
O PEGADOR DE BARANGAS
Ditoso e bem dotado
Tanto na beleza
Quanto na virilidade
O nababo ainda possuía
Riqueza de fazer inveja
Charme, lábia, carisma
Além de uma contagiante alegria.
O pegador da turma
Famoso conquistador
Deitava-se em todos leitos
Vencia qualquer mulher
Bastava desejar a incauta
E não tinha limites
Só parava depois de atendido
Era o terror dos namorados
Dos pais, noivos e maridos.
Mas a valentia exacerbada
Tirou-lhe o apetite
Olhava paras as bundas
Cobiçava os fartos seios
Brincava com as oferecidas
Mas já não sentia o tesão
Não lhe tocava o desejo
De ser o garanhão invencível
De servir de cavalgadura
De afundar-se em carnes macias
De se mostrar irresistível.
O desânimo em sua libido
Surgiu com o desapontamento
Vozes abafadas e covardes
Ditavam má fama a seu prestígio
Algumas dondocas desaforadas
Despeitadas por seres preteridas
Propalaram que tanto sucesso
Não era resultado da beleza
Não era habilidade na sedução
Tanto paparico só ocorria
Por causa de sua riqueza.
Para os mais íntimos era passível
Que o pegador se cansara
Depois de tantas bonequinhas
Tantos boquetes e sacanagens
Ele estava entrando em parafuso
Desdenhava as patricinhas
Por pura frescura e viadagem.
O pegador, que na verdade,
Era apenas um Don Juan
Sentiu-se ferido em seu brio
Passou a mal olhar os amigos
Por que o homem é tão interesseiro
Que não preza a hombridade
Ao invés de cultivar veros amigos
Preocupa-se com a aparência
Com as regras da hipócrita sociedade.
Seu lamento arrefeceu num rompante
Aos testemunhar uma agressão
Uma moça sem atrativos
Alvo de ignóbil humilhação
Seu descontentamento nasceu
De uma incisiva traição
Mas a moça sofria reveses
Por causa de sua condição.
Barranga! Rascunho do inferno!
Bruxa! Insossa e aberração!
Foram tantos os maus tratos
Que o nababo se enfureceu
Passou a cortejar a feiosa
Seus antigos companheiros
Ou ignorava com ironia
Ou fazia que esqueceu.
Estima recuperada
A moça lhe agradeceu
Não esperava que ele a namorasse
Sua atenção já valeu.
Mas o rapaz foi mais fundo
Levou a companheira ao motel
Uma noite de paixão
Afundando-se nas carnes
Peitos... bocas... coxas...
Ah, sim, sem se esquecer do bundão.
Aquele ano foi um deleite
Asmas línguas não descansaram
O conquistador mais realizado
Passou a ser azucrinado
De grande pegador de aviões
Foi motivo de muitas zangas
Que fosse, ainda, requisitado
Passou a ser pegador de barangas.
Os mais medonhos tribufus
As mais desengonçadas criaturas
Era vistas em sua companhia
Eram suas únicas conquistas.
Que as outras alfinetassem
Ele não se importava com o desdém
Graça e sensualidade, tesão...
Mesmo as mais feias e sem graça
aquelas que não são vistas tem!
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