sexta-feira, 3 de abril de 2009

MONTSERRAT



Um conto em homenagem a esta sensual montanha


MONTSERRAT



Na face escura do anoitecer os galhos balançam, o vento calcificante do pensamento retraí-se, por isto crispo-me.
A fotografia redimensionada da noite fazia-me lamber-te por frestas. Perdi-me em Montserrat. Templo de prazer, paisagem afrodisíaca que comprime este cérebro desgovernado.
Assim toquei teus seios com fome; a montanha a penetrar minhas veias no gosto rascante do vinho derramado; a ternura abrindo-se no veludo que eu não queria olhar.
Era Montserrat falando através do olho mágico perdido na mata. Era o abraço no qual eu não cabia porque não encompridei meus dedos quando a vontade dizia sim.
O véu negro perfurou o vento e trouxe-me tão somente aquele perfume íngreme e desfalecido. Perfume do que restou, cama retangular onde lençóis safados gritavam:
‘- Impuro!’
Essa descrição bate literalmente com meu pensar, assumo: ‘- Sou safado sim...e se me perguntares eu te digo: ‘- Põe aquela gatinha de 17 aninhos na minha frente; passo mel com os dedos e com certeza vou lambê-la de cima abaixo.’- Sou pervertido e mentiroso cara, sou mesmo!’
Dizem que não presto e me pergunto o que significa esta palavra? O que significa não prestar? Sabe o sujeito tarado? Pois é, muitas vezes penso com a cabeça do pau... mas por outro lado, sou um cara sensível, carinhoso, educado, gentil e talentoso. Que curte arte, história, literatura, filosofia e muito mais....Tenho gosto apurado pra quase tudo. Eu escolho e sempre escolho nos mínimos detalhes. Detesto vulgaridade, eu sou finesse.
Dirias: ‘- como um vagabundo que se arrasta atrás de sexo, que não pode sentir o cheiro de uma vulva porque fica doidão pode se declarar um sujeito fino?’ Te respondo: - Pode.
Eu posso porque no palheiro pego os mais belos diamantes. Eu me envolvo com a beleza que se estende pela vida. Tenho gosto refinado, requintado. Mordo com voracidade a beleza. Seja de uma mulher, seja de um queijo, seja de um quadro ou de uma paisagem que me toma por inteiro. Com os olhos, como um tanto de quase tudo; desde a macia montanha que se descortina em Montserrat até um papo cult com alguém que conheça o assunto que me interessa.
Gosto do belo que reveste a lua friorenta, gosto do agasalho que cobre o corpo nu da mulher, gosto dos sentidos explícitos que de mim se apoderam; mas por outro lado eu tenho medo; tenho medo de me perder dentro de meus desejos. Sem dúvida alguma vejo-me como um cara singular e muitas vezes pareço ser contraditório, mas vou te dizer amigo eu sou íntegro. De uma integridade à flor da pele, de uma integridade pura porque é no aroma da beleza que transito.
É dezembro, o frio se auto congela na noite pálida, bebemos um vinho entre tinto e rosado...
-‘Neste dia Mônica; eu e Paulo passamos a noite num bar à beira da paisagem onde se situa Montserrat. Discutimos por horas, mas foi salutar. Se ele me entendeu eu não saberia explicar mas com certeza fui inteiro e objetivo. Porém agora ao ver teus olhos me fixando a dúvida a respeito de meus delírios arranham veias e o medo do qual falei enrosca-se no meu pescoço a me perguntar, por quê?’
Naquele dia por um breve momento senti meu pulso latejar, olhei a pele da montanha tenra e doce e desejei loucamente tocá-la, passar meus dedos sobre suas fendas, acariciar os seios, penetrar a mata, aspirar o perfume.
Montserrat imensa terra-mãe, mulher sedutora, encontrá-la é achar o caminho de casa, é deitar nos braços da madona, é viver o sonho.
Após esta última frase abro os olhos e vejo mais uma vez o semblante atônito de minha psicanalista corar. Definitivamente ela estava abismada com meu relato; mais uma vez olhou-me fixamente e disse: ‘- continuamos na próxima sessão, sua hora acabou..’
Saí partido a roer-me internamente, o que Mônica terá pensado? E se enlouqueci? Mas não sou louco! O que será ser louco?
No final do corredor há um espelho, olhei-me e levei um susto, pensei: ‘- Serei eu esta figura descontrolada?



Thiers R >

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