sábado, 19 de setembro de 2009

O Sargento e a Prosituta

O Segundo Sargento Ribamar era o estereótipo do militar linha-dura. Para ele, Deus, o Exército Brasileiro e a Pátria estavam acima de qualquer outra instituição e uma ofensa a estes, por mais insignificante, se fazia merecedora de exemplar punição. Um exemplo de sua deturpada visão das coisas ocorria sempre em tempos de Copa do Mundo. O Sargento emputecia-se com a cidade toda enfeitada em verde e amarelo, encolerizava-se com os torcedores praticamente vestidos com a bandeira brasileira. “Maldita democracia”, rosnava.

Próximo ao quartel onde o Sargento Ribamar servia, estava instalada a zona de prostituição da cidade. Junto aos primeiros raios do sol, prostitutas, putas e afins costumavam encerrar suas madrugadas de difícil vida fácil em um botequim naquelas cercanias. Sargento Ribamar, de início pouco se incomodava com aqueles tipos. Não fossem as gargalhadas estridentes daquelas mulheres logo nas primeiras horas da manhã ele mal notaria suas presenças. Que levassem suas vidas medíocres. Ele tinha coisas mais importantes fazer, a Segurança Nacional a zelar.

E tudo permaneceria nos conformes, putas de um lado, defensores da Pátria do outro, não fosse a manhã em que Sargento Ribamar em sua ida para o Quartel desse com um grupo de prostitutas que dividiam uma mesa no bar. Riam, bebiam, contavam casos. Quatro mulheres vulgares, cujas vestimentas denunciavam de onde haviam desembarcado.

Passaria o Sargento ao largo mas, ao aproximar-se, chamou-lhe atenção uma loira de calças jeans. Sargento Ribamar era homem antes de ser um membro do glorioso Exército Brasileiro e não pode deixar de dar uma olhada, de soslaio, o convidativo corpo da loira que, sentada em uma cadeira virada para a rua, exibia para quem quisesse ver parte de sua bunda em virtude da baixa cintura dos jeans atuais. Horrorizado, pode o Sargento Ribamar bater os olhos em boa parte da calcinha da puta loira, insinuando-se para fora das calças, contornando sensualmente os quadris avantajados. A cada movimento que a loira fazia na cadeira, a calcinha saltava para fora, indecente, microscópica e, afronta mor: uma calcinha cuja padronagem imitava o uniforme de camuflagem do Exército!

Puto dentro da farda, Sargento Ribamar teve ganas de ir ao encontro da piranha e arrancar-lhe as calcinhas, mas lembrou-se dos novos tempos de liberdade e conteve-se. “Defensores de Direitos Humanos Filhos da Puta”, resmungou.
Indignado, resolveu levar o caso ao seu Comandante. O Coronel José Maria Baiana; nome de guerra Coronel Baiana, pois “Coronel José” existiam milhares e “Coronel Maria” geraria confusão de gêneros, forçou-lhe a contragosto aceitar o nome que sobrara da certidão de nascimento. Coronel Baiana o recebeu depois de algumas horas e um tanto contrafeito pela pouca importância do fato, aconselhou o Sargento a esquecer as calcinhas alheias e preocupar-se com a desempenho de suas funções dentro do quartel. “Comandante frouxo de merda”, ruminou os sair.

Passou o dia atormentado pela visão da calcinha militar a assombrar-lhe os pensamentos. No final do expediente, em nome de Deus, da Pátria e do heróico Exército Brasileiro, já havia tomado sua decisão. Democracia, Direitos Humanos e o Coronel Baiana que se fudessem.
Toda a manhã o Sargento Ribamar observava a prostituta loira. Sempre de calças jeans de cós baixo e blusas top, ela desfilava um arsenal diferente de calcinhas a cada dia. Brancas, vermelhas, negras, pequenas, médias, com motivos infantis, de algodão, de tecidos que ele desconhecia, o diabo a quatro. Até que um dia, lá estava de volta a calcinha militarizada, afrontosa, brotando daquela bunda enorme, colossal.
Ele aproximou-se da mesa.

— Quer se divertir meu capitão? – perguntou maliciosa.

— Sargento – corrigiu Ribamar.

— Cinqüenta real, barba, cabelo e bigode.

— Não uso bigode, quanto custa pra gente apenas conversar?

A prostituta conteve a gargalhada. Cada um que aparecia...

— É cinqüenta, fora o motel, que eu já tinha encerrado o expediente, fechado a portinha da sacanagem. Vai ser o tá difícil?

A prostituta seguiu na frente, Sargento Ribamar dois passos atrás. Entraram em um motel fuleiro, a duas quadras do quartel. Mal fecharam a porta do quarto, Sargento Ribamar quis iniciar uma descompostura mas a mulher da vida entrou no banheiro. Ele sentou-a na cama coberta por lençóis baratos, fedendo a amores pretéritos. A puta retornou trajando somente a calcinha camuflada. A visão deslumbrou o Sargento. A mulher se exibia para ele, executando uma coreografia erótica, passando a bunda a milímetros do rosto do Sargento Ribamar que vencido, agarrou a prostituta, e entre gemidos e sussurros, a possuiu com voracidade.
Ao fim do ato, ela começou a se vestir.

— Quero mais! Suplicou o Sargento

— Vai custar mais cinqüenta – Ela alertou.

— Te dou cem, se você deixar eu fazer uma coisa...

Já acostumada a loucuras dos clientes na cama, ela consentiu. Sargento Ribamar, embriagado pelo desejo, vestiu a outrora odiada calcinha e se pôs a desfilar pelo quarto, rebolando, exibindo grotescamente sua silhueta disforme, pêlos saindo de dentro da lingerie. A garota de programa mandou ele deitar-se, de costas. Sacou de sua bolsa um tubo de lubrificante e fez horrores com o Ribamar, que enquanto se realizava como mulher, canta, extasiado, os primeiros versos do Hino Nacional.

— Ouviram do Ypiranga, às margens plácidas, de povo heróico o brado retumbante! E o sol da liberdade em raios fúlgidos...

— Canta putinha, canta... – sussurrava a prostituta.

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Néon


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