quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Maria Quitéria por Narceja - Entrevista


Maria Quitéria, uma das escritoras mais lidas do recanto das letras no gênero literatura licenciosa.

Possui mais de 1094 textos entre o erótico e demais gêneros, 4 e-livros e mais de285881 mil leituras.

Seus poemas eróticos são verdadeiras obras primas, que mostram a sensibilidade e delicadeza da alma feminina.

Sua literatura possui uma profundidade singular, maior do que meras expressões de linguagem ou imaginação de uma criativa escritora. Há musicalidade, espiritualidade e ritmo em suas palavras.

Existe uma originalidade em seus textos difícil de se encontrar na atualidade, despertando no leitor um sentimento de aproximação com o texto, fazendo-o refletir e sentir enquanto lê sua obra.



Maria Quitéria, em seu blog http://versosprofanos.blogspot.com/ você se descreve como "Um alter- ego de mim mesma". Poderia nos esclarecer como se dá essa dicotomia entre a autora e o seu alter ego?


Seria a Maria Quitéria outra personalidade da verdadeira autora (sua personalidade secreta),ou apenas a expressão da personalidade do próprio autor não declarada, o chamado eu - inconsciente?

Penso em mim como expressão de múltiplos seres. Quando digo que Maria Quitéria é meu alter ego, estou apenas declarando um momento de expressividade de um dos seres que em mim habita e que é, talvez, o que mais se aproxima do que sou.

Ao falar de mim mesma na terceira pessoa, posso vê-la com olhos diferentes e posso moldá-la. Isso me é permitido já que posso olhá-la "de fora".


Quando se deu o início dos escritos e qual foi seu primeiro texto?

Comecei a escrever trovinhas assim que me alfabetizei, aos cinco anos. Meu primeiro texto? Senhor! Quem poderá sabê-lo? (rindo).

Creio que posso chamar de primeiro texto a primeira poesia (completa) que escrevi para um garoto quando eu tinha uns sete anos. Não me lembro com exatidão dela, mas falava de voos e natureza.

Sempre tive uma relação muito forte com a terra e os diversos planos existentes. Embora eu seja uma mulher urbana, o rural, as expressões maiores da Mãe Terra e as forças da natureza sempre foram o meu eixo.


O que é mais prazeroso de escrever, poesia ou textos narrativos? Qual a justificativa para esta escolha?

Tanto faz. Ambos saem com fluidez em mim. Como Maria Quitéria publico mais poesias, mas escrevo textos narrativos em mesma quantidade.


Maria Quitéria, mesmo sem ter um livro publicado, você ficou conhecida no cenário virtual em razão das suas poesias e prosas. Qual explicação para este "sucesso"?

As pessoas têm o poder de fazer de um autor (independente de seu talento) um sucesso ou um fracasso em tempo recorde.

O leitor determina QUEM será sucesso. Isso é feito através de poesias colocadas em seus blogs, em suas páginas de orkut, nos grupos de poesia, em sites pessoais, então, sem nem mesmo conhecer quem te aplaude, você acaba se tornando um nome conhecido, vira figurinha carimbada.


No cenário virtual, onde podemos encontrar sua obra além do recanto e do seu blog?

Como Maria Quitéria escrevo e publico muito pouco. Estou no Recanto, em alguns sites de poesia similares a este e em alguns outros cantos não tão visíveis.

Escrevo um pouco em sites franceses, mas a língua é um tanto complicada já que não domino as expressões necessárias para dizer exatamente o que quero dizer em português, por isso também estou parando por lá.

É como disse anteriormente, o leitor determinou que Maria Quitéria se tornasse um nome reconhecido na Internet e um texto meu, publicado no Recanto, alça voos sozinho, independente da enxurrada massificante e desnecessária de se colocar textos em mil locais.


Sua obra poética sensual difere-se da maioria pela precisão com que consegue adequar as palavras corretas ao momento certo. Escrever poesia não é fácil, é preciso talento. E você o tem! Como se dá o seu processo criativo?


Obrigada pelo elogio. Eu apenas escrevo e sou uma mulher apaixonada pelas coisas todas. Não tenho paciência com métrica e não faço poesia para ser a cartase da língua.

Não tento a precisão (imagine!) e gosto de "criar" palavras para as coisas. Não que invente palavras, mas uso algumas que não querem dizer aquilo, para dizer exatamente aquilo. Escrevo de chofre. Uma palavra, pra mim, cria todo um texto.

Às vezes ouço ou leio uma palavra e ela me inspira. Coloco essa palavra num lugar e deixo lá no PC para escrever a hora que der. A poesia ou o conto ficam prontos na minha mente, só preciso começar a escrever.

Minha inspiração não tem nenhum ponto onde possa me apegar e dizer: farei isso, sentarei assim, ouvirei isso ou aquilo, para escrever.

Não tenho o hábito de escrever em papéis como a maioria dos escritores. Gostaria de fazer isso para que muitas coisas em que penso não se perdessem com o passar das horas ou dias, mas não consigo escrever nada em papel.

Em qualquer lugar que eu esteja; passeando, trabalhando, indo dormir, surge uma poesia ou um conto na minha mente. Deixo ele pronto no arquivo do cérebro e quando vou ao PC escrevo o que estava pensando.

Às vezes dá certo, outras vezes perco totalmente o foco do que tinha criado no pensamento e descarto tudo (com uma certa tristeza).

Algumas outras vezes, voltando às palavras, quero que uma determinada expressão, ou ainda uma palavra sozinha seja o final de um poema, então coloco a palavra no fim do texto e começo a escrever de baixo pra cima.

Os meus textos mais longos normalmente foram feitos assim, do final pro começo. De alguma forma, o que quero escrever já está pronto em mim e só precisa que eu dedique tempo para a escrita final.



Sua prosa é de um bom gosto e um refinamento lingüístico singular. Qual o segredo para escrever de forma tão proficiente sem cair na vulgaridade?


Não há segredo. Eu li muito e de tudo um pouco. Só a bíblia comum já li duas vezes de cabo a rabo e mais duas vezes a bíblia apócrifa (que é muito maior, mais plena e completa do que a que nos foi enfiada goela abaixo).

Acho que o fato de ler com assiduidade faz com que se conheça palavras e se estabeleça na mente uma certa regularidade de usar tais palavras em uma determinada situação.

Eu escrevo textos pesados, com palavras chulas e de baixo calão e que seriam extremamente vulgares em qualquer lugar se estivessem soltas, mas no contexto geral, elas se tornam necessárias ao próprio texto e isso faz com que a vulgaridade seja colocada em segundo plano.

Acredito muito na emoção da letra, na sinceridade do que se está verbalizando e isso se faz valer no que escrevo tornando o texto, tenha ele palavras chulas ou não, desvinculado da vulgaridade.

Quando você escreve apenas para "dar tesão" ao outro, você corre o risco de ser vulgar já que a palavra não faz parte da sua emoção, mas quando você faz esse mesmo texto, com as mesmas palavras, mas "sente" aquilo, você acaba direcionando tudo para a sua emoção como se tivesse vivendo ou vivido tais cenas.

Você cria o mesmo texto de forma diferente entre pontos e vírgulas e passa credibilidade. E é isso que torna um texto melhor ou pior.

No fundo, a diferença entre remédio e veneno está na dose. E há também uma outra coisa, ao menos em mim: não se pode temer a palavra.


1091 textos publicados no recanto e apenas 1 audio?

E já foi muito esse "1" áudio. Quem aguenta ouvir aquilo? Ninguém merece! Fiz porque alguns colegas queriam saber da minha voz.


Que, aliás, é muito pequena, ruim, rouca, e não dá o tom correto a nenhuma poesia. Me sinto melhor escrevendo. Pra ser franca, nem de telefone eu gosto.


Qual sua experiência nesse tempo de "recanto das letras"?


O senso comum segue uma determinada linha de pensamento e toma aquilo como verdade; você é mocinho ou bandido. O bom senso questiona e explicita, não alude e não permite violações de privacidade.

Essa é uma experiência adquirida que uso na Internet e na minha vida. Fiz boas amizades por aqui. Conheci autores fantásticos, com linhas de pensamentos completamente diferentes das minhas mas que me remetem às letras de forma mais inteira, mais precisa.

Gosto das pessoas e dos seres em geral e aproveito neles apenas o melhor, assim como tento ofertar o meu melhor. Pela interatividade dos interesses, fica gostoso trocar e-mails e se tem vontade de conhecer mais à fundo algumas pessoas.

Fui sempre muito feliz com com os que me rodearam nesse tempo de Recanto. Agradeço muito aos que me leem, me incentivam através de comentários, me ajudam quando cometo um erro e me oferecem sua amizade.

Você também foi um presente: alguém que me oferta seu tempo e sua capacidade, apenas em prol da minha divulgação. Desde já, obrigada.


O que poderíamos saber de concreto a respeito da autora?

Que eu escrevo e bastante. Sou humana no limite da lágrima, tenho um trabalho estressante mas que é necessário, gosto de cozinhar e cavalgar, defendo causas sociais e me envolvo diretamente nelas, gosto de pessoas; tenho empatia e simpatia com e por elas e que, ao mesmo tempo que me ofereço, também que recolho quando vejo ou percebo no outro uma intenção ruim.

Tenho muito 'feeling' e preciso e conto com isso para sobreviver. Mais acaricio do que bato, mas se chegar a bater, é para machucar de forma irreversível.


Por que veicular sua obra na internet?


Não penso que eu tenha uma "obra". No meu entender, uma obra significa o término de algo, como se tudo já estivesse pronto e o que escrevo não está pronto.

A Internet possibilita uma maior rapidez com o que se está sentindo num momento e sua divulgação instantânea.

Eu escrevo a sensação do dia, da hora, da fluidez da minha emoção no átimo do segundo e, para tanto, a Internet me satisfaz completamente nesse quesito.


Sei que já recebeu vários convites para publicar seus livros. Qual o motivo de nunca ter aceitado publicá-lo?


Porque não tenho disciplina e não quero ficar escrevendo algo com tempo determinado para fazê-lo e com gente me cobrando prazos.

Minha emoção ficaria desestabilizada. Afora que eu gosto de fazer bem o que eu faço, mesmo que seja mal feito (se essa é a intenção que eu tenha no momento - como os primeiros textos que publiquei como Maria Quitéria no Recanto; mal feitos e mal escritos de propósito).

Se resolvesse escrever um livro, com todos os meandros que implicaria uma publicação, acredito que me bloquearia e passaria a escrever de forma automática e isso não quero.

Ou faço o que gosto ou paro de fazer até encontrar um jeito de fazer como gosto. O livro impresso não me permitiria essa "brincadeira". E gosto tanto de brincar...


Podemos esperar por essa publicação algum dia?


Livro impresso? Dificilmente. Já tive filho, plantei minha árvore e até já escrevi e-books.

Tô dentro (rindo muito)! Gosto das árvores e me sentiria tão mal se fosse diretamente responsável pelo desmatamento... (brincadeirinha, mas com um certo ar de sobriedade e seriedade).

Talvez um livro meu saia, sim. Há uma possibilidade, quando e se, o Kindle se tornar mais barato (atualmente gira em torno de US$ 360) e mais pessoas tiverem acesso a ele.

Textos novos eu tenho em pencas para um livro, bastaria apenas colocar um índice, revisar pela nova ortografia, imprimir um único livro e... que cansaço!

Maria Quitéria, você é sucesso no recanto das letras. Um texto publicado chega à lista dos 10 mais lidos antes de decorrido o 1º dia, como você explica o sucesso de seus textos no recanto das letras?



Sinceramente? Me assombro. Mas me sinto agradecida aos amigos e leitores de modo geral.



Qual sua maior alegria ao publicar um texto?


Saber que o "alvo" foi atingido.


Qual o significado, para você, de literatura licenciosa?

É uma forma de expressão como outra qualquer. É um ato de liberdade, de desafio. É a letra bancando "a dor e a delícia de ser o que é".


O que está lendo atualmente?


Comecei a ler 'Tratado das Paixões da Alma' do Antonio Lobo Antunes. Ele escreve de maneira complexa mas sem um comprometimento social, sem conformismos e a temporalidade vaga de tal forma em seus romances, que você não consegue mais identificar o personagem e nem mesmo o autor.

Eu aprecio a leitura onde a estória nem é tão importante mas onde o jogo das palavras cria e tece toda uma trama onde você sai da mesmice e entra num universo único, possibilitando mil alternativas para uma mesma leitura.

Também estou relendo 'O Afegão' do Frederick Forsyth e o 'Acima de qualquer suspeita' do Scott Turow. A leitura simultânea de livros com assuntos diversos nos induz a criar uma outra forma de letra.

Você sai do "registra, fotografa, copia" e escreve numa dimensão diferente, embora jamais me esqueça das palavras de Nelson Rodrigues a respeito de se ler pouco e se reler muito.


Maria Quitéria, o fato de escrever literatura licenciosa faz com que seja assediada pelos leitores?

Só um pouquinho.


Qual sua opiniao sobre a literatura erótica no Brasil?


Ela ainda capenga mas começou a dar as caras de maneira mais ousada, tanto que muitos escritores estão se recriando e se reinventado com múltiplos perfis para escrevê-la.

Todos os poemas de amor já foram escritos; para que você possa escrever algo que deixe o leitor envolvido na poesia amorosa, ela precisa estar imbuída de alma, de tal forma, a que o outro sinta-se dentro da vastidão do seu sentimento, tomando-o para si.

Já o erótico permite muitas nuances, porque há gostos diversos e o teor pode variar do chulo ao poético, do devasso ao sensual, do escrachado ao dissimulado.

O erótico permite uma gama de possibilidades ainda não visitadas. Permite que se extrapole na fantasia, que se vague por patamares antes nunca atingidos.

Os autores da boca do lixo sempre foram marginalizados e você precisava se valer de publicações internacionais tendo que aceitar a tradução (nem sempre correta), buscando nas bancas de jornais e livrarias o erótico sujo, escondido atrás dos livros de pouca circulação.

Hoje já podemos ler e escrever com mais tranquilidade e, por isso mesmo, o erótico está aparecendo com força e melhor qualidade.



Não creio que haja uma receita precisa, como se fosse um prato culinário. Cada um tem seu jeito de escrever, sua fantasia, sua visão do sexo de modo bastante particular e que acaba encontrando seguidores com as mesmas tendências.

Confio no bom senso de quem escreve e no bom senso de quem lê. O senso comum, como já disse antes, é um tanto perigoso e não indaga, não contesta, apenas aceita.

O bom senso faz com que se questione, se tenha uma visão particular e preciosa fazendo com que a qualidade do erotismo se torne cada vez mais talhada e mais abrangente.

Quando se pensa na forma de escrever de Nelson Rodrigues, Adelaide Carraro, Plínio Marcos, dentre outros de igual porte, você acaba encontrando os ingredientes para a explanação do erótico.


Gostaria de deixar alguma mensagem aos fãs e amigos do recanto?


Só posso agradecer o carinho e o respeito que me dedicam e a você, de forma especial, gostaria de acarinhar pela delicadeza dessa entrevista que está embasada no conhecimento da literatura licenciosa, assim como, do conhecimento das minhas letras. Grata, mesmo.

Maria Quitéria, gostaria de terminar esta entrevista com um poema seu . Qual seria e por que? Eu adoro o poema “Sou como o vento“, me identifico muito com ele. Seu livro impresso seria com certeza um presente para os namorados!

Livro impresso vai ser difícil, mas quem sabe se a Betânia ou Ana Carolina não resolvem declamar minhas letras? Aí eu faria um 'livro-cd-dvd' (doida!).

Seria mais gostoso para presentear o namorado e ouvir juntinho, né não? (rindo) .

Também gosto muito do "Sou como o vento", mas te dou uma letra antiga que nunca publiquei.

Um beijo e obrigada pelo carinho.



Playground


Maria Quitéria

... faz gostoso, me mela
molha tudo com tua baba
força um pouco, me engambela
me põe direto na tua aba
como um louco a me querer
diz que sou o teu desejo
a diaba mais mulher
da tua sanha sem o pejo

me faz sentir muito mais
me sentir a derradeira
não só um corpo a mais
dentre a última e a primeira
e te recebo no ventre
com meu corpo de cama
te coloco no entre
abro a porta da chama
tosquio teus pelos
no meu fogo mais quente
te carinho em desvelos
e te meto o dente

depois te embalo entre as pernas
até o sono dos justos
com minhas loucas e ternas
e o melado do meio
te protejo no seio
e te salvo dos sustos...





Quem é Narceja?

Eu, a autora de Narceja, serei entrevistada pelos próprios leitores, que poderão enviar suas perguntas por e-mail ( narcejacontoseroticos@googlemail.com ) até o dia 30 de Novembro de 2009. As melhores perguntas serão selecionadas para constituir a entrevista.

O leitor poderá optar por ter seu nome ou nickname e seu estado publicado na entrevista.

O e-book ( Narceja entrevistas) Sairá em meados de dezembro. Juntamente com o video de divulgação no youtube.

A autora
Ana M.

www.narcejacontoseroticos.com
Narceja - Video
http://www.youtube.com/watch?v=xikGWvCzbcI ( NOVO)
Podem me adcionar, só nao aceito fakes com fotos pornográficas no perfil

ÚLTIMOS CONTOS : http://recantodasletras.uol.com.br/autores/narceja
MINHA COMUNIDADE : http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=54214965&refresh=1

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Néon


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