quarta-feira, 7 de abril de 2010

Sue Johanson


Sue Johanson em entrevista exclusiva à Saber Viver-

Vamos falar de sexo e educação sexual?

Formada em Enfermagem, Terapia e Educação Sexual, estreou-se na rádio, na década de 80, com o programa «Sunday Night Sex Show».

Em 1996, o canal canadiano WTN Network convidou-a para um programa nacional, um dos mais vistos de sempre. Em 2002, a estação Oxygen comprou as sete edições do seu programa e convidou-a para fazer um programa em directo nos Estados Unidos, «Talk Sex with Sue Johanson», actualmente transmitido em mais de 20 países, incluindo Portugal, onde chegou rebaptizado de «Conselhos de Sue», na SIC Mulher.

Escreveu três livros: «Talk sex», «Sex is perfectly natural, but not naturally perfect» e «Sex, sex and more sex» (Penguin Books). Em 2001, foi condecorada pela Ordem do Canadá. Tem 79 anos.

Como se pode melhorar a educação sexual da população em geral?

Mantendo a contracepção, nomeadamente os preservativos, acessível a todos; distribuindo panfletos, fazendo campanhas na televisão, rádio e jornais sobre gravidez, doenças sexualmente transmissíveis e brinquedos sexuais, colocando informação em todo o lado para que o sexo deixe de ser encarado como um grande e obscuro segredo.

Em que idade deve começar a educação sexual?


Muito cedo. Quando as crianças são ainda muito pequenas e brincam pela primeira vez com os seus genitais, a forma como nós adultos reagimos é a primeira lição em educação sexual.

Mais tarde, quando a filha pergunta porque é que o pai tem um pénis e a mãe não?, a resposta deve ser aberta, transmitindo a ideia de que não faz mal falar sobre o assunto e que ela pode colocar todas as questões aos pais.

E em que idade devem os pais aconselhar o uso do preservativo?
Eu começaria por explicar o que é um preservativo aos oito ou nove anos. Depois, por volta dos 13/14 anos, diria algo como filho, vou deixar alguns preservativos em cima da cómoda. Leva alguns contigo porque não queremos que tenhas uma doença, nem uma gravidez não desejada.

Como é que os pais sabem que é a altura certa para abordar o assunto?


Quando desconfiam que os filhos têm um namorado ou uma namorada. Se o filho comentar, por exemplo, que o amigo vai sair com a namorada é a altura certa para lhe perguntar há quanto tempo andam juntos? Achas que eles se vão beijar? Achas que eles vão fazer sexo? Já falaste com eles, será que eles usam preservativo?. E aproveite esse momento para falar sobre o assunto.

A educação sexual deve ser diferente entre rapazes e moças?

Não. Devem estar juntos na sala de aula por que eu quero que os rapazes saibam tudo sobre as raparigas e quero que as raparigas saibam tudo sobre os rapazes. Não quero segredos, nem que eles pensem que existem temas sobre os quais não podem falar por serem demasiado constrangedores.

Qual foi a reacção do público ao seu programa de televisão?

Comecei por aparecer na televisão canadiana e o programa foi bem aceite. Embora falasse de forma explícita, aquilo que dizia estava correcto e era informação que interessava aos telespectadores.

Quando o programa passou a ser exibido nos Estados Unidos foi muito interessante, porque pensámos que poderíamos ter problemas. Nessa altura, não existia educação sexual nas escolas norte-americanas e, quando o programa foi para o ar, os americanos aceitaram-no muito bem e tornou-se muito popular.


Notou alguma evolução no tipo de questões colocadas pelos telespectadores ao longo dos anos?

Sim. As questões deixaram de ser tão básicas, tornaram-se mais complexas e pormenorizadas.

Também deixaram de usar expressões em calão e passaram a usar os termos próprios, um sinal de que estavam a apanhar a mensagem.

Existiam diferenças entre as dúvidas colocadas pelos homens e pelas mulheres?


Sim. As mulheres estavam mais preocupadas com o prazer e a satisfação sexual. Como atingir o orgasmo? Porque é que as mulheres demoram mais tempo a ficar excitadas?

Os homens estavam mais interessados na performance. Como ser um bom amante? Como fazer com que ela atinja o orgasmo imediatamente? Como tornar o meu pénis maior? Como ter uma nova erecção imediatamente a seguir à ejaculação?

No seu programa também analisava os brinquedos sexuais. Que objectos recomendaria a qualquer casal?

O fukuoku, um vibrador de dedo que pode ser usado pelos dois parceiros; the worm (a lagarta) fabricado na Alemanha, é utilizado pelas mulheres na estimulação clitoriana e vaginal; e the head honcho, uma ferramenta de masturbação para os homens.

Se os dois elementos do casal se sentirem à vontade consigo próprios e com o seu parceiro, um vibrador, pequeno e silencioso, é formidável. Mas se o homem se sentir ameaçado e achar que a parceira prefere o brinquedo, não vai resultar.

Existem casais que se amam mas que sexualmente não funcionam?

Sim. Um dos parceiros pode ter sido abusado na infância e, portanto, pode nunca conseguir gostar de uma relação sexual plena. Ou pode apenas não estar interessado em sexo, porque o educaram dizendo que o sexo é uma coisa suja, que serve apenas para fazer bebés e nunca lhe disseram que também serve para ter prazer ou melhorar o relacionamento.

O que sugeria a estes casais?

Sugeria que procurassem um bom terapeuta sexual, tanto o que quer ter sexo, como o que não quer. Ambos precisam de aconselhamento.

O orgasmo é a parte mais importante da relação sexual?

Não. As mulheres não vão atingir o orgasmo sempre que fizerem sexo. O prazer, o estarem juntos, próximos, íntimos, a sensação de pertencerem um ao outro, de se amarem, para mim é, de longe, muito mais importante do que a ejaculação e o orgasmo.

O que aconselharia a alguém que nunca atingiu o orgasmo?

Aprenda a masturbar-se. É tão simples quanto isto! Aprenda a dar prazer a si própria.

O que é preciso para ter uma vida sexual feliz?

Ser honesto com o seu parceiro, para poder comunicar e falar sobre aquilo que gosta. Em primeiro lugar, você tem de saber do que gosta, o que significa que tem de aprender a masturbar-se, a sentir prazer sozinha. Depois de descobrir o que funciona para si, deve partilhar essa informação com o seu parceiro.



Uma das fases mais temidas pelo sexo feminino, nomeadamente a nível sexual, é a menopausa. É ou não verdade que, nesta etapa, ocorre o declínio do desejo?


Após a menopausa nós, mulheres, produzimos menos estrogénio e progesterona e o desejo que nos estimula a fazer sexo diminui um pouco. A necessidade de tocar, abraçar, mimar e beijar mantém-se inalterada, mas não necessariamente o desejo de ter relações sexuais.

Porquê?

À medida que envelhecemos, geralmente, os nossos parceiros sexuais também envelhecem e ficam menos interessados em sexo. Além disso, podem passar por algum tipo de disfunção sexual. E, portanto, o casal pode continuar a trocar mimos, abraços, beijos.

Mas pode acontecer o casal querer aumentar o desejo sexual na menopausa. Nesse caso, o que recomenda?

Nesse caso, o objectivo não é necessariamente ter sexo ou atingir o orgasmo, mas sim sentirem prazer. Por isso proponho que se divirtam. Porque não experimentarem algo novo, algo diferente?

Por exemplo, fazer sexo na sala de estar; em cima da máquina de lavar; fantasiarem-se de enfermeira ou de bombeiro, usar diferentes brinquedos sexuais ou vendar o parceiro e provocá-lo com plumas.

Os mais velhos podem ser sexualmente tão activos como os mais novos?

Não. Quando as pessoas são novas são insaciáveis, o sexo nunca é suficiente. Quando ficam mais velhas não precisam de atingir o orgasmo para ter bom sexo.

Quer deixar uma última mensagem aos nossos leitores?

O meu lema é pensem antes de fazer, nunca deixem o sexo acontecer por acaso e pratiquem sempre sexo seguro.



Texto: Vanda Oliveira
Foto: David Leyes

Fonte:http://mulher.sapo.pt/actualidade/entrevistas/sue-johanson-em-entrevista-exc-1022422-3.html

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