domingo, 3 de janeiro de 2010

Histórias de amor que as mulheres não contam- Lucia Czer





Existem muitas histórias de amor, finais felizes depois de muitos contratempos em que a heroína sofre, sofre, os casais se desencontram, se reconciliam e: tchan, tchan, tchan... Lá estão eles, felizes após tantas desventuras, ou pelo menos, ainda que separados, mas bem consigo mesmos.

No entanto, existem muitas e muitas histórias de amor que não vem a público. São histórias dolorosas, que nada tem de românticas ou fantasiosas. Existe, sim, alguma fantasia: Talvez por parte da mulher sonhadora, carente ou extremamente sensível que pensa que é possível mudar o mundo e o ser amado.

Triste é escrever sobre isso numa época de festas, mas é o tempo apropriado, tempo de procurar reformular velhos conceitos, encontrar novos caminhos, repaginar-se, reorientar-se... Meu Deus! Tantos re, re... No entanto, é preciso ter coragem, ter atitude, ter disposição para tudo isso. Acostumamo-nos tanto às mesmas pessoas, aos mesmos defeitos e aos mesmos erros que acabamos por considerá-los “normais” e passamos a aceitá-los. E, ano a ano vamos perdoando, esquecendo, sabendo que voltaremos a ser vítimas dos mesmos algozes. Tudo por acomodação, por falta de motivação para dar um BASTA! Ou será a falta de amor próprio? Ou de auto-estima? O que nos impede de virarmos a página, apostar em novos conhecimentos, criar uma nova história? Uma amiga, sábia amiga, tem me dito em outras ocasiões: “- Às vezes, não basta virar a página, é preciso, sim, jogar fora o livro!”

Uma característica do ser humano é a capacidade de recusar o que não tem alternativa, sermos capazes de persistir, de nos refazermos, de prestar atenção nos ciclos de renovação da vida. É preciso, todavia, que saibamos a hora certa de abandonar o jogo, perder a batalha para não perder a guerra.

É nesse sentido que nos reportamos às historias de amor que não são contadas. Histórias em que o sapo nunca vai virar príncipe. O traidor não vai deixar de trair, o golpista não vai deixar de aplicar golpes, de fazer chantagem emocional com o sentimento de maternidade com que os acolhemos ao coração. O violento não vai deixar de bater, o aproveitador de prevalecer-se... A menos que os paremos! E como fazer isso sem sofrer, sem nos violentarmos?

Cedemos muitas e muitas vezes aos pedidos de perdão, às promessas de não reincidir, mas, pense: É válido, sim, dar e dar-se uma segunda chance, mas isso se houver um novo dado, uma nova fórmula. Se nada mudar, tudo voltará a ser da mesma forma. Passada a emoção do recomeço, voltaremos a sofrer com as mesmas invasões dos nossos domínios.

Se sozinhas não pudermos ou não tivermos forças de buscar o desfecho de uma situação conflituosa, temos que pedir ajuda, enchermo-nos de coragem e confessar que não conseguimos por ponto final. Haja coragem para isso! Porque não é fácil confessar que somos usadas, abusadas, violentadas e mal amadas. Ficamos mortalmente feridas, envergonhadas de reconhecer que amamos ou concedemos nosso amor a um pilantra. É vergonha o que sentimos. Vergonha e um grande sentimento de inferioridade. Sentimo-nos inferiores às outras tantas mulheres que são amadas, acarinhadas, que não precisam pagar pelo amor ou companhia do outro. Ainda que essa historia esteja desgastada, em ruína, desacreditada e sem perspectiva, nos agarramos a ela, incapazes de esboçar reação, porque vamos ter de expor nossos conflitos e nossas dores. Para fugir disso, só se formos capazes de, por nós mesmas, reconhecer que temos direito a ser felizes, que somos humanas, que temos qualidades e defeitos como todos, e que, principalmente, nos amamos e podemos construir o nosso futuro.

Basta decidir. E que seja esta a nossa data de encerrar uma etapa e iniciar uma outra. Vamos dar chance a nós mesmas e a uma outra pessoa que possa reconhecer quanto somos lindas, fascinantes, e inimitáveis!

Que venha 2010 e uma história de amor como em filmes e novelas: Desta vez, com final feliz!

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