, oriundas da Bavária.


CARL ORFF: O COMPOSITOR

Nascido em 10 de julho de 1895, em Munique, onde veio a falecer a 29 de março de 1982, filho de antiga família de eruditos e militares de Munique, interessou-se , ainda jovem, pelo estudo de obras medievais. Anos mais tarde, cursa a Escola de Humanismo onde completa seu curso de estudos humanísticos. Sua verdadeira vocação, porém, aquela que o cativou foi a música.

Fundou, em 1924, aos trinta anos, junto com a ginasta Dorothée Günther uma escola que sobressaía nas danças de vanguardas, assumindo a direção musical.

Professor de música de sua terra natal, em 1936, desafiou corajosamente os nazistas ao zombar de Hitler, ao compor e dirigir a opereta ASTUTULI, onde desafiava e criticava, tal qual os goliardos, o regime autoritário do ditador; mas, para felicidade do mundo musical, a censura nazista não captou a mensagem.

O interesse de Carl pelas formas musicais antigas levou-o a fazer versões modernas de várias obras. Em 1925, apresentou a versão moderna da obra Orfeo de Cláudio Montoverdi (séc. XVI-XVII). A principal obra de Carl Orff é a trilogia de cantatas cênicas, formadas por Carmina Burana, de exuberante alegria e fortes acentos eróticos, pesquisada neste trabalho, Catulli Carmina (1943) Canções de Catulo, poeta romano autor de muitos poemas eróticos, e Trionfi dell’Affrodite (1953).

Pesquisador e apaixonado pelos Carmina dos Goliardos, extraiu de vários dos textos latinos medievais, algumas poesias e, assim, compôs a cantata cênica Carmina Burana. Para o teatro, Orff escreveu as operetas fantástico-populares: DER MOND (A Lua), em 1939; DIE KLUGE (A Astuta), em 1943. O seu grande sucesso foi a opereta trágica ANTIGONE, 1949, cujo argumento é a tradução de Sófocles feita por Hölderlin no início do século XIX. Compôs outras óperas: Oedipus der Tyran (Édipo Tirano), 1960, utilizando também o texto de Hölderlin a partir do original grego e Prometheus, 1966.

Carl Orff foi um dos poucos compositores modernos de grande sucesso junto ao público. Criou um método de educação musical, baseando-se no trabalho em grupo, com instrumentos de percussão que reconhecido mundialmente é freqüentemente aplicado


A obra: CARMINA BURANA (CANÇÕES DE BEUREN)
de CARL ORFF

É uma cantata[1] cênica que pode ser definida como uma quase ópera, pois tem a estrutura musical de uma ópera, mas prescinde da movimentação em cena por parte dos cantores e, também, por não contar uma história e por não possuir um enredo. É apenas uma declamação cantada de poemas, embora haja, em sua representação, cenários e vestuário condizente.

É uma obra coral baseada em poemas profanos escritos em latim e alemão medievais. Os temas-chave destes poemas são a exaltação que fazem ao jogo, ao amor e ao vinho. Os Carmina Burana (canções de Beuren), primeiro elemento de uma trilogia composta por Carl Orff, obtiveram um dos maiores êxitos internacionais da música contemporânea, sendo considerados uma das obras corais e instrumentais mais importantes do século XX. Nasceram da descoberta de um rolo de pergaminho, no Convento Beneditino de Benediktbeuren, num Mosteiro da Ordem de São Bento, na Baviera, mais precisamente no sudoeste da Alemanha, em 1837. Foram extraídos dessa coleção de poemas e canções profanas medievais, provavelmente escritos entre os séculos XII e XIII.

Os Carmina Burana de Carl Orff fazem críticas mordazes às autoridades seculares e eclesiásticas, à hipocrisia e ao poder econômico da época. Compõem-se de melodias simples, de apelo popular bem ao gosto do pensamento alemão daqueles dias de Ascensão do III Reich.

Esta obra coral sobre poesias medievais é eivada de exuberante alegria e fortes acentos eróticos. É uma música inteiramente original, quase sem harmonia, vislumbrando um mundo sonoro inteiramente novo e fascinante baseada só na elementar força rítmica, acompanhada por orquestra inédita, principalmente instrumentos de percussão, reforçados por pianos que acentuam o tom da partitura.

Apresentada pela primeira vez na Alemanha em 1937, musicada por Carl Orff, com a intenção de aproximar o teatro musical do grande público livrando-o da complexidade que os autores do fim do Romantismo, especialmente Wagner, haviam implantado em toda a Europa. A música é deliberadamente anti-romântica, sem a menor influência wagneriana, nem tampouco tem pontos de contato com o neoclassicismo de Stravinsky nem com dodecafonismo[2] de Arnold Schönberg.

Este manuscrito ficou durante muito tempo trancado no chamado inferno dos livros, por ter sido considerado pernicioso na visão dos monges. Seu conteúdo só foi compilado e publicado em 1847, pelo erudito de dialetos da Baviera, Johann Andréas Schumeller, quando recebeu o título latino de Carmina Burana (Canções de Beuren).

Musicalizada pelo compositor alemão Carl Orff que a transformou na obra –mestra da música do século XX, até hoje, tem sido uma das obras mais vezes interpretadas em todo o mundo. No Brasil, tem servido de tema para inúmeras propagandas de carro, bebidas e, recentemente, foi tema de uma cena no primeiro capítulo da novela Alma Gêmea, apresentada pela Rede Globo de televisão, no Rio de Janeiro.

A primeira apresentação da cantata Carmina Burana deu-se na Ópera de Frankfurt em junho de 1937 causando, nesta oportunidade, um grande impacto sobre o público recebendo uma aclamação mundial que demonstrou que a cantata não havia perdido nada do seu efeito hipnótico.


O símbolo da Antigüidade, a Roda da Fortuna, eternamente girando, trazendo alternadamente a boa e a má sorte, emoldura a cantata como exalta a letra do carmen 16.


Fortuna rota volvitur:

descendo minoratus;

alter in altum tollitur;

nimis exaltatus

(CARMINA BURANA, 1994: 32/33



A roda da fortuna gira,

caí eu, rebaixado,

outro pro alto ela tira,

vejo-o exaltado;


É uma parábola da vida humana exposta a constante mudança. É a roda volúvel que ora é benfazeja ora malfazeja como cantada no texto O Fortuna Imperatrix Mundi:


I- O Fortuna


Velut luna

Statu variabilis,

semper crescis

aut decrescis;

vita detestabilis

nunc obdurat

et tunc curat

ludo mentis aciem,

egestatem,

potestatem

dissolvit ut glaciem.


I- Ó Fortuna

como a lua

mutável

sempre aumentas

e diminuis

essa vida detestável

ora nos maltrata

ora nos maltrata

nossos mais extravagantesdesejos

a miséria

e o poder

Ela funde como gelo.



II

Sors immanis

et inanis,

rota tu volubilis,

status malus,

vana salus

semper dissolubilis,

obumbrata

et velata

michi quoque niteris ;

nunc per ludum

dorsum nudum

fero tui sceleris.



II

Sorte monstruosa

e estúpida

em tua roda que gira

sucedem-se a doença

e a enganosa saúde

sempre dissolúvel

nebulosa

e velada

conspiras também contra mim

para pegar-me em peça

meu dorso nu

Está exposto aos teus golpes




III

Sors salutis

et virtutis

michi nunc contraria,

est affectus

et defectus

semper in angaria.

Hac in hora

Sine mora

corde pulsum tangite ;

quod per sortem

sternit fortem,

sternit fortem,

mecum omnes plangite !


(CARMINA BURANA, 1994: 32 e 34.)



III

a sorte da saúde

e a força

agora me é hostil

ela me trata

e me maltrata

Segundo sua fantasia

nesta hora

sem demora

fazei vibrar as cordas

porque a sorte

abate o forte

abate o forte

chorai todos comigo !





In Taberna quando sumus- Tradução


1.

Quando estamos na taberna
não nos importamos com quando morreremos,
mas corremos às mesas de jogos,
sobre as quais sempre suamos.
O que acontece na taverna,
onde o dinheiro é o anfitrião,
se quiseres saber
ouve o que eu te falo.

2.
Alguns jogam, alguns bebem,
alguns se comportam indiscretamente.
Mas dos que ficam jogando,
alguns perdem suas roupas,
alguns as ganham,
alguns se vestem com sacos.
Lá ninguém teme a morte,
ao invés, jogam os dados em nome de Baco:

3. 3.
Primeiro pela conta do vinho,
do qual bebem os libertinos;
bebem de novo pelos prisioneiros,
depois bebem três vezes pelos vivos,
quatro vezes por todos os cristãos,
cinco vezes pelos fiéis mortos,
seis vezes pelas irmãs vaidosas,
sete vezes pelos soldados da floresta.

4.
Oito vezes pelos irmãos perversos,
nove vezes pelos monges dispersos,
dez vezes pelos navegantes,
onze vezes pelos discordantes,
doze vezes pelos penitentes,
treze vezes pelos viajantes.
Tanto pelo papa quanto pelo rei
bebem todos sem medida.

5.
Bebe a senhora, bebe o senhor,
bibebe o soldado, bebe o clérigo,
bebe ele, bebe ela,
bibebe o servo com a serva,
bibbebe o ativo, bebe o preguiçoso,
bibebe o branco, bebe o negro,
bebe o estabelecido, bebe o vagabundo,
bebe o ignorante, bebe o sábio.

6.
BiBebe o pobre, bebe o doente,
bebe o exilado e o desconhecido,
bebe o menino, bebe o velho,
bebe o chefe e o diácono,
bebe a irmã, bebe o irmão,
bebe a anciã, bebe a mãe,
bebe esta, bebe aquele,
bebem cem, bebem mil.

7.
Pouco duram seiscentas moedas
se imoderadamente
todos bebem sem limite,
embora bebam com a mente alegre.
Assim toda a gente nos (rodunt?)
e assim ficaremos pobres.
Sejam confundidos aqueles que nos (rodunt?)
e que seus nomes não sejam escritos com os dos justos.

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Néon


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