quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Hilda Hilst - A personalidade da escritora


Hilda Hilst, uma das mais importantes escritoras brasileiras, queria ser popular. Resolveu, aos 60 anos de idade, publicar livros eróticos – ela prefere “obscenos” -, como O Caderno Rosa de Lori Lamby, no qual uma menina de 8 anos narra, completamente à vontade, uma série de aventuras sexuais lambuzadas, que não passam, na verdade, de pura imaginação. O escritor Yuri V. Santos, que morou com a escritora, fala sobre a visão dela em relação ao erotismo. “Conversar sobre sexo com Hilda Hilst é experiência reveladora.”

Apesar de sua antipatia pelo rótulo de "escritora erótica", conversar sobre sexo com Hilda Hilst é experiência reveladora. Pra ela, sexo é bom humor, brincadeira, jogo, sem qualquer fim em si mesmo. E o mundo dos desejos – o KamaLoka (do sânscrito Kama=desejo e Loka=mundo) – pode sim ser um terror. Que o digam seus personagens, que o diga, por exemplo, o narrador da tragédia homoerótica Rútilo Nada, para quem, como Hilda lembra, "sua paixão é uma doença mesmo, uma doença total". Porque Hilda, seja em seus amantes, seja em sua literatura, sempre buscou não o apego mas o amor, ou, em suas próprias palavras, Deus. O orgasmo, essa pequena morte, sempre mostrou ou seu vazio, se não havia amor, ou seu distanciamento em relação ao amante, se só havia busca.


Boris Vian fez uma conferência chamada "A utilidade de uma literatura erótica", que diz o seguinte: “Ler livros eróticos, difundi-los ou escrevê-los são uma maneira de preparar o mundo de amanhã e de abrir caminho para uma verdadeira revolução”. Esta também é sua visão?

Hilda Hilst: Ele diz "verdadeira revolução"? Não, não acho assim. O erótico não é a “verdadeira revolução”. O erótico, pra mim, é quase uma santidade. A verdadeira revolução é a santidade.


Hilda não hesitava em dizer ao excitado marido: “Vai foder com a empregada! Me deixe escrever!” E ri quando me diz que homem que gosta de mulher por cima é afrescalhado. Para horror das feministas, Hilda acha que o homem deve dominar a relação, deve – e cita Simone de Beauvoir – ser, de alguma forma, superior à mulher. Afirma que sempre buscou homens que possuíssem um destes atributos da divindade: poder ou beleza. Poder financeiro, poder intelectual, e até força bruta, a faziam sentir-se mais mulher. Beleza porque – como dizia Vinícius, aliás, ex-namorado de Hilda – é fundamental.
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(Artigo publicado originalmente na Revista da MTV)

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