segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O cheiro - Giselle Sato




Sentiu o cheiro forte do suor misturado ao desodorante barato. A balconista assustou-se com o olhar penetrante do freguês e atendeu o pedido às pressas. Frederico deixou o sanduíche no prato, concentrado na mocinha suada. Há muito havia desistido de entender o crescente apuro no olfato. No metrô ficava desesperado quando o vagão lotava. Comprimido por tantos corpos sentia-se tonto.Atordoado. Viciado. Vício que tomou proporções gigantescas até mudar completamente sua vidinha pacata.

O perfume da esposa determinou o fim da união. Doce demais, enjoativo e sufocante. Além do mais havia a faxineira recém contratada. Esta sim, tinha cheiro de fêmea no cio, um odor almiscarado impossível de resistir. Saía cedo do trabalho para encontrar Damiana. Inventava serviços extras para atrasar a diarista. Naquele dia pediu um bolo de chocolate, implorou em nome da saudade da infância e ela concordou. Na cozinha americana mal cabiam e todo minuto se esbarravam. Damiana sentiu a respiração quente do patrão em seu pescoço e sorriu.

Roçando a bunda grande e empinada, Frederico não se importou em esconder a ereção. Damiana há muito suspeitava do interesse e não se fez de rogada. Foi o encontro da fome com a vontade de comer. Em minutos estavam agarrados no chão da sala, as roupas arrancadas com a urgência dos amantes desesperados. Nua, Damiana era tocada com suavidade, aspirada em todas as reentrâncias com um gosto nunca visto. Extremamente excitada, instigava a penetração que não acontecia:- Mete gostoso, to cheia de vontade...Vem logo...

Ela ameaçou tocar o pênis e ele não deixou, conseguiu uma lambida e foi afastada com firmeza. Tentou de todas as formas e o homem não queria nada além de roçar o nariz pelo corpo trêmulo de tesão. O cheiro de Damiana era o suficiente. Irritada e insatisfeita, Damiana decidiu ir embora. Frederico pelo contrário, estava felicíssimo e não deu a menor importância quando ouviu a porta bater.

A moça saiu do elevador cuspindo marimbondos. Quando avistou o porteiro não resistiu e contou todos os detalhes sórdidos. No mesmo dia todo o prédio estava ciente. Frederico precisou mudar de bairro.

sábado, 26 de dezembro de 2009

MINHA MENINA- JPalmaJr



...a minha mulher, estrela distante, tem os olhos feitos de esperança...tem o corpo pintado de luar, a pele de pêssegos olorosos e os seios feito peras, frutas doces para meu desfrutar...minha mulher é pequenina, sorri como menina mas ama como leoa...sou seu viralata, poeta, cigano, que busca em seus braços o ninho de quem sempre foi sozinho...minha mulher tem encantos escondidos, onde o sol não brinca, mas onde eu ponho a língua...minha mulher tem a alma enfeitada de flores, as bocas pronta para meus amores e o corpo certo para meus prazeres...minha mulher sabe que tem meu coração, sabe que tem em si a chave de meus sentimentos, sabe que sou só saudades nas ausências da distância, relembrando feito menino apaixonado nossos mais lindos momentos...a minha mulher é filha da lua, me fascina e enlouquece quando nua...e sabe que só lamento não ter nascido na mesma estrela que ela, em outros tempos e em outras eras..

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Leoa ou Gazela, todo dia é dia dela


Desenho de Ukma

Orelha do livro, por Heloísa Galves

Não há como falar dos escritos de Flávia sem falar de Flávia, sua trajetória e a incrível capacidade de entrar impunemente em nosso cerne através de suas poesias, surtos de alegria e pesar que acabam por serem meus e de tantas pessoas que percebem nela um “súcubo em forma de buraco negro”.

Flávia nos suga para dentro dela e duvido que não saiba disso.
A conheço há poucos anos, o suficiente para apresentá-la ao leitor como a “Maga dos poemas sensuais, carnais, santos e profanos”, repletos daquilo que a mitologia nos conta, porém ainda mais repleto da mitologia que brota lasciva em cada palavra que escreve.
Existe dentro dela um reino de mil possibilidades e é esse reino de sátiros, demônios, vampiros, minotauros, orixás e outras criaturas inventadas, que nos impregna os sentidos, a libido e nos garante a vontade ir além das páginas, onde os poemas vociferam outras esferas.

A visão se expande em ilustrações de Luiz Royo:

Há símbolos mágicos
pintados em meu corpo
com tinta azul sulferina.

A audição se deslumbra ao som das bacantes:

Com você quero
preâmbulos.
Seus dedos de guitarra
so lan do
um violão clássico.

O paladar se delicia com Ambrósia e o vinho de Dionísio:

Gosto araucário
de terra,
raiz tuberosa.

O olfato desliza entre aromas de corpos em chamas e essências próprias de rituais de sangue:

Já sumiu do meu corpo
o sudário de tua pele
e teu cheiro

O tato aperta o livro com força para dele extrair mil matizes sensoriais de peles, pernas, bocas...Assim o néctar chega engendrando todas as possibilidades, do amor, do sexo e sobretudo da dor sagrada que ele implora para sentir:

Meu passado
ora me chicoteia as costas
e sangro,
lanhada e roxa

É hora de sentarmos sem pressa na perna de quem desejarmos, tomar o livro às mãos e começar essa viagem...

Heloisa Galves
Inverno de 2009


encomendas pelo email flavia_perez@hotmail.com
ou nos sites da Livraria Cultura e Alémda Lenda.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Não sabe brincar, não desce para o play... viciada em swing?!






Definição: Swing é o tradicional relacionamento emocional monogâmico temperado com a poligamia sexual.

Baseada em conversas, emails e muita disposição, três mulheres abriram o coração e partilharam seus segredinhos.
Os relatos não fazem apologia à nada, são apenas histórias que estavam loucas pra pular da gaveta e cair no mundo.
Minhas personagens desta vez, não são fantasia, muito pelo contrário, elas usam deste recurso para fazer o dia a dia mais interessante. Pessoas comuns, que levam a vida como acham melhor, não se importam com a opinião alheia e não estão preocupadas com rótulos.






I- A história de Ana e Edgar

Quando Ana pensou que já havia feito de tudo, e que a vida estava monótona, um velho amigo sussurrou o convite: vamos a um clube de swing? – A idéia ficou remoendo, pesando pós e contras, pesquisa no Google, leituras de blogs e sites.

Duas semanas depois, ela decidiu que não havia nada a perder, seria apenas uma experiência. Sem qualquer compromisso afetivo com o parceiro, ambos solteiros e sem perspectivas de relacionamento sério, em um sábado chuvoso, foram para a tal casa.

O que Ana não esperava, era encontrar um lugar bonito e discreto, com pessoas ‘’normais’’, ou seja, algumas mulheres usavam um decote mais generoso ou uma saia mais curta, mas ninguém ali estava fantasiada de prostituta. Os homens vestiam-se bem e salvo um olhar ou meio sorriso, o bar da entrada era como qualquer outro, nada diferente ou intimidante.

Algumas cervejinhas depois, decidiram subir e conhecer a casa. Edgar já freqüentava e adorou ciceronear a amiga, deixando-a experimentar aos poucos a liberdade do sexo sem compromisso. Muito perspicaz, ela notou que alguns casais, invertiam os papéis na hora da escolha da parceira. A mulher aproximava-se e investia, coube a Ana decidir ter sua primeira experiência homossexual. E logo depois, foi-se deixando levar e perdeu a timidez, pudor ou qualquer resquício de preconceito.
Ana entrou de cabeça e aproveitou o máximo.

Durante a semana seguinte, entremeou sensações de culpa, arrependimento e satisfação. Além do amigo com quem tinha partilhado a aventura, não contou para mais ninguém, com receio da reação das pessoas. Há muito vinha levando a vida sozinha, apenas dividindo as preocupações com o trabalho e o dia a dia.

Pela primeira vez, pegou-se pensando em escolher uma lingerie bonita, mudar o visual, ousar um vermelho com as costas nuas, e principalmente comparar o prazer de uma noite, com os anos de sexo morno do casamento desfeito... O ex-marido nunca pareceu tão sem importância. Quando recordava os quatro homens com quem fizera sexo, a forma como havia se soltado e todo restante, a excitação voltava com um arrepio de prazer. Finalmente, o sabor da aventura falou mais alto e Ana decidiu que queria mais.

Ligou para o amigo e combinaram o horário na sexta, não perderam tempo comentando nada, tudo já tinha sido conversado no bar da casa, o amigo só fizera um alerta:_cuidado para não ficar viciada, isto é muito bom...tão bom que sou sócio há três anos e não consigo sair.

Ana levou tanto tempo para decidir, Edgar em uma única frase, afogou em dúvidas o que havia ponderado horas e horas. O desejo, adrenalina da fantasia e do proibido corriam forte e Ana novamente não sabia o que fazer. Queria tanto... O único senão, era o medo do vício que Edgar alertou de forma tão contundente.

Ana não podia prever até que ponto iria se envolver, durante a vida inteira, soube muito bem administrar seu comportamento e não desejava perder a cabeça. Para Ana, ser uma pessoa dependente estava fora do seu ideal de vida, aliás, da existência de qualquer ser humano forte e determinado. Ela desejava ter controle sobre a decisão de continuar, parar ou simplesmente esquecer tudo.

Sexta-feira, vinte e três horas, entrou no carro de Edgar e o encarou com o sorriso habitual. Nos meses seguintes, aguardava ansiosa, as sextas e sábados, dias do clube de swing. Algumas vezes aceitava convites para outras festas, mas não conseguia se divertir e sempre se arrependia. Ligava para Edgar e terminava a noite clube. Ele ria, dizia que o veneno já estava consumindo Ana, ela estremecia calada... Poço de contradições e sensações desconhecidas. Tudo muito novo e irresistível, impossível tomar uma decisão definitiva naquele momento. Ana precisava de mais tempo.

O amigo tornou-se o amante oficial, mas só faziam sexo no clube e jamais se encontravam em outros lugares. Algumas vezes, de tanto fazer o papel de mulher de Edgar, confundia as coisas e sentia ciúmes quando assistia o parceiro com outras mulheres. Nunca teve coragem de se expressar, imaginava ser um pouco de carência e o receio de no fundo, depender dele para entrar naquela casa.
Existiam outras, em que podia ir sozinha, mas não tinha coragem de encarar, ainda não estava segura a este ponto.
Talvez tudo isto, e o sentimento de posse surreal diante das circunstancias em que viviam a relação, estivessem forçando a decisão. Ana mergulhou em um mar de dúvidas e insegurança, resolveu que era hora de traçar o caminho: parar de vez ou encarar as conseqüências.

Um ano e meio se passou, Ana conheceu outros swinguers e Edgar tornou-se uma opção a mais. Começou a visitar diversas casas e clubes, viajou para o exterior e experimentou as diferenças. Na Europa, ficou deslumbrada com a naturalidade, e finalmente aceitou que era aquela emoção que precisava para sentir-se satisfeita.

Ana aumentou seu círculo de amizade, e nos novos relacionamentos, foi sincera quanto seus gostos, justamente porque não queria uma vida dupla. O mais importante, é que não se sente viciada em nada, simplesmente acredita que cada pessoa tem sua forma de ser feliz. Quanto aos temores da mulher insegura e indecisa, Ana deu um ponto final. Em sua definição, é um estilo de vida e ela não vai abrir mão de nada.


II- Dr. Luiz e Marcia


Vinte e cinco anos de casamento, tudo muito tranqüilo e família. Tão normal e previsível, que quando Luiz convidou a esposa para conhecer um clube de swing, ela ficou histérica e começou a gritar horrores. Entre outras coisas, sentiu-se ofendida, preterida e finalmente, uma completa ignorante em assuntos de sexo.
Luiz apenas sugeriu uma sacudida na relação, para apimentar, enriquecer, ou simplesmente ter outras experiências.

O marido queria a companhia de Marcia, que compreendeu que pelo menos, ele estava sendo honesto, e ela também poderia ceder um pouquinho. Por curiosidade ou receio do parceiro ir de qualquer jeito, foram parar no melhor clube da cidade, com a típica timidez de quem nunca fez nada fora do padrão. Pelo menos, para a esposa , que havia se casado virgem e mantinha-se fiel ao marido, tudo aquilo era assustador e ao mesmo tempo, inquietante.

Luiz achou melhor sentarem no bar algum tempo, mas a mulher quis logo saber como as coisas funcionavam e foi entrando no quarto escuro sem a menor cerimônia. Marcinha estava ansiosa e quando sentiu o clima, embalada pelo anonimato, surpreendeu o marido, trocando carícias com outro casal bem mais jovem, com a maior naturalidade. Luiz aprovou a escolha, sua nova parceira tinha tudo que ele gostava em uma mulher, mas assistir a esposa com outro, ainda mais, visivelmente satisfeita, agiu como um efeito broxante e assustador.

Ele nem havia reparado que o novo casal, realmente estava chamando atenção, tamanho empenho e entusiasmo da esposa. O marido arrependido, foi obrigado a esperar que terminassem. Luiz pediu para que ela ficasse com outra mulher, no caso, uma morena bonita, que Marcia implicou por pura inveja. A moça era lindíssima e estava ansiosa demais em agradar, Luiz insistiu na relação e ficou aborrecido com a recusa da esposa. Acabaram discutindo no bar, Ana sentiu-se péssima quando Luiz disse que ela havia estragado a noite, e nunca mais iriam a lugar nenhum do gênero.

Mal humorados, foram para casa e na sala mesmo, fizeram sexo como nos tempos de namoro. Luiz chegou a conclusão que assistir a esposa com outro homem, o deixou excitado, mas ao mesmo tempo, sentiu ciúmes de ver o quanto ela gozava.
Durante um bom tempo, Marcia pediu para voltarem ao clube, desejava experimentar outros parceiros, e na cama com o marido, já não tinham nada. A vida para a dona de casa, tornou-se óbvia, e pela primeira vez deu-se conta que sempre fora desta forma, ela apenas estava acostumada e não havia experimentado nada melhor.

Sentindo-se solitária, Marcia tomou uma decisão radical e pesquisa daqui, pergunta dali, encontrou um clube onde mulheres podiam entrar desacompanhadas. Ainda que a maioria fossem casais, funcionava a tardinha, bem no horário da academia. Perfeitamente arquitetado, Marcia seguiu seu plano e começou a frequentar a casa. Percebeu que o nível era ótimo, tudo muito tranqüilo e discreto.
Desta forma, não sentiu o menor arrependimento. Durante todo o tempo em que passava as tardes no clube, aprendeu outras formas de amar, começou a gostar mais do próprio corpo e deixou de lado os falsos pudores.

Como nada é perfeito, Marcia descobriu que Luiz estava tendo um caso, foi mais fundo nas investigações e soube que o marido era viciado em encontros pela net. Pela primeira vez, vasculhou o computador do marido, ele tinha tanta certeza que ela não sabia usar nem o teclado, que não se dera ao trabalho de colocar senha ou esconder nada.
Em todas as fotos, de todas as formas possíveis, Marcia reconheceu a morena linda da casa de swing. A esposa respeitada e intocável, sentiu o peso dos anos em comum, tudo não havia passado de mais uma fantasia de luiz. Em nenhum momento ele pensou em nada além da própria satisfação.

Ponderou e tomou a decisão de ignorar as aventuras do marido, somou o patrimônio que haviam construído juntos, a estabilidade e a esperteza de Luiz em ocultar contas e outros bens. Resolveu que seria preciso muita coragem para ir adiante, manter a calma e cabeça fria. Tiveram a famosa conversa franca e Luiz ficou admirado com a determinação da mulher. Marcia preferiu não sair perdendo, mas também não iria deixar barato, além das tardes furtivas, começou a viajar para outras cidades e passar mais tempo fora de casa.

Filhos bem criados, não devia satisfações a ninguém. A família pensava que a Marcia apenas estava aproveitando a vida, enquanto Luiz trabalhava demais. O que não deixava de ser verdade.
Até um cruzeiro fez... com as amigas, é claro!. Desta forma, como pessoas civilizadas, segundo suas próprias palavras, estabeleceram um código de convivência pacífica onde cada qual respeita o seu quadrado.
Marcia sempre visita casas de swing e conhece os melhores clubes. O mundo é grande demais para uma mulher com disposição e dinheiro para gastar, sem a menor pena... Dois pontos: Ela também não se considera viciada.



III- Tadeu e Alice


Para um jovem de vinte e poucos, Tadeu aparentava muito mais, talvez fossem as roupas sóbrias e o ar intelectual. O fato é que o rótulo de nerd, sempre o perseguiu e viver sozinho, deixava-o extremamente triste. Nunca teve nenhum relacionamento mais sério, as mulheres o descartavam no primeiro encontro, algumas iam até os finalmente e simplesmente, desapareciam e não retornavam emails, ligações, nada... Ele nunca soube onde falhava. Ou melhor, tinha uma suspeita que seu pior inimigo, era a timidez e ansiedade, ou seja, Tadeu queria demais se apaixonar, queria tudo e acabava com nada.

Como passava a falsa impressão de ser todo correto e chato, poucos se aproximavam no trabalho. Todo o tempo livre, gastava na internet, a princípio com pesquisas e sites científicos. Depois, ele começou a se interessar pelo mundo virtual dos namoros e salas de bate-papo. Pensou que poderia conhecer gente interessante, anônima e sem compromisso. Um lugar onde pudesse sentir-se menos solitário. Nas salas de encontros, conheceu diversas mulheres e com algumas, sentiu certas afinidades.

Mas com nenhuma tinha ido além das banalidades triviais, bobagens sem importância alguma, apenas para passar o tempo.
Coincidência ou não, fez amizade online com uma moça bem agradável, nada bonita mas bem resolvida em matéria de sexo. Passaram dois meses conversando, e um dia, a menina que já era antiga freqüentadora de clubes de swing, não teve o menor pudor em partilhar suas experiências. No passado havia sido assídua, no momento estava um pouco afastada, mas gostaria de retornar. E já que Tadeu tinha tanta curiosidade sobre o assunto...

Daí para trocarem confidências foi um pulo, e o rapaz acabou contando o quanto sua vida amorosa era um completo fracasso. Alice era recém separada mas tranqüila, a amizade com Tadeu aos poucos, revelou o quanto o amigo era ansioso e inseguro. Alice quis ver onde estava escondido o verdadeiro Tadeu, porque pela net ele era tudo de bom: inteligente, sensual e com muitas fantasias não realizadas.

Alice convidou Tadeu para visitar uma casa de swing. Se houvesse clima, tudo bem, caso contrário poderiam aproveitar e participar apenas observando, ou até ir embora.
Ela fez questão de enfatizar que ali, ninguém era obrigado a nada, havia muitas opções, tipo sauna, barzinho ou espaço para dançar. Alice era muito franca, deixou claro que eles não tinham obrigação alguma de ficarem juntos, e ele achou a proposta bem ‘’relax’’.

Marcaram um encontro. Como amigos, sem maiores pretensões ou ansiedade. Pela primeira vez, Tadeu não se preocupou, entendeu que não precisaria provar nada a uma moça que mal o conhecia e nem estava querendo romance ou nada além do combinado.

Encontraram-se na praça de alimentação de um grande Centro Comercial, não houve surpresas e Alice era exatamente como na foto e câmera. Jantaram e foram a casa onde Alice era sócia com o ex-marido, Tadeu achou o clima elegante e tranquilo. Gostou do espaço, mas não quis participar de nada, quando estavam indo embora, os dois brincaram um pouquinho, e este foi o primeiro passo para descontrair. A insegurança de Tadeu, as sucessivas rejeições, tudo isso, fizeram com que passasse um longo período fechado em sua concha... Alice só havia descoberto a pontinha do novelo, e soltou a meada com o maior prazer.

A química entre Tadeu e Alice não aconteceu de imediato.
Levaram algum tempo e alguns encontros, até descobrirem que os finais de semana são mais divertidos com o clube, cinema ou um passeio na praia. Para eles não existe diferença, nem pensam em deixar a casa onde tiveram momentos ótimos juntos ou com outros casais.

Tadeu costuma dizer que Alice e ele são viciados em curtir a vida, e esta visão do que pensam, é o retrato de muitas duplas que não deixaram os preconceitos ditarem as regras.

Mas esta é a historia deles, existem muitas outras... Estas foram escolhidas por serem leves, não apresentarem visões distorcidas e não induzirem a nada. Como todos os ‘’personagens’’ fazem questão de ressaltar, cada um faz da sua vida o quem bem deseja, e quem não pecou, que atire a primeira pedra.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A MINHA BOCA – JU BLASINA



A minha boca

Já chamou tantos nomes
Já gritou muitas vezes
Já grito tantos nomes
Já chamou muitas vezes
Em vão, ao léu

A minha boca

Já provou tantas coisas
Do doce ao azedo
Da alegria ao medo
Do mel ao féu
Do inferno ao céu

A minha boca

Já provou tantas vezes
Muita verdade, alguma mentira
Muitos amores, um tanto de ira
Muito alvo pra pouca mira

A minha boca

Já fez de mim bruta, já fez de mim rouca
Já me fez puta, devassa, nefasta, louca
Já fez de mim menina, homem, mulher
Já fez de ti tão raro, já fez de ti qualquer

A minha boca

O beijo, o provar
O gozo, o arfar
O riso, o calar
A minha boca

domingo, 20 de dezembro de 2009

Calcinha- Camille



Fetiche derradeiro,
Delicia em sonhos
Rendas e seda,
Cetim e bordados
Pequena, cavada,
um fio delicado
Esconde,
Revela,
Excita
Incita
Tira
Toca
Sente
Rasga
Afasta
Deixa...

Todo o ser de uma Puta


Por Narceja®
Senti naquela noite um desagradável ar de rejeição por parte de Leonardo. Sentia no seu olhar a repressão as minhas atitudes e sua oficiosa intervenção em minha vontade. Seu olhar penetrante de “dono” provocava-me arrepios por entre as pernas. Uma dominação que não era dada abertamente, mas insinuada.

Olhava as pessoas a minha volta como empecilhos para sentir o mais rapidamente que possível o pênis de Leonardo. O vi do outro lado da mesa, com alguns amigos enquanto conversava.
Um jantar entre casais e um olhar de repreensão e dominação que me excitava constantemente, a medida que as amigas riam ou gesticulavam e os olhares insinuosos de seus maridos para as outras mulheres se perdiam por entre as mesas. Bichos em uma jaula. Grande sociedade... Civilização disfarçada e revelada apenas pelo primitivismo do sexo.
- Quero pau duro!! Diziam meus olhos a quem soubesse lê-los.
- Quero enfiar toda nessa puta! Revelavam os olhares dos maridos de minhas amigas.
Putas, vagabundas loucas por rola, piranhas que se perdiam espetadas em uma rola grossa que as tornavam bichos na cama. E todas boas profissionais e mães de família.

Meus pensamentos, livre de minha moral social, se focalizaram no pênis de Leonardo. As carnes flácidas de um pênis mole, a esperança e milagre da vida.
Via-o perfeitamente próximo a meus lábios, que os pegavam suavemente sentindo o peso de sua carne repousar sobre minha língua. O gosto inicial, geralmente de xixi, e o cheiro forte de macho me enchiam os pulmões e a vagina. Precisava de seu pinto logo.

Era apenas o que conseguia pensar após seu olhar de repreensão. A dominação de um macho sobre uma fêmea a minha submissão à frente de um pênis ereto e meu consentimento em dizer para mim mesma que sim... Sim, eu era a sua putinha e sim eu gostava de rola.
- Leonardo, acho que precisamos ir... Disse interrompendo a conversa dos homens.
- Só mais um pouco amor. Respondeu com um olhar sedutor.
- Quero rola, quero leite! Era o que deveria ter dito na mesa para que todos ouvissem e pudesse desabafar a minha raiva e vontade.

Mas me calei, afinal ainda estava na “jaula social”. Tentei me fixar na conversa das amigas, mas entre minhas pernas um rio pegajoso escorria fazendo com que minhas pernas suassem e meu clitóris tremesse. Eu precisava ser entupida e logo.
- Narceja, desde que a Sabrina se separou não foi mais a mesma... Nunca mais saímos juntas, você tem contato com ela? Perguntou uma de minhas amigas.
-Não, nunca mais a vi... Certamente deve estar sentada em algum pau gemendo e gritando que é puta, enquanto eu estou aqui com vocês...Pensei e respondi: - Não!

Levantei com um olhar de fúria para Leonardo e disse que iria ao banheiro. Precisava me aliviar e tentar voltar ao mundo social. Passei por entre as mesas envaidecida pelo olhares de outros machos e entrei no banheiro.
No espelho, vi uma mulher de seios grandes e fortes, redonda no quadril, gostosa como gostam de dizer. Gostosa... Sempre pensei no verdadeiro significado dessa palavra; Que é gostosa quem é comida.

Gostava de pensar que era um prato a ser comido e devorado pelos homens. Um prato que após ser comido ganhava um creme branco como prêmio. Estar cheia... Estar cheia de esperma era o que eu queria naquela noite.

Tranquei a porta e sentei no vaso sanitário, soltei meus seios para fora para que os visse de bicos duros e salientes, prontos para serem mamados. Levantei o vestido e tirei a calcinha,e antes de guardá-la na bolsa, a cheirei intensamente.
Era bom sentir meu cheiro de fêmea no cio, eu precisava ser preenchida ou não conseguiria me acalmar e curtir a noite com os amigos.


Enfiei os dedos dentro da minha vagina até onde pude e fechei os olhos mordendo os lábios para não gritar. 3 dedos socados dentro de mim e outros dois molestando meu clitóris e os pensamentos no pênis de um macho, no pênis de meu marido, Leonardo.

Era bom sentir que era dele e que ele tinha o total domínio sobre meu corpo e vontade, que ele poderia me comer a hora que quisesse e sempre que pudesse.

Esfreguei os dedos com força arrancando mel por entre minhas pernas e me segurando para não gemer alto e gritar no restaurante que queria rola, que precisava de pau para me acalmar...Os pensamentos são, sem sombra de dúvida, nossos maiores libertadores. - Quero essa pica aqui dentro me enchendo... Enche essa sua vagabunda, enche! Dizia em pensamentos me molestando enquanto amassava meus seios com a outra mão.
- Narceja? Você está ai? Perguntou uma de minhas amigas.
- Sim... Saio já... Respondi com ódio e já gozando, soltando meu alivio para fora do meu corpo.
Fechei os olhos por alguns minutos a mais e focalizei na rola de Leonardo, na sua cabeçona rosada e no saco fedido de macho. Os pêlos em volta pretos e a cor cinza de seus testículos me faziam ranger os dentes e anunciar meu gozo farto e cheio em meus dedos.
- Já vou, disse.

Me acalmei por alguns instantes para que não notassem meu fôlego alterado e tirando os dedos de dentro de minha vagina os limpei no vão das minhas coxas. Lavei as mãos e voltei pra mesa mais tranquila e capaz de passar mais algum tempo dentro daquela “jaula social”.
- Demorou amor! Disse Leonardo já com segundas intenções.
- Tive um problema no vestido... Respondi tímida.
- Bem, nós já vamos! Disse meu marido levantando e se despedindo dos amigos.

Minha vagina piscou na hora ainda se acalmando do orgasmo anterior e já se preparando para ser violentada por um pau de verdade.
Despedimos-nos dos amigo sempre trocando olhares insinuosos e sacanas.
Em direção ao carro, Leonardo soltou: - Você fez...?
- Curioso você... Disse sem responder.
- Fez ou não fez? Voltou a perguntar .
- Sem comentários... Disse.
- Fez vagabunda que eu sei! Respondeu ao se aproximar do carro.
- Vem ver então! Provoquei.
Leonardo me encostou no carro no estacionamento do restaurante e levantou meu vestido enfiando a mão por entre as minhas pernas, enfiando os dedos dentro da minha vagina arrastando um pouco de meu mel com ele, mostrando-me em seguida e depois colocando seus dedos dentro de minha boca disse :
- Não aguenta ficar sem rola um minuto não é?
- Você sabe que não... Confessei.
- Entra no carro que vou te foder igual cadela de rua hoje!

Entramos no carro e vesti meu papel de puta beijando-o na boca e sentindo o gosto de sua língua quente enquanto pegava no seu pênis por cima da calça.
- Mama ele enquanto dirijo! Pediu.
Abri sua calça enquanto Leonardo dava a partida no carro e pude matar minha fome sentindo o gosto daquele cacete duro passando por entre em meus lábios.
- Mama que quero que vejam a putinha que eu tenho.
Não me importava mais com nada, queria apenas sentir aquele pênis dentro de minha boca e ouvir suas palavras de comando, meu marido, meu dono.
Leonardo passou perto de um ônibus de propósito e ouvi alguns homens gritando:
- Mama vagabunda!!
- Safada...
- Goza na boquinha...
Então nessa hora, Leonardo estacionou o carro em uma rua mais escura e me mandou sentar no seu pau. Já sem calcinha, subi em seu colo e sentei com tudo em seu pênis melado deixando-me ser preenchida pelo meu macho, o homem que amava e que havia escolhido para ser meu dono.
- Senta... forte... Dizia.
- Gostoso... Ai... Como é bom ser comida... Enquanto gemia cravada em seu pau, pensava apenas no seu gozo se aproximando e no milagre que é ver um homem se acabando dentro de sua fêmea: - Quero leite grosso! Pedi. Era o sinal para deixá-lo como queria, completamente primitivo e sem rumo, animal em si, homem e macho.
- Pois vou te encher de leite quente e é agora safada! Toma leite! Gemeu e soltou a primeira golfada de leite dentro de mim, me enchendo por inteira e continuou metendo sem parar já anunciando que meteria duas seguida sem intervalo, proeza para poucos homens, a maioria dá uma e dorme.
- Quero mais... Pedi.
Leonardo meteu novamente e disse que me encheria de leite de novo, para que eu aprendesse a esperar por ele.
Sentia as estocadas fortes enquanto via e ouvia os carros passarem por nós e pensava em toda aquelas pessoas ali no restaurante com suas vidinhas sociais e vazias... Se elas soubessem....
- Vai aprender na pica a me esperar ! Dizia enfiando forte novamente.
Em uma estocada, senti que iria gozar e avisei: - Mete mais que vou gozar!
Meu marido então apressou as estocadas e meteu até me arrancar lágrimas:
- Chora na rola... Chora para aprender. Chora!
Gemi alto levando um tapa na bunda e gozei sentindo logo em seguida o creme quentinho e denso do Leonardo.
Ainda fiquei me contraindo um pouco em cima de seu pau cansado e sentido o frenesi de meu orgasmos na escala decrescente me acalmar e me transformar na mulherzinha carinhosa de meu marido. Era um espetáculo voluptuoso tal ambiguidade de meu ser.
- Eu te amo muito. Disse me beijando.
Após o beijo, abracei-o forte montada ainda nele, sentindo suas carnes suadas e seu coração bater apressado. Repousando sobre seu peito e sentindo com minhas mãos sua barba mal feita, seus traços masculinos, me senti mulher, frágil em sua essência, doce e extremamente feminina.
- Eu te amo, por que você é meu homem! Susurrei em seu ouvido.

A verdadeira razão de existir está no espírito desse tempo. A “jaula social” não é nada além do nosso próprio medo de pensar e proceder totalmente em desacordo com o que é comum para os cegos de ideias e opiniões.

A promiscuidade nada mais é que o fracasso de todas as tentativas de fuga dessa “jaula social”. A regra é ao contrário, e agora é admitida como lei .

A mulher não está fácil e existe homem fiel! O contrário do comum é usualmente empregado como impossibilidades e paradoxos sociais. Ou talvez quem sabe... O pecado não esteja em ser “puta” ou ser “galinha” mas em pensar...

sábado, 19 de dezembro de 2009

O Peru de Natal

O aroma emitido pelo assado no forno invadiu o ambiente da casa embriagando as narinas do rapaz que se deixou levar a cozinha seduzido por aqueles odores. Diante do forno, contemplou através do quadrado protegido pelo vidro temperado o peru de aproximadamente cinco quilos sendo preparado para a ceia natalina. A ave jazia dentro de uma assadeira retangular, mergulhada no caldo que ela mesma gerara, produto do cozimento a alta temperatura. Uma camada crocante, dourada, já se formara, bronzeando-a por inteiro. Batatas corando circundavam o peru como um colar de pérolas, tornando-o ainda mais atraente aos olhos do rapaz. Sua boca encheu-se de saliva e ele sentiu o membro endurecendo por dentro das calças. Pensou em trancafiar-se no banheiro para uma rápida sessão de onanismo, mas o desejo pela ave natalina falava mais alto. Conteve-se.
Mais tarde, a mãe tirou o peru do forno e o deixou em cima de uma mesa na cozinha. A preciosa jóia da culinária permaneceu esfriando enquanto o rapaz a espionava de canto de olho e coração aos pulos. As coxas do peru, carnudas, dispostas na lateral do corpo eram incrivelmente semelhantes, nem um milímetro de diferença entre ambas, coxas gêmeas, convidativas, que guardavam como dois leões-de-chácara a o grande orifício onde antes exista a cloaca do animal. A visão do buraco pingando gordura enlouqueceu de vez o rapaz que, encontrando-se a sós com o peru, arriou as calças até os joelhos e, de pé, invadiu com sua pica empedrada pela libido adolescente a cloaca do peru. Sentiu sua vara sendo engolida pelas carnes mornas do interior da ave e a penetrou por completo até a glande tocar em algo arenoso, que o rapaz julgou ser a farofa do recheio.
Acomodou-se melhor dentro da sua fêmea e iniciou uma série de estocadas ritmadas, inicialmente curtas, aumentando a velocidade e o furor até atingir o gozo, que inundou por completo a galinácea. Os pentelhos do rapaz estavam engordurados e o membro, ao ser retirado, apresentou-se coberto de gordura, fiapos de carne e uma mistura de farofa com esperma. Tentou refazer-se da sua aventura necro-zoofílica, levantou as calças e foi para o banheiro lavar-se.
Durante a ceia, quase todos detestaram o peru de natal, achando-o meio passado no gosto, algo azedo. O filho mais novo nem quis tocar na comida. Já o pai, enquanto mastigava um tanto contrafeito, disse que iria reclamar do supermercado após o natal. O único membro da família a apreciar a ceia foi uma tia viúva, na casa dos oitenta, que comia com sofreguidão os nacos da ave e ao mesmo tempo tentava buscar nos labirintos de sua já enfraquecida memória o porquê daquele peru provocar-lhe lembranças do falecido marido, morto há quase 30 anos.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

SONHOS REDES / COBERTOS- Ivy Gomide





Aberta, faminta



a buscar goles



vai a boca na esquina



lambe desejos



vai a boca



encontrar prazer



nas linhas do universo



deglute



come e sorri



a vida dá



goles e



sonhos



sedimentados



esperas



dentro de lágrimas



mora o cristal



aperta, corta e brilha



lapida



ama



delira



e sonha



cada vez mais



cada vez mais...

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

*** TRANSANDO NA ESCADA ***


Achamos que nunca vai acontecer com a gente. Eu sempre pensava que isso era uma bobeira, que só acontecia isso com quem não presta atenção nas coisas ou ainda com quem gosta de se exibir. Mas quando me vi nua, ali no corredor do hotel, mudei de opinião sobre o fato...

Eu havia feito um pedido e a copeira, quando deixou o meu jantar, disse-me que eu poderia deixar a mesinha do lado de fora do quarto, pois depois passaria pra pegar. Eu estava de roupão apenas, sem nada por baixo. Como estava quente, mesmo com o climatizador ligado, eu resolvi jantar nua... Adoro isso! Sinto-me livre, liberta, poderosa...

Degustei meu jantar com um dos vinhos maravilhosos que só se encontram ali no Porto, sentia minhas faces coradas e na verdade estava um pouco altinha... Eu já tinha bebido mais de duas taças antes de comer qualquer coisa... O vinho fez efeito rápido no meu estômago vazio...

Talvez seja por isso que fiz a loucura de abrir a porta nua mesmo, claro que olhei pros dois lados do corredor pra ver se vinha alguém. Como estava tudo deserto e já era bem tarde eu empurrei o carrinho pra fora, e quando o encostei na parede e virei as costas pra entrar no quarto... A porta havia fechado...

A corrente de ar ali era grande e fez com que a porta batesse. Nem senti desespero, não adiantaria desesperar-se. Cai numa gargalhada que não queria me deixar a nenhum custo, sentei-me ao lado da mesinha e ri até não mais poder! Só congelei na hora que o elevador se abriu...

Um casal saiu do elevador, estavam tão compenetrados numa conversa que não me perceberam ali, e tampouco passaram por mim, pois entraram no primeiro quarto do corredor...

A porta do elevador se fechou, mas vi que um homem me olhou curioso. Não passou nem um minuto o elevador se abriu novamente despejando mais alguém no meu andar... Eu não abaixei a cabeça nem nada quando o desconhecido, que percebi ser o curioso do elevador, perguntou-me o que havia acontecido... Meio com uma risadinha cínica...

Eu contei rapidamente o fato e disse que estava precisando mesmo tomar um ar... E dirigi-me pro lados das escadas, uma escadaria extensa em madeira, em estilo antigo...

Aquele homem olhando minha bunda, meus seios, o vinho que esquentava meu corpo e a adrenalina que eu sentia por estar ali nua com um desconhecido e podendo ser vista por outras pessoas, fez com que meu tesão fosse às alturas...

Olhei profundamente pro cara que me estava ‘comendo’ com os olhos e perguntei se tinha um cigarro. Ele deu-me um e fez menção de ser gentil em acender, quando olhou minha boca entreaberta, num convite pra ser beijada e não resistiu. Colou a dele na minha...

Eu beijava faminta. Comia seus lábios, sua língua, invadia sua boca com meu hálito quente e exalando vinho. Puxei-o pra mim e fui desabotoando sua camisa. Tudo ali sumiu. Esquecemos onde estávamos e suas roupas foram descansar no chão enquanto nossos corpos se procuravam...

Penetrou-me com uma bela e deliciosa estocada. Encostada como eu estava, no peitoril da escada, abri bem minhas pernas e joguei meu corpo pra trás. Meus gemidos ecoavam pelo ambiente...

Sugando meus seios com força e estocando com mais rapidez gozamos ali no corredor... Os dois nus, num crescente de excitação e loucura que os locais inusitados pra sexo podem provocar...

Foi ai que ouvi um barulho, era a porta do elevador que dali uns segundos se abriria novamente.

Foi tudo tão rápido... Eu corri para o quarto, fechei a porta...

Olhei pelo olho mágico e vi que o homem ficara ali, totalmente perdido e sem ação.

Eu tinha esquecido o cartão magnético que abria a porta, junto à mesinha... E quando vi que o elevador se abriria, meu olhar em microssegundos pousou ao lado do prato de salada onde pude ver nitidamente o meu cartão salvador...

Entrei correndo pra não ser vista, claro... Mas não sem antes pegar no chão, as roupas do homem...

Fui dormir extremamente feliz, depois de um banho rápido. O sono logo fez com que minhas pálpebras pesassem. Ao longe ouvia alguém batendo na porta...

...

LadyM

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Fantasia



(Me Morte)

Olhando a tela
Em fuga
Fujo
Fui

Até você
Até aí
Olá
Cheguei

Abrace minhas letras
Apague o que fui
Me escriture
E tome posse

Sou tua agora
Feche os olhos e goze
Agora pode
Agora fode

Nas letras podemos sonhar...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Comportamento inadequado



por Vertigo



Eu não podia deixar de mostrar meu assombro com o que vinha acontecendo. Olhava para a tela do computador e pensava em como dar um fim naquele conto com aquela situação desconfortável martelando minha mente. Conhecia a Paula e sabia que ela não era disso, não era dessas. Ainda que eu também compreendesse suas angústias e destemperos, a vontade que tais sentimentos instigam deve ser reprimida, para o bem da manutenção de algo maior. No caso dela, o matrimônio.


- Eu sei, Jacqueline. Você está certa. Isso não devia ser assim, meu casamento não foi de brincadeira, você, melhor que ninguém, sabe disso, assinou o livro da igreja como testemunha, você foi minha madrinha.

- Pois então, Paula. Antes de mais nada, sou sua amiga e por isso mesmo que te dou esses conselhos. Mesmo que você não estivesse bem com seu marido, eu não aceitaria isso. Não é coisa de mulher direita, de mulher casada.

Paula consentia com minhas ponderações, mas no íntimo eu sabia que sua briga interna entre o que sentia e o que queria parar de sentir não se resolveria com pequenos exemplos de boa conduta, de dizer que quem entra num relacionamento contratual não deve trair. Não é mero ensinamento de etiqueta aprendido na escola, trata-se de caráter, de ética cristã, solidificada em séculos.

- Ele me chamou pra sair de novo, Jacqueline. O problema não é o convite em si, porque do jeito que estou contando aqui parece que foi com poucas palavras. Mas é o jeito como ele faz, como ele me envolve. Tenho estado muito sozinha... ando meio carente.

Paula não completara dois anos de casada, mas de fato estivera poucos meses com o marido sob o mesmo teto. O trabalho do sujeito não permitia que ficasse sem viajar por mais de três semanas. Com longos períodos ausente, sua esposa tentava manter o núcleo familiar imaculado, sem saídas com o pessoal do trabalho, sem diversões extras. Ela é séria e vinha conseguindo. As tentações, Paula deixava por minha conta, que, agindo como uma psicóloga fervorosa, seguia demovendo os possíveis pensamentos volúveis da amiga.

- Você recusou, não é?

Um vácuo revelador bastou para que eu percebesse que minha missão protetora começava a falhar.

- Amiga, não... Acabamos saindo, mas não fomos longe, fomos a um barzinho aqui perto de casa.

- E aí ele te levou em casa depois e ficou nisso, né?

- Mais ou menos isso... quando me trouxe em casa aconteceu. Eu juro que não queria, que virei o rosto, mas aconteceu, a gente se beijou...


* * *



Sei que o que fazia era errado. Que alguém, em algum período da História, estabeleceu que aquilo era algo que afrontava os mais elementares conceitos de boa conduta. Traição, sim, vil e baixa. Mas, eu não estava disposta a servir como pára-raios de todos os males da humanidade. Comportamento inadequado, que grande balela! Ser humano é ser egoísta e perverso desde sempre, e, pra mim, durante aqueles minutos mais do que nunca.

Jairo se esmerava em me satisfazer e só isso bastava para que meu suposto arrependimento se transformasse em depravação, desejo por mais pecado, por mais sacanagem. O caminho trilhado por sua língua já era bem íntimo, cada vez mais indisciplinado e úmido. Por mim, eu ficava ali assim até meu marido voltar de mais uma de suas intermináveis viagens. Não, não... mentira. Eu pararia antes para poder chupar aquele pau também. Não poderia me refutar a retribuir-lhe o prazer. E quanto mais humilhação pro marido, mais o amante gosta. Vê-la chupando seu pau ajoelhada é o apogeu. Nesse caso, mais devasso ainda saber que ela é a melhor amiga da esposa.

O gozo fingia que vinha, mas era suspenso. Não poderia estragar a festa assim. Em nossa primeira vez, ele não suportou a pressão e ejaculou em minha boca. Fiquei puta! Não pelo fato em si, é claro, mas porque não soube esperar. Havia uma surpresa pra ele naquele dia, no dia em que terminaria meu livro de contos. Queria por trás, de quatro. E no fim ele ainda decidiria o que queria de mim afinal. Queria tudo? Só uma parte? E ele deixou a perder no prefácio oral. Agora era diferente, e ele tinha ciência plena. E mais que isso, ele tinha tempo.

Com ele eu gostava de virar puta mesmo. Não havia frescura. E esse sentimento rugia tão forte dentro de mim, que era difícil tentar explicar o que era permitido. Quando ele entendeu que era tudo, largou de ingenuidade e passou a explorar com mais virilidade o que eu lhe estava ofertando. Esse era o nosso terceiro encontro e, certamente, vinha sendo o mais integral, sem pudores, sem receios, sem culpa.

Sedenta, pedia rouca que me invadisse, que fizesse desejasse, o que sempre quis, o que queríamos. Minha buceta o comprimia como se aquele pau fosse mais íntimo do que o do Gilson. E era mesmo, pau grosso e quente, estúpido e faminto. Como era bom aquilo, aquele gosto de ser puta, vadia, uma vagabunda qualquer. Os xingamentos eram mais suaves do que as sensações que faziam meu corpo convulsionar em orgasmos. Um, dois, diversos. Não me prendia em contagem, só queria rola, rola de todas as formas.

Jairo entendia e prendia o gozo para um grand finale ainda mais emocionante. Dilatado ao extremo, com uma cabeçorra quase rachando de tão inchada de sangue concentrado, virou-me de quatro. Anal com meu marido era raro, coisa de mulher certinha, com um comportamento adequado ao ambiente familiar. Diferente do que estava acontecendo agora, que eu queria mesmo ser estragada pelo marido da Paula. A Paula do meu conto, da minha imaginação, que agora ganhava vida legítima, vida como uma chifruda, como nunca desconfiara, mas que sempre fora.

No fim, ele queria aquilo que todo homem quer. É, na realidade, o máximo em perversão, mas com um toque humilhante, que faz toda a diferença. Meu marido não merecia aquilo. “Seu cuzinho é muito mais tesudo que o da Paula”, revelou enquanto experimentava o prazer na sodomia. “Nem meu marido faz assim...”, entreguei, ainda sentindo seu pau invadir pouco a pouco. Os olhos apertados no começo, acreditando que assim a dor sumiria mais rápido. Logo eu era pura vontade. E todas as variáveis envolvidas naquele jogo tornavam meu prazer anal ainda mais forte.


* * *



A tarde caía acinzentada, fria e chuvosa, pedindo um fondue com um bom vinho. Uma transa gostosa e demorada logo após e a noite estaria selada com chave-de-ouro. Tudo estaria perfeito nestas condições, exceto por Paula e seu problema que não me saía da cabeça. Aquilo me intrigava mais do que a situação em si, pois o problema era dela, ainda que eu fosse sua melhor amiga. Eu estava afetada e não queria aceitar. Se não fosse isso, o que explicaria meu pensamento fantasiar de forma tão despudorada enquanto estava com meu marido? Por que o esposo da minha amiga surgia na minha mente em insights totalmente despropositados? Não só aparecia como se situava, jogava conosco o jogo da sedução. Chupar dois paus é coisa que pouca prostituta faz, e eu ali, com aqueles relances diabólicos na cabeça quando estava apenas fazendo amor com o homem da minha vida.

- Oi, Jacqueline, tudo bem?

- Oi, Paula, tudo ótimo.

- Como está o trabalho com o seu livro de contos eróticos?

- Ótimo. Mentiram pra mim dizendo que eu sabia escrever e eu acreditei. Agora estou fechando o último conto e aí vou enviá-lo para revisão. Acho que antes do fim do ano está publicado. Por sinal, esse último está muito quente e psicótico.

- Qual o título?

- "Comportamento inadequado". Título que também dá nome ao livro. Um conto sensual onde o pecado não deveria existir, e que, por se fazer presente, tudo acaba adquirindo um contorno imprório. E quanto mais errado, mais orgânico se torna. É provisório, mas acho que está muito pertinente.

- Essa atitude é tudo o que eu não queria ter.

- Como assim, Paula?

- Não sei bem como definir, Jac, mas acho que não ando bem... emocionalmente, eu quero dizer. Tenho tido um comportamento parecido com esse do título da sua história. Casada com uma pessoa e amando outra... a pessoa errada. Ou eu que sou a errada, sei lá. Você já sabe do que estou falando.

As conversas com a Paula, quando entravam por esse pântano lascivo, ficavam cada vez mais perigosas.

- O que foi, Paula?

Eu sentia que estava absorvendo os problemas da amiga. Para livrá-la deles eu estava quase vivendo-os.

- Saí com ele novamente. E dessa vez rolou mais que beijos.

Ou então, eu estaria com inveja. Sim, esse era o motivo real que eu queria tampar para não assumir. A puta da minha amiga fodia descaradamente com um amigo enquanto o marido viajava a trabalho e eu, naquela de ditar moral e regras de comportamento, sentia, no fundo, uma escrota vontade de estar fazendo o mesmo.

- Você está brincando, Paula.

- Não, Jacqueline, nós transamos e o pior é que gostei. Gostei demais.


* * *



O passeio de suas mãos por meu corpo não era só provocante, erauma sensação que misturava completo engano ao mais sublimetesão. Essa era a raiz da entrega. Ele sabia disso. Também gostava dessa traiçoeira fuga do cotidiano, de manter esse comportamentocondenado pela sociedade. Quem não trai não sabe o que é oorgasmo genuíno, o verdadeiro encontro com a natureza humana.“Mete, isso, mete no meu cuzinho... ele é só seu, você sabe”. “Só meu? E do seu marido, ele também é?”. “Não, seu bobo, só você come, ai... só você... aquele corno vive só da minha promessa... e nem sabe que pra você já é realidade!” Jairo urrava com as minhas palavras. Entravam em seus ouvidos como uma sinfonia doce que, aliada ao entra-e-sai, formavam a pólvora de seu gozo.

“Vadia! Você fode melhor que a Paula! Melhor que qualquer uma que já enrabei!”. “A Paula rebola como eu?”. “Não!”. “Dá o rabo com esse gosto?”. "Não! Tenho que implorar... ela é fresca... você é vadia!”. “E que tipo de comportamento você gosta?”. “O errado, o mais pervertido possível!”. “Filho da puta! Você não vale nada! Isso, mete mais no meu rabo, esfola... isso é o que você quer, não é?”. “É, vadia! Galha no corno do teu marido...”, “...e galha na donzelinha da tua esposa!”. Nossos gritos se completavam quase como estrofes satânicas, versos malditos que harmonizavam entre si, mas queimavam a ética dos bons costumes. A hipocrisia humana ia sendo reuzida a mera fudelança de cú naqueles instantes intermináveis, doces para nós, amargos para quem amávamos.

Ficamos deitados ainda algum tempo refletindo nas nossas atitudes adolescentes, tão gostosas quanto inconseqüentes. Era isso que queríamos? Não, não era. Infelizmente, eu poderia dizer que estávamos bem. Jairo ainda se superava e matinha sua interpretação cínica comigo, que entendia e seguia no mesmo jogo sórdido. Mostrava interesse em meus assuntos particulares para tentar me convencer de que o que mantínhamos era mais que sexo. Era um grande cafajeste, sem dúvida.

- Como vai o livro que você está escrevendo?

Bem lembrado. Não poderia esquecer de reinventar um nome para a minha protagonista.


* * *



- Gostou demais?! Que isso, Pâmela?
Silêncio.

- Gostei, vou dizer que não? Minto pra todo mundo, menos pra você. Sei que você não vai me chamar de puta, que vai entender meu problema.

- Foi rápido, só para matar a vontade, né? – desejava imensamente que menos coisas tivessem ocorrido. Eu me corroía de ciúmes, de inveja, de vontade de dar também. Porra! Que merda é a vida. Uma putinha dondoca que não conhece nada de nada e já se entrega a um amante. E eu escrevendo contos eróticos para entreter burguesinhas mal amadas.

- Fizemos oral. Senti o que nunca sentira antes. Foi mágico. Ele nem chegou a pedir, mas eu desci e chupei o pau dele... deu um arrepio quando aconteceu isso. Nunca tinha feito isso em outro homem. Ele vibrou, não me deixava parar. Ajoelhei e fiz como uma donzela que perde os pudores. Essas são mais vagabundas que as putas de berço.

- Ah, essa não, Pâmela... você chupou o pau do cara?! Nunca se faz isso com um amante! Você já errou em dar pra ele, mas isso é demais. Uma coisa tão íntima...
Decepção. Quando a mulher se predispõe a isso, é o fim. Como elairia olhar novamente para seu marido? Com aquele gosto de porra de outro na boca...

- Você é uma amiga muito pura, Jacqueline. Vou parar de contar as merdas que tenho feito. Estou envergonhada. Acho que não dá para falar sobre isso com ninguém, muito menos contigo. Estou péssima... aquela não era eu. Esse não é meu comportamento. Não resisti aos meus instintos e agora vou viver com a culpa.

- Comportamento inadequado, Pâmela. Isso não combina contigo. Isso é só o título de um livro, de um conto erótico. Coisa feia. Você é casada! Pense nisso, no que os outros vão falar. Ou é pedir muito?

- Sei disso... mas não resisti. Acho que por isso mesmo. Por ter tido esse comportamento adequado por toda minha adolescência... namoro na sala, comportada... acho que me libertei. Preciso de tempo.

Eu estava incrédula. Não havia o que dizer. “Chupei o pau dele, sim”. Aquelas palavras feriam minha mente. A verdade é que eu estava corroída de inveja e angústia por não viver sua libertinagem. “Agora ele me quer por inteira. Meu marido quis e eu não dei. Ele vai ter que suar para comer minha bundinha. Mas, no fim, tudo acaba da forma como eu quero!” Seu comportamento inadequado havia quebrado a barreira do normal e ela agora estava mais convicta do que nunca sobre o rumo de sua vida. “Vigorosa sessão de sexo anal com o amante, sem juízo e sem arrependimento! Não adianta lição de moral, Jacqueline, porque é isso que vai fazer seu livro vender como nunca.” Não havia mais argumentos. Eu não tinha mais o que fazer a não ser viver o delírio daqueles dois mundos distintos, o meu e o dela, que agora se entrelaçavam. Olhei para a tela do computador e vi o cursor piscando na última linha pedindo definição.

- Vou ter que deligar, Jac. O Jairo acabou de chegar e agora já não sei como vou encontrar coragem para encará-lo.


* * *



Ficou bom. Só não poderia me esquecer de trocar esse nome também.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

MALVADO- JPalmaJr




"pego
teus cabelos
pela nuca,
e dirigindo
o teu rosto
vou fazendo-te
lamber meu corpo
em volteios

sobre a pele
os teus lábios
desenhando
em fogo
brando
as borboletas
que não voam
já encharcadas
de desejos...

em cada toque
tua língua
a espiralar
em meu
brinquedo
enquanto
brincas
de engolir
os meus
segredos

a dança lúbrica
dos teus beijos
pinta de amor
cada lugar
aonde tua boca
eu colocar..."

domingo, 6 de dezembro de 2009

INCESTO 2

Em duas ocasiões tive que enfrentar situações cruciais. Uma é atual, sofri um grave acidente que me deixou em estado crítico. Ainda estou em convalescença. A outra aconteceu há alguns anos. Foi um fato extremo e suas conseqüências me deixaram muito mal. Foi tão grave que afastou minha filha do convívio com a família.
Às vezes a vida parece que conspira contra nós. Éramos uma família comum, nosso relacionamento harmonioso chegava a despertar inveja de alguns conhecidos. Diferente de outras famílias, resolvíamos nossas diferenças através do diálogo franco.
As informações necessárias, para enfrentar as fases tidas como complicadas, eram apresentadas sem rodeios. Dessa forma, nossos filhos sabiam como se portar diante das experiências que viviam.
Quando minha filha tinha vinte anos, mantinha um namoro de quase dois anos. As atitudes do namorado a deixavam segura daquilo que poderia esperar do compromisso que mantinham.
Sexualmente eles se comportavam como a maioria dos jovens de usa idade. A única exceção era que minha filha não concordara, ainda, com os finalmente do ato. Eles iam até onde ela considerava aceitável.
Quando disse que a vida conspira contra nós, foi porque os fatos, que afastaram minha filha, não teriam ocorridos se tudo não tivesse fugido de nossa rotina. Mas não foi assim que tudo aconteceu.
Minha esposa precisou se afastar por uns dias. A empresa onde ela trabalhava a enviou para um encontro com clientes recém adquiridos. Além de a cidade ser distante, o encontro ocuparia oito dias. Meu filho estava em férias e viajando com amigos.
Em uma determinada noite, estava me preparando para dormir quando minha filha chegou em prantos. Seu estado alterado deixou-me preocupado. Como era comum em situações semelhantes, acolhi-a em meus braços acariciando-lhes os cabelos enquanto ela chorava.
Depois de ter se acalmado, começamos a conversar. Ela contou que havia decidido que era hora de permitir que seu relacionamento fosse mais além. Havia ido a um motel para poder entregar-se com mais liberdade.
Só que a noite que deveria ter sido a mais maravilhosa de todas, acabou se tornando a mais horrível. O namorado não soube respeitar sua sensibilidade feminina. Agiu como se ela não passasse de um objeto destinado a seu prazer pessoal. Sua dor era tamanha que ela bradou, por diversas vezes, que jamais voltaria a se entregar a alguém.
Tive que esperar a tormenta passar. Não era saudável que ela assumisse uma posição tão radical apenas por que um crápula a havia decepcionado. Mas como lhe mostrar que o sexo não era um monstro que nos devora? Antes não tivesse encontrado uma maneira.
A noite toda ela se deixou ficar em meu colo. Estava tão habituado aquele contato que em nenhum momento percebi o perigo que estava correndo. Só fui dar conta de tudo quando já era muito tarde para retroceder.
Assim que ela despertou tivemos uma conversa muito séria. Tentei, de todas as maneiras, demovê-la da idéia de se fechar em sua dor. Não sei se por sentir-se ferida ou se por estar revoltada, o certo é que sua reação foi estarrecedora:

-- Não quero mais! Homem nenhum vale a pena!
-- Não seja tão dramática. Ainda vai encontrar alguém que a satisfaça, que saiba atender suas expectativas.
-- Será? Será que você consegue atender as de minha mãe?

Como se tivesse sido atingido por um bofetão, recuei e desabei sobre o sofá. Nunca tivemos reservas sobre qualquer assunto, mas sempre nos respeitamos fazendo colocações apropriadas; em sua revolta ela me agredia.

-- Filha, sua mãe e eu...
-- Eu sei! Ela é afortunada por ter conhecido você.
-- Não sou o único.
-- Se pudesse me mostrar o que é sentir prazer com esta porcaria de sexo!

Relevei sua agressão por saber que ela estava alterada. Decidi que não era o melhor momento para continuarmos o diálogo. Deixei-a entregue a suas indagações e fui para a empresa onde trabalho. À noite poderíamos nos entender.
Chegando em casa, encontrei minha filha jogada sobre o sofá. Por seu aspecto conclui que ela ainda estava se sentindo muito mal. Pelo visto a experiência havia sido mais traumática do que imaginei.

-- Ainda pensando no que lhe aconteceu?
-- O maldito teve a cara de pau de me ligar e perguntar se estava tudo bem.

Compreensível que ela estivesse mal. É certo que, hoje em dia, as pessoas já não valorizem mais tanto o lado afetivo de um relacionamento sexual, mas existem exceções. Minha filha parecia ser uma delas.

-- Por que não vai tomar um bom banho e saímos para espairecer um pouco?

Um jantar silencioso e duas jornadas tão mudas quanto o resto da noite. Seus olhos estavam sempre marejados e os suspiros, que lhe escapavam, me deixavam angustiado.
Novamente em casa, deitei-me no sofá enquanto ela ia até a cozinha. Enquanto me preparava para ir dormir, ela chegou lentamente, foi se aconchegado em meus barcos e logo estava grudada em mim.

-- Precisando de colo?
-- E de carinho, também.
-- Pelo menos isto estamos tendo de bom.
-- O que?
-- Há muito que não temos um tempo para nós.
-- Também sinto falta disso.

A mansidão e o silêncio nos envolveram em uma letargia absoluta. O sono não demoraria a chegar. De repente, senti um toque mais direto em meu membro. Olhei para minha filha e, para meu assombro, ela estava bem acordada.

-- O que faz?
-- Ele está tão duro.
-- Filha...
-- Pai. Por que não podemos?
-- Mas que absurdo, você é minha filha!
-- E não seria certo que você pudesse me dar àquilo que não consegui? Não é obrigação dos pais promoverem a felicidade dos filhos?
-- Não neste sentido.
-- Por que não?
-- Por que? Oras, porque... por que...

Antes que uma boa explicação me ocorresse, ela voltou a tocar meu membro. A suavidade de seu toque era tão afável que tudo começou a rodopiar. Num misero segundo, pareceu que toda realidade se esvaiu em uma armadilha impossível de ser evitada.
Insistentemente ela foi massageando meu membro. Mesmo o fazendo por sobre as calças, podia sentir a excitação ir se avolumando num crescente que jamais havia sentido.
Meu relacionamento com minha esposa é o mais aberto possível. Não ocultamos nenhum desejo, não recusamos nenhuma forma que possa nos trazer prazer. Somos um casal desencanado em matéria de sexo.
O som áspero de dentes se soltando fizeram minha atenção se voltar para o momento presente. Ela estava abrindo o zíper de minhas calças. O membro ansiava por sentir o calor das mãos que o tocavam.
Assim que o teve a sua vista, ela o cingiu com a delicada mão. Segurou-o como se estivesse na posse de um objeto delicado. Fez seus dedos passearem por todo co corpo.

-- Ele é tão grande e grosso! Como mamãe agüenta tudo isso?
-- Acho que já fomos ponde demais.
-- Não. Ainda quero mais.
-- Mas filha...
-- Deixe que eu o sinta inteiramente.

A ação executada foi mais rápida do que minha vontade de recuar. Onde antes estava uma mão tépida e suave, a umidade causou frisson. Olhava para a cena e não conseguia acreditar. Minha filha chupava meu membro.
As deliciosas investidas estavam me deixando tão louco que não tinha mais noção de nada. Quem me chupava perdeu sua identidade passando a ser uma amante maravilhosa. Sentir sua boca engolindo meu membro me fez delirar.
Acompanhei sua performance de modo a deixá-la a vontade para ir até onde desejasse. Posso segurar meu gozo por tempo indefinido. Mesmo quando suas sugadas se intensificaram, controlei minha excitação.
Interrompi suas chupadas com suavidade. Acariciei-lhe os cabelos, segurei-a com firmeza conduzindo-a para o quarto. Tão lentamente como me foi possível, despi toda sua roupa.
Antes mesmo de beijar-lhe a boca, afundei-me em sua xoxotinha. P aroma adocicado me inebriou. Investi minha língua com um pouco de exagero, ela demonstrou ter sentido.
Aliviei minha pressão passando a chupá-la com mais suavidade. Toda vez que minha língua sumia em sua xaninha, ela delirava e urrava. Não demorou em que eu passasse a dar o mesmo tratamento a seu anelzinho. Ela vibrava quando minha língua penetrava seu buraquinho.
Não era minha intenção levá-la ao auge, mas diferente de mim, ela não conseguiu se segurar. Apertou minha cabeça contra sua vulva, fincou as unhas em meu couro cabeludo e extravasou seu tesão.

-- puta que pariu, você é maravilhoso!

Ouvir minha filha referindo-se a mim como um amante capaz de levá-la ao delírio, deixou-me atordoado. Ao mesmo tempo em que me sentia feliz por saber que sou capaz de contentar qualquer mulher, me senti um crápula por estar transando com minha própria filha.
Não tive tempo para me recriminar. Com seu jeito inexperiente e sua vontade descontrolada de apagar a péssima impressão que tivera em sua tentativa de ser amada, ela procurou sentar-se sobre meu colo.
Inútil dizer que não consegui impedi-la. A dificuldade, em fazer meu cacete penetrar aquela xoxotinha ainda virgem, foi árdua para ambos. A fricção entre meu membro e as paredes de sua xaninha provocou desconforto leve e passageiro. Quando senti que ela havia se afundado todo cacete em seu interior, sua bundinha tocou meu colo, relaxei.
Com nossas cabeças quase a mesma altura, ela me fitou em silêncio. Não deu tempo para evitar, apenas para corresponder ao lânguido beijo que ela me deu. Nossas línguas se enroscavam famintas. Os lábios pareciam colados de modo indelével.
Aproveitei seu entusiasmo em me beijar e comecei a mover meu quadril. O membro passou a entrar e sair de sua xoxotinha. Ela percebeu minha atitude premindo ainda mais sua boca contra a minha. Os corações batiam acelerados, as pulsações tendiam a uma convulsão desvairada. Num movimento mais veloz, ela me empurrou de encontro ao colchão.

-- Deixe-me cavalgá-lo.

Foi exatamente o que fiz. Cerrei os olhos e fui acompanhando seu movimento de sobe e desce. O desconforto inicial se fora e o prazer de sentir meu membro engolido por uma xaninha tão apertada me deixava enlouquecido. Os gemidos que ouvia serviam para aumentar minha excitação. Além de subir e descer, ela começou a rebolar sobre meu colo. Senti-me extasiado.

-- Vai gozar na xaninha de sua filha, vai?

Gozar em sua xaninha! Alarmei-me. E se acontecesse de engravidá-la? Muitos namorados se viam em uma enrascada num único encontro mais íntimo. Não podia permitir que isto pudesse acontecer, não era preciso manter um pouco da razão.

-- Não. Talvez em seu cuzinho.
-- No cuzinho dói.
-- Sei como fazer para que não sinta muita dor.
-- Depois ainda vai ter porra para eu mamar nesse cacete?
-- Vai ter, sim.

Seu sorriso atrevido estimulou-me a forçar meu membro contra sua xaninha. Remexendo-se como estava e recebendo a pressão de meu cacete, ela deixou que seu tesão explodisse. Jogou-se de encontro ao meu corpo e urrou de prazer.

-- Caralho, você é mesmo foda na cama!

Dois gozos a fizeram relaxar. Virada de bruços sobre a cama, oferecia-me a visão mais tentadora que já tivera. A bundinha firme e bem moldadas estava a um palmo de meu rosto.
Aproveitando seu semidesfalecimento, afastei as nádegas permitindo que seu cuzinho ficasse bem exposto. Com a ânsia de quem está para saborear um delicioso fruto, comecei a estimulá-lo com chupadas e investidas de minha língua e meu dedo.
Mesmo em seu estado de quase torpor, ela reagia com gemidos débeis. Sabia que quanto mais eu o deixasse umedecido, menos ela sentiria desconforto e dor. Sem me importar se demorava ou não, permaneci estimulando seu cuzinho até que ela se remexeu mais bruscamente.
Deixei minha posição, coloquei-me sobre seu corpo e encostei a cabeça do membro na porta de sue cuzinho. Um tremor suave percorreu seu corpo. Ela sabia o que estava para acontecer.
A parte mais difícil foi fazer a cabeça abrir espaço no apertado buraco. O esforço esfolou meu membro e rasgou suas pregas. Alguns gemidos mais sentidos escapavam-lhe sem que ela protestasse pelo incômodo.
Quando toda cabeça já estava quase dentro, notei suas mãos crisparem o lençol. A boca mordeu o travesseiro impedindo que ela gritasse. Estanquei o movimento e aguardei. Seu cuzinho piscava e pulsava num misto de excitação e dor.
Lentamente ela foi mexendo sua bunda. A cabeça ameaçou escapar do buraco, mas firmei-a com vigor. Acompanhei o rebolado forçando a entrada suavemente. Seguindo o ritmo que ela ditava, o membro foi penetrando cada vez mais até que minhas bolas se chocaram com sua bundinha.
Assim como a entrada foi contundente, retirá-lo com um único movimento também seria, mas a deixaria mais preparada para as outras investidas. Dessa forma, recuei fazendo o membro deslizar para fora. Ela gemeu mais forte, mas não demonstrou mais qualquer oura reação.
Antes que a cabeça estivesse do lado de fora, pressionei o membro em sentido contrário. Desta vez ela gritou sem nenhum pudor. Suas pregas ou se esticaram todas ou se romperam com violência.
Mais umas entradas e retiradas e ela deixou de gemer. Ao mesmo tempo em que forçava meu membro em seu cuzinho, estimulava-lhe o grelinho. A dor logo deixaria de ser um fator significativo e a excitação tomaria lugar em seus sentidos.
Quando finalmente o cuzinho se moldou à grossura de meu membro, passamos a nos movimentar cadenciadamente. O embalo era vertiginoso. Suas ancas moviam-se com velocidade e meu cacete afundava-se cada vez mais em seu buraco.
Estava ficando difícil segurar meu gozo. Minhas bolas chocavam-se, com tanta violência, em suas coxas, que começavam a latejar. Ou enchia seu cuzinho com minha porra ou ficaria com as bolas deterioradas.

-- Sente, sente meu líquido fluir em seu rabo.

Meu gemido foi um estimulo a mais para seus sentidos. Aproveitando que pressionava meu cacete com toda minha força, ela pressionou uma coxa contra a outra prendendo minha mão. O dedo enfiado em sua buceta sentiu o premer de seus músculos. Ela também gozava.
Depois do ato fomos para o banheiro. Precisávamos de um bom banho e uma boa noite de sono. Até então, tudo parecia estar na mais harmoniosa felicidade. Mesmo minha consciência me gritando que eu era um crápula.
A tempestade desabou na manhã seguinte. Enquanto preparava o desjejum, senti que ela evitava ficar em minha presença. Esperei até que tivéssemos terminado o café e a questionei sobre seu comportamento.
Aos prantos, ela me fez prometer que jamais revelaria algo sobre o que havia acontecido. Exigiu que eu esquecesse tudo. Declarou que deixaria nossa casa ainda naquele dia e que eu não tentasse explicar nada a mãe. Ela escreveria dando sua versão. A mãe jamais ficaria sabendo de nada.
Aquele foi o pior dia de toda minha vida. Todo prazer experimentado durante a noite estava tendo um final terrível. Não tentei impedi-la de cumprir com sua vontade. Atendi seu desejo e fui dar uma volta. Quando voltei, ela já não estava mais. Desde então, apenas sua mãe recebe uma ou outra carta.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Trinta e uma razões para sorrir- Giselle Sato




Existem coisas pequenas, sons, cheiros e sabores que nos trazem recordações felizes. São capazes de tocar o coração com um vislumbre especial, até mesmo esquecido, quem sabe perdido no baú das lembranças:


1- A música da nossa vida
2- As risadas mais felizes
3- A brisa fria do amanhecer
4- Uma corrida pela grama descalça
5- Banho de espuma e toalhas felpudas
6- Sexo gostoso com alguém especial
7- Aquela ligação inesperada
8- Lençóis brancos e perfumados
9- Tardes mornas de verão
10- Sonhos felizes realizados
11- A primeira chuva do ano
12- Abraços espontâneos
13- Uma dança com a ‘’sua’’ música
14- Sorvete de casquinha
15- Filmes que marcaram a vida
16- Sofá, livros, revistas e jornal de domingo
17- Viagem dos sonhos
18- Caminhar no meio do povo
19- Fotos...muitas fotos
20- Um perfume marcante
21- A comida inesquecível
22- Mergulhar em águas azuis
23- Amores de adolescência
24- Desafios concretizados
25- Ventos de liberdade
26- Reencontros
27- Uma ‘’arte’’ dos tempos de moleque
28- Ter sido atração principal
29- Amigos e bagunça
30- Família em aconchego
31- O som do coração





Finda o ano, é o momento em colocamos na balança e avaliamos e que passou, traçando novas metas para o futuro. É um tempo especial, de felicidade e alegrias para muitos, saudades para alguns, esperança para vários... que possamos aproveitar ao máximo este dias que antecedem a grande virada, para viver um momento especial e ouvir nosso coração. Este sim, irá apontar a direção correta, por onde iremos navegar...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

El Cabrón - Lucia Czer










_Cabrón...!

Era Suárez, de novo a implicar com Donato! Todos já estavam fartos de assistir à ofensa jogada em alto e bom tom a cada vez que o paraíba passava pela rua em frente ao bolicho.

Donato era um cara baixinho, magro, moreno de sobrancelhas cerradas que faziam sombra aos seus olhos escuros e sombrios. Ágil na esquila, tinha fama de ser trabalhador, mas sorumbático. Bebia sozinho na ponta do balcão e não se misturava no jogo de dados ou no truco. As más línguas diziam que ele dera nesta terra fugindo da polícia nordestina, depois que numa roda de capoeira, entre um movimento e outro, puxara da peixeira e estocara um desafeto.

No pampa, havia conseguido emprego numa estância e ali arribara, sem envolver-se na vida de ninguém. Vivia com Inezita, uma castelhana bonita e faceira, que ajudava nos gastos da casa lendo mãos.

Conheceram-se na “Ramada”, lugar de mulher-dama, onde Inezita prestava seus serviços aos homens da cidade. Sabe-se lá como e por que, o fato é que foram morar juntos no rancho de um cômodo só que Donato erguera. E todos acostumaram-se a vê-los juntos, silenciosos e pouco expansivos. Apesar disso, Inezita chamava a atenção com a cintura delgada, pernas roliças e a cabeleira negra, encaracolada, batendo às costas. Tinha um rosto lindo, olhos grandes e escuros de gente nativa, e brincos de ouro português nas orelhas.

As pessoas sentiam-se incomodadas ao presenciar Suárez importunando Donato. Pressentiam que sob as águas paradas, havia um torvelinho prestes a explodir.

Inezita, às vezes, retrucava fazendo um gesto com a mão, erguendo somente o dedo do meio e entredentes lascava:

- Hijo de uma puta! Cerdo! Perro sarnento!

Suárez ria às gargalhadas e continuava tomando pinga recostado à parede caiada do bolicho, rodeado de outros maracheiros.

Donato, quieto, continuava sentado no banquinho tripé, ao calor do sol fora do rancho, amolando facas e tesouras que os vizinhos levavam para afiar por alguns reais, quando o paraíba estava de folga do trabalho. O plano do casal era construir uma cozinha com piso acimentado. Era o sonho de Inezita: não ter mais que varrer o piso de terra batida e poder receber visitas sem ser na única peça da casa onde ficavam distribuídos os poucos móveis, amontoando-se cozinha e quarto.

Era tempo de tosquiar as ovelhas. Donato passava mais tempo na estância. Voltava para casa depois de dois ou três dias, suado, cansado e faminto. Na guaiaca, as notas avolumando-se e o sonho de Inezita mais próximo.

Donato caminhava pela estreita senda da porteira até o rancho e ouviu as risadas soltas de Inezita juntamente com a música tocada no radinho a pilha. Soava junto um timbre de voz masculina... Donato moderou os passos, cabisbaixo.

...........................................................................................................................................

- Cabrón!

Estrondou a ofensa na rua, calando os passantes.

Desta vez todos repararam na figura de Donato. Calças brancas folgadas, camisa regata, pés descalços, fita amarrando num rabo de cavalo os cabelos...

Acercou-se de Suárez e o povo abriu a roda. Donato gingou, no movimento ritmado de todo o corpo, acompanhando o toque do berimbau mentalmente, mantendo o corpo relaxado. Durante o gingado, mantinha-se em movimento permanente, simulando tentativas de ataque e contra-ataque, sempre atento às intenções do oponente, em contínua postura mental de esquiva e proteção dos alvos potenciais de golpes. Riscou o chão com a ponta do pé e chamou pra briga. Na cabeça de cada um dos presentes, soava o ritmo cadenciado do berimbau.

A capoeira é destreza, é malícia, é dança guerreira. Nasceu como luta de escravos em busca da liberdade; luta, dissimulada na elegância de gestos quase sagrados, na descontração alegre e galhofeira do espetáculo. Espetáculo sublime, quando estão em harmonia o toque do berimbau, os demais instrumentos, a voz do mestre, o coro polifônico, a dança dos dois guerreiros e a emoção do perigo real, sempre à espreita, à espera do momento certo, o bote fatal...O espetáculo agora parecia trágico. A capoeira é jogo, dança, luta. É axé. Nasceu sob o signo da libertação. É um jogo complexo, que funde a música e a movimentação corporal num todo harmônico. É dança, é canto, é jogo de habilidade e destreza corporal, mas também é luta, e das mais terríveis.

E foi assim que Donato enfrentou Suárez. O uruguaio era grandão e valente, sabia brigar e tinha a força dos homens acostumados na rude lida do campo. Mas não tinha a leveza e a destreza dos movimentos esquivos e ágeis do paraíba. Num gesto mortal, entre uma ginga e outra, um rabo-de-arraia e a peixeira voou em direção ao pescoço taurino de Suárez, fazendo-o rolar no chão de balastro, esguichando sangue e roncando como um porco abatido.

As nuvens, prenunciando o temporal que se aproximava, abriram-se. Trovejou forte e a água desabou lavando o sangue de Suárez e a honra de Donato.

Dele, nunca mais se teve notícias. Sumiu naquela noite em meio ao vento e à chuva. Só sobrou o rancho que, inesperadamente, havia ganho um piso de cimento. Sobre este, apenas uma flor de corticeira... De Inezita não mais se soube.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

MA BELLE



MA BELLE
Thiers R >




Sorris em veludo

o desenho da boca

brilho que derrama pingos

na íris amaciada

sorris

por cachos

sorris

em pálido pensar

trocas olhares ilógicos

atravesso parques

trazendo-te na copa das árvores

mord’o lábio

escorre o sangue

arrefece o desejo

dor, preciso de dor

é loucura amor?

A palma grosseira de meus dedos

escorrega em tua tez

tenho-te nas mãos

ma chèrie

ma belle

toco lábios

desnudo-te





>>>

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

First taste- Fiona Apple

I lie in an early bed thinking late thoughts
Waiting for the black to replace my blue
I do not struggle in your web because it was my aim to get caught
But daddy longlegs, I feel that I'm finally growing weary
Of waiting to be consumed by you

Give me the first taste
Let it begin, heaven cannot wait forever
Darling just start the chase
I'll let you win, but you must make the endeavor

Oh, your love give me a heart contusion
Adagio breezes fill my skin with sudden red
Your hungry flirt borders intrusion
And I'm building memories on things we have not said

Full is not heavy as empty, not nearly my love
Not nearly my love, not nearly

Give me the first taste
Let it begin, heaven cannot wait forever
Darling, just start the chase
I'll let you win, but you must make the endeavor

The first taste
Let it begin, heaven cannot wait forever
Start the chase, I'll let you win
But you must make the endeavor


Tradução:




A Primeira Prova

Eu deito em uma cama cedo,
Pensando em pensamentos atrasados
Esperando pelo preto substituir meu azul
Eu não luto em sua teia
Pois era minha chance de acertar
Mas querido,
Eu sinto que estou finalmente ficando cansada
De esperar para ser consumida por você

Me dê a primeira prova, deixe começar
Céu não pode esperar para sempre
Querido, comece a caçada
Eu vou deixar você ganhar mas
Você precisa se empenhar

Oh, seu amor me dá uma pontada em meu coração
A brisa de um provérbio tinge minha pele de vermelho
Sua paquera faminta limita percepção
Estou construindo memórias
De coisas que nunca dissemos
Cheio não é pesado como vazio
Não é quase meu amor,
Não é quase meu amor,
Não é quase

Me dê a primeira prova, deixe começar
Céu não pode esperar para sempre
Querido, comece a caçada
Eu vou deixar você ganhar mas
Você precisa se empenhar

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

FLOR DE LÓTUS- JPalmaJr


na penumbra, sinto teu cheiro...cão de teus odores...
me atraem, tuas fragrâncias, teu calor, a silhueta que se esgueira,
meia luz da lua te vestindo, os cabelos que se confundem com a noite...
mãos minhas no teu calor, meus dedos apertam,
provam a fruta, selecionam, como quem tem e comerá...
trazendo o sumo à boca, e sorvendo com gosto e prazer
de quem pode comer, beber, e com a língua irá retirar o caldo
que embriaga, mel de teu prazer, lambuzo-me de ti,
de tua fruta...para deleite de meus sentidos..
te sinto, arfas, e ainda vais ganir...como quem já não é fruta...
como quem já sabe o caminho, e mesmo assim quer se perder...
mas arfas, agora próxima ao meu ouvido...arfas, como se fosse um grito
surdo e esquecido, de tua inocência já perdida...
gemes qual a menina que sente o primeiro membro a te tocar
e assim floresce a rubra flora entre tuas pernas
sente-se aguar, vira rio, vira lago,
eu a terminar em ti, líquidos misturados, espumados, vira mar

O CAMINHO ERRADO- JPalmaJr



"o que me excita
em você
é este meio caminho
entre o recato
e o prazer
a meia caminhada
entre a inocência
e o pecado
e mesmo assim
não ficar esperando
na entrada...
o que me excita em
você, é que posso
andar sempre
e no entanto
não consigo
parar o meu passo
mesmo quando não sei
se sigo o caminho certo
ou o caminho errado..."

O CAMINHO ERRADO
JPalmaJr

domingo, 29 de novembro de 2009

Hilda Hilst- Poesia e pensamento


Há sonhos que devem ser ressonhados,projetos que não podem ser esquecidos...
( Frases e Pensamentos de Hilda Hilst)

A vida é crua. Faminta como um bico de corvos. E pode ser tão generosa e mítica: arroio,lágrima,olho-d’agua,bebida. A vida é líquida
( Frases e Pensamentos de Hilda Hilst)


E por que haverias de querer…

E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.


Se for possível, manda-me dizer


Se for possível, manda-me dizer:
- É lua cheia. A casa está vazia -
Manda-me dizer, e o paraíso
Há de ficar mais perto, e mais recente
Me há de parecer teu rosto incerto.
Manda-me buscar se tens o dia
Tão longo como a noite. Se é verdade
Que sem mim só vês monotonia.
E se te lembras do brilho das marés
De alguns peixes rosados
Numas águas
E dos meus pés molhados, manda-me dizer:
- É lua nova -
E revestida de luz te volto a ver.


Amavisse

Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro

Um arco-íris de ar em águas profundas.

Como se tudo o mais me permitisses,
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.

Como se te perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada.

Rubén Darío -Prosas Profanas


Rubén Darío

(Metapa, actualmente Ciudad Darío, 1867 - León, Nicarágua, 1916).

Poeta nicaraguano. Na sua juventude, Rubén Darío viaja por São Salvador, Chile e Argentina, onde lê e assimila os simbolistas franceses. Desenvolve uma intensa actividade jornalística e, em 1892, integrando uma representação diplomática, desloca-se a Espanha, onde entabula amizade com os escritores modernistas e da Geração de 98. Em 1905 é nomeado embaixador, residindo a partir de então em Paris e em Madrid. Quando eclode a Primeira Guerra Mundial volta à Nicarágua, onde morre.
A primeira obra importante de Rubén Darío é Azul, obra em prosa e em verso. Prosas profanas, colectânea de poemas, assinala o triunfo da nova sensibilidade poética, estando nele presentes os principais elementos do modernismo: o exotismo, os ritmos franceses, a sensualidade, a ornamentação e o colorido. Cantos de vida y esperanza contém poemas mais íntimos e de uma maior simplicidade expressiva. É evidente e decisiva a influência directa de Rubén Darío no desenvolvimento da poesia de língua castelhana do século xx.




SONATINA


La princesa está triste… ¿qué tendrá la princesa?

Los suspiros se escapan de su boca de fresa,
que ha perdido la risa, que ha perdido el color.
La princesa está pálida en su silla de oro,
está mudo el teclado de su clave sonoro;
y en un vaso olvidada se desmaya una flor.

El jardín puebla el triunfo de los pavos reales.

¡Quién volara a la tierra donde un príncipe existe
(La princesa está pálida. La princesa está triste)
más brillante que el alba, más hermoso que Abril!

¡Calla, calla, princesa -dice el hada madrina-,

en caballo con alas, hacia acá se encamina,
en el cinto la espada y en la mano el azor,
el feliz caballero que te adora sin verte,
y que llega de lejos, vencedor de la Muerte,
a encenderte los labios con su beso de amor!

Parlanchina, la dueña dice cosas banales,
y, vestido de rojo, piruetea el bufón.
La princesa no ríe, la princesa no siente;
la princesa persigue por el cielo de Oriente
la libélula vaga de una vaga ilusión.

¿Piensa acaso en el príncipe de Golconda o de China,

o en el que ha detenido su carroza argentina
para ver de sus ojos la dulzura de luz?
¿O en el rey de las Islas de las Rosas fragantes,
en el que es soberano de los claros diamantes,
o en el dueño orgulloso de las perlas de Ormuz?

¡Ay! La pobre princesa de la boca de rosa,

quiere ser golondrina, quiere ser mariposa,
tener alas ligeras, bajo el cielo volar,
ir al sol por la escala luminosa de un rayo,
saludar a los lirios con los versos de Mayo,
o perderse en el viento sobre el trueno del mar.

Ya no quiere el palacio, ni la rueca de plata,

ni el halcón encantado, ni el bufón escarlata,
ni los cisnes unánimes en el lago de azur.
Y están tristes las flores por la flor de la corte,
los jazmines de Oriente, los nelumbos del Norte,
de Occidente las dalias y las rosas del Sur.

¡Pobrecita princesa de los ojos azules!

Está presa en sus oros, está presa en sus tules,
en la jaula de mármol del palacio real;
el palacio soberbio que vigilan los guardas,
que custodian cien negros con sus cien alabardas,
un lebrel que no duerme y un dragón colosal.
¡Oh quién fuera hipsipila que dejó la crisálida!

(La princesa está triste. La princesa está pálida)
¡Oh visión adorada de oro, rosa y marfil!

POEMETO ERÓTICO- MANUEL BANDEIRA


Teu corpo claro e perfeito,
- Teu corpo de maravilha,
Quero possuí-lo no leito
Estreito da redondilha...

Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa... flor de laranjeira...

Teu corpo, branco e macio,
É como um véu de noivado...

Teu corpo é pomo doirado...

Rosal queimado do estio,
Desfalecido em perfume...

Teu corpo é a brasa do lume...

Teu corpo é chama e flameja
Como à tarde os horizontes...

É puro como nas fontes
A água clara que serpeja,
Que em cantigas se derrama...

Volúpia da água e da chama...

A todo momento o vejo...
Teu corpo... a única ilha
No oceanoa do meu desejo...

Teu corpo é tudo o que brilha,
Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa, flor de laranjeira...

Néon


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