domingo, 18 de janeiro de 2009

As mulheres na literatura erótica- Giselle Sato


As mulheres na literatura erótica


Houve um tempo em que escrever textos mais ‘’picantes’’eram feitos quase heróicos. Escritoras ousadas simpatizantes do gênero, arriscavam em doses homeopáticas burlar os costumes da época. Podemos citar várias e nem todas foram editadas em vida. Não vou martelar na tecla enfadonha deste período da história. Prefiro falar em como a falta de liberdade influenciou o trabalho destas mulheres. Ocultas por conta do preconceito elas se entregaram à intensidade. Foi um período extremamente frustrante, mas a sensação do proibido agiu como estímulo para que a voz reprimida criasse vida no papel. E foram versos, romances e pensamentos genuínos, gritos sufocados e canalizados na literatura.

A visão feminina prima pelo conjunto prazer e sentimento. Não que seja um privilégio, gosto de pensar que seguimos a emoção sem reservas e temos a sutileza como aliada. Quando a idéia vai tomando forma, personagens e tramas parecem exigir vida própria. Um texto erótico tem toda a cadência e flui em busca da resposta do leitor. Existe um cuidado em descrever formando um conjunto completo. Em cada ângulo um pouco do partilhar e acolher. A essência feminina é naturalmente doadora. Recebe, abastece, guarda e nutre. Em comum todas estas escritoras não tiveram medo de partilhar a percepção do sexo. Sem pudor descreveram sensações até então sugeridas e algumas nem imaginadas.

O orgasmo feminino não era assunto que se discutisse. Imagino que as mulheres tinham acesso aos livros e liam as escondidas, suspirando em cada verso e imaginando pra si o prazer sugerido. O importante é que a voz não estava calada, ainda que apenas sussurrasse delícias, apregoava a liberdade da satisfação. Estas escritoras pioneiras são referência para a nova geração de autoras do gênero erótico. Ainda existe o tabu sobre as minúcias e o cuidado para não cair na pornografia grosseira. Mas a grande maioria não está preocupada em mascarar o texto. É um caminho novo que está abrindo com algum receio. Mas o mercado é curioso e imprevisível. A libido foi despertada e já não precisamos esconder as preferências. De qualquer maneira foi uma longa estrada e hoje finalmente as portas estão abertas.




Foto- Ricardo Pozzo

2 comentários:

  1. Mulheres não são capazes de cair na pornografia grosseira, mesmo que tentem muito.

    O texto feminino é racional, delicado, entende o que o leitor deseja, excita aos poucos, sem exageros nos termos, nem obviedades na linha de raciocínio.

    Só é possível ficar estimulado por textos eróticos escritos por mulheres. Homens jamais saberão fazer isso com qualidade... são chulos e inventam apelidos estúpidos para a genitália.

    O que os homens comuns chamam de obra textual erótica, eu chamaria de pornografia risível.

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  2. As mulheres possuem um requinte todo especial, mas não penso que os homens não sejam capazes de escrever textos sinuosamente inspirativos mesmo se a linguagem for violenta ou, em alguns casos, sendo até suave. A abordagem pode ser mais forte da parte masculina e a feminina pode ser incluida em uma escala de desafios estéticos por escritores que saibam encarnar em si o Feminino, pois tudo é uma questão de trabalho maduro e constante no desenvolvimento da escrita. Nada é linear, tanto os homens quanto as mulheres são capazes de textos formidáveis em matéria de Erotismo, afirmo isto aqui com toda convicção possível ao meu olhar de leitor.

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Néon


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