domingo, 1 de fevereiro de 2009

Um Machado para ser lido de soslaio...




Um dos mais picantes e provocadores contos de Machado de Assis , A Igreja do Diabo,
apresenta uma arrogante conversa do Diabo com Deus.

Oras, e por que ele nao pode ter sua própria Igreja e seus fiéis seguidores ?

Machado de Assis (1839-1908) é o mais importante escritor da literatura brasileira. Inicialmente ligado ao romantismo, é em sua fase madura que produz obras fundamentais como Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) e Dom Casmurro (1900) além de contos cujo realismo não se limita a representar com crueza e sarcasmo a sociedade de sua época, mas transforma a condição periférica e mesquinha da realidade brasileira numa imagem pessimista (embora bem humorada) da humanidade.

Machado não aceitava rótulos e não se sentia confortável em uma ou outra Escola. (...) Para Machado, na arte literária existe uma verdade essencial e necessária que as escolas do Romantismo e Realismo são insuficientes para decifrá-las 'as teorias passam, mas as verdades necessárias devem substituir' citando Renan em companhia de Flaubert para quem o que importa na literatura é a Verdade.

O estilo de Machado sempre percorreu as escolas literárias de sua época. No entanto, não se pode caracterizá-lo em apenas uma, afinal não é difícil encontrar traços do Romantismo e do Realismo em uma mesma obra, assim como traços de escolas que estariam por vir.

Contemplando agora o estilo crítico, a obra de Machado é quase toda feita de pedaços de recordações e como resultado do estudo, da reflexão, da leitura de clássicos ele conseguiu chegar à plenitude de seu estilo; que seria uma maneira de escrever pessoal, própria, inconfundível, com características únicas, só dele.

Em 1873, Machado de Assis analisa a literatura brasileira e define o que pretende dela, no ensaio Instinto de Nacionalidade "desejo de criar uma literatura independente (...) O que se deve exigir do escritor antes de tudo, é certo sentimento íntimo, que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço


"Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é a verificação de que ele pode dizer coisas que parece não estar dizendo. Além das informações explicitamente enunciadas, existem outras que ficam subentendidas ou pressupostas." [1]Para realizar uma leitura eficiente, os autores sugerem que o leitor deve captar tanto os dados explícitos quanto os implícitos.

Machado de Assis e sua personalidade literária multifacetada, como analisam a crítica, propõe narrativas, que nos fazem refletir sobre o que está sendo dito. Sabendo que os subentendidos são as insinuações de uma afirmação, podemos insinuar que os textos de Machado estão repletos de subentendidos.


"Digamos assim se ele não houvesse encontrado meios de se expressar a respeito de coisas sobre as quais só podia se referir de soslaio, tais histórias jamais teria existido: podemos sentir sua satisfação quando se aproxima de outra questão espinhosa e acaba encontrando novas maneiras de falar sobre coisas demasiado embaraçosas para mencionar diretamente."

A literatura afirma que o modo pelo qual o contista Machado representa a realidade traz consigo a sutileza em relação ao não dito, que abre caminho para ambigüidades, em que vários sentidos dialogam entre si. Assim, na leitura de seus contos há sempre outra significação sugerida pela ironia fina e implacável, característica recorrente também nos romances machadianos.

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Néon


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