sábado, 24 de outubro de 2009

Ama-me ou...- Paulinho Dhi Andrade



Deixa-me fingir que sou tua mulher, só por hoje...
Quero sentir tuas mãos levantarem o pano de meu vestido antigo e alisarem meu corpo, já o dia todo sem peças intimas numa espera sem fim e ao mesmo tempo medrosa, pois uma dona de casa nunca sabe o temperamento de seu marido antes dele chegar em casa.
Em tal fingimento, quero sentir teu hálito quente de aguardente, pingando os olhos de cansaço por um dia todo de trabalho, mesclar-se em mim. Fingir que me foi fiel o dia todo, ou o dia inteiro... Depois servir teu jantar, deitar-me ao teu lado com uma das mãos alisando meu sexo enquanto você, sem nexo, fingi dormir...

Certa vez ao fingir orgasmo senti prazer, e tua mentira onírica somente ensinou-me a molhar os dedos nos lábios que mentem quando ameaçados. Mas tua ausência faz com que me sinta tão insegura por não sentir teus lábios em meus peitos murchos de cansaço pelo tempo, que qualquer imagem ajuda no momento exato de minha mentira acreditada.

É pela manhã que tudo parece ter mais gosto, quando mãos e peitos se encantam num ritmo quente, frenético... Em tal momento já estou úmida, e temos como perfume nossos hálitos quentes. E nossos olhos precisando da escuridão recusam-se a nos buscar fora da imaginação. Sinto tudo tão rápido. E incompleta espero que saia ao trabalho para que eu possa então continuar minhas divagações.
Sabendo que tudo será igual ao entardecer de mais um dia sozinha, esperando passar as horas para então correr à pia e fingir não percebê-lo chegar mesmo tendo como delator o abrir da porta que sempre anuncia o cheiro forte de aguardente, rezo mentirosamente que não cederei aos teus caprichos. Mas quando você chega redescubro que não sei rezar, ou a fé em minhas rezas são realmente mentirosas...


Já houve momentos em que os copos cantaram nas paredes da cozinha, mas fora por causa nobre. Acredito eu que não há quem não brigue por amor, mesmo não crendo nele.
Era marca minha, eu sabia, mas ralhei de propósito só pra apimentar o lado insosso de uma noite que nada prometia devido a falta de tua embriaguez. Sabias que era boca minha a marca no colarinho? Então porque não reclamou minha criancice? Queria participar não é mesmo? Naquela noite tudo foi mais mentido do que o de costume, e foi uma coisa boa reviver meus primeiros dias, digo meus porque me casei virgem na alma, diferente de você, que precisava ter pecado pra se sentir homem.
Risinhos, cabisbaixo, vergonha... Vergonha dessas que faz qualquer mulher madura se sentir uma menina levada da breca, eu fui uma e gostei.



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