sábado, 10 de outubro de 2009

Um amor a sangue frio- Narceja



Eu era uma jovem mulher que jamais houvera contemplado dos prazeres de um homem. Todavia minha intimidade já fora descoberta por mim numa noite de delírios profanos, a qual desvendei os mistérios entre o céu e a terra.. Estavam todos lá embutidos em meu próprio corpo. Exatamente nessa época de revelações intimas e constatação da desigualdade dos gêneros que conheci Álvares de Abreu.

Estudávamos na mesma Universidade, curso de Direito da renomada Universidade de São Paulo. A priori, numa troca recíproca de olhares descobrimo-nos como semelhantes e permitimo-nos um contato maior alheio ao curso e aos assuntos profissionais da profissão tão ansiada. Durante esse tempo, tornamo-nos cúmplices de algumas confissões corriqueiras do tédio acadêmico.

Descobri detalhes em abundância tanto de seu passado como do presente e, ainda que nestas revelações que para ele pareciam apenas um amontoado de gesticulações solitárias de um moço reservado de amores platônicos, havia em suas narrações muitas incoerências e contradições dignas de uma segunda interpretação mais detalhada de sua perspectiva de vida. Pude eu em pouco tempo inferir que Álvares não se tratava de um ser comum, senão alguém que, ainda que se esforçasse por não ser conspícuo, destacava-se sendo notável.

Não obstante, apaixonei-me por sua alma rapidamente. Sentia que nossas almas sintonizavam-se na mesma frequência misteriosamente. A perspicácia do Amor e a cruel clarividência do desejo de doação dos corpos tomaram-me por inteira em sessões diárias de reconhecimento de minha feminilidade e desejos de ser possuída no âmbito natural de ser simplesmente mulher. Senti a realidade dura de um amor não correspondido despedaçar-me o coração. Álvares negou-me como mulher afastando-se de meus olhares e carinhos, rejeitando-me como fêmea.

São nessas horas que surgem as idéias mais desconexas com a realidade em questão. Sacrificaria tudo por um beijo, pelo desvendamento de seu corpo e de suas fragrâncias masculinas. Eu necessitava de seu corpo como um antídoto para seguir adiante. Era inevitável não seguir meus impulsos de fêmea renegada, se não encontrasse meios para satisfazer-me como fêmea me conservaria seca pela dor desumana da rejeição.

Periodicamente, durante todos os dias no final da tarde, Álvares dirigia-se para a biblioteca onde passaria as próximas 3 horas envoltos aos estudos e as suas ambições pessoais. E naquela tarde, após o termino da aula, esperei alguns minutos até que ele seguisse seu tedioso percurso. Vi-o entrar na Biblioteca e o segui como havia planejado em meus sonhos.

Ao entrar no recinto, sinto o roçar de minhas coxas suavizarem-se pelo suor do desejo primitivo em mim enraizado. Umedeço –me, inevitavelmente, ao vê-lo afastado dos demais acadêmicos, numa mesa ao fundo do salão de estudo. Respiro ofegante e caminho em sua direção. Minha natureza ardente e lasciva, fez me mim uma mulher imperiosa de seus caprichos e desejos íntimos. Eu necessitava de sua volúpia masculina dentro de mim.

- Álvaro, como estás? Perguntei ao fitá-lo nos olhos.

- Ocupado! Respondeu desviando o olhar para um livro de código civil aberto sobre a mesa.

- Gostaria de conversar. Insistir submissamente.

- Penso eu que não deva ser de bom, por agora, iniciarmos esta conversa Narceja.

- Por que se afastas de mim dessa forma?

- Você traiu nossa amizade envolvendo sentimentos amorosos. Disse procurando um ponto fixo em meio a confusão de suas pupilas.

- Permita-me uma conversa!

- Aqui não é o momento. Bradou saindo do silêncio dos sussurros que devam haver em uma sala de estudos.

A renúncia de Álvares a minha alma feminina atingiu-me como a maior marca do constrangimento que uma mulher pudesse viver. O dar-se e não ser aceita inflingiu- me ao crime que estou prestes a narrar.

Sentia que no íntimo Álvares me desejava em seu mais profundo sonhos masculinos.
Virei-me sem responder uma única palavra e me retirei a passos lentos e sofridos que misteriosamente me causavam uma sensação prazerosa de primitivismo latente. Descobrir-me senhora de meus desejos sexuais e minhas assertivas a uma submissão consentida completaram a minha vontade de desfrutar a força de seu corpo e de sua carne.

Esperei 3 horas até que Álvares saísse da Biblioteca e segui-o em direção à república estudantil que residia. O coração refletia no objeto pesado dentro da bolsa, uma loucura digna de questionamentos psicológicos me tomaram por completo e esperei-o entrar após alguns quarteirões no prédio de república estudantil.

Esperei alguns minutos e subi pelas escadas tendo a preocupação de não ser vista por terceiros. No 4º andar do edifício, vi a porta do quarto de Álvares reluzir como um pedido de “recue”. Talvez pelo desejo inebriado de sentir-me mulher e pela homonímia entre nós, não aceitei tal recusa e segui adiante batendo em sua porta.

Álvares a abriu surpreso e visivelmente irritado com minha presença.

- O que deseja? Sua voz grave impulsionava um certo desdém.

- Conversar... Pedi com olhos rasos.

- Sem tempo , desculpe! E fez alusão a fechar o que foi interrompido pela arma que impunha nas minhas delicadas mãos.

- Deixe-me entrar, não estou brincando! Ameacei.

Álvares abriu a porta sem me reconhecer e olhou para a arma se afastando rapidamente. Entrei e tranquei a porta mandando-o sentar na cama.

- Você vai acabar com a sua vida, sabe disso? Falou assustado.

- A minha vida começa hoje! Disse olhando-o nos olhos.

Olhei em volta e localizei uma garrafa de água e um copo de plástico postos sobre uma mesa ao lado de sua escrivaninha. Me afastei e enchi o copo com a água enquanto apontava a arma para Álvares. De meu bolso tirei um sonífero potente colocando dentro do copo e em seguida dei lhe para beber.

- Bebe! Ordenei.

- O que é isso? Perguntou.

- Beba! Mandei.

Álvares bebeu assustado enquanto sentava-se na cadeira ao lado da cama ameaçando-o com a arma. Pedi que ficasse em silêncio e se deitasse. Álvares embora não o quisesse, o fez e ao sentir o efeito do medicamento, em alguns minutos, estava deitado, desacordado.

Tirei-lhe a roupa despindo-o por completo e abusei de sua carne. Cheirei-o dos pés à cabeça- Senti suas fragrâncias masculinas e odores humanos como um bicho faminto. Suguei sua pele com meus lábios, parte a parte de seu corpo, de seu sexo. Chupei-o com desespero e tristeza. Ao final de duas horas de moléstias, deitei nua em seus braços e desejei morrer ali, em meu amor.
Com a cabeça descansando em seu peito refiz o caminho da perdição com a boca, deixando um rastro de saliva em seu sexo. Em seu membro deixei meu hálito e levei seu a vida que ele produzira.

Ao final , já cansada. Levantei e olhei-o por inteiro. Jamais seria meu...Olhei para a arma ao lado da cômoda e chorei por alguns segundos, baixinho, para não ser ouvida. Me vesti, peguei algumas roupas de Álvares, suas cuecas e blusas, meias alguns objetos de uso pessoais e parti deixando em cima de sua mesa um recado, escrito com uma caligrafia nervosa e morta :

“ Álvares,

Nada desejo no mundo senão, ter-te.
Não sei o que fiz, nem o que sou.
Não vou abandonar tudo o que sinto!
Eu voltarei para buscar o que é meu. “


Dois dias depois, matei Álvares com dois tiros na esquina de sua residência. Nem sei o motivo pelo qual escrevo agora. Estou mais que convencida do meu infortúnio, do meu pecado. Que felicidade a minha, se tivéssemos passado a vida juntos!...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Néon


RockYou FXText

Porno Tube