terça-feira, 31 de agosto de 2010

Meninas malvadas - Giselle Sato








Um dia, o desejo supera a razão. Não há porque continuar adiando para sempre as fantasias e não ter coragem de ir adiante.Fiz minhas escolhas e reformulei toda a vida. Sem medo de ser feliz.

Sou uma mulher bonita, 40 anos, independente e vivo sozinha. Sábado no Rio de Janeiro, noite morna de verão. Vesti um pretinho básico, salto alto, batom e perfume. Uma última olhada no espelho e estava pronta para a noite.

Escolhi um ‘’ point’’ gay pertinho de casa, cheio de gente bonita e animada. Grupinhos e alguns casais. Estava lotado e fiquei aguardando mesa. Recebi um chopp do garçon e só entendi quando a menina acenou um convite.
Era uma graça, no máximo 20 anos, lourinha miúda e sorridente. Dividia a mesa com duas moças que também acenaram. Sorri agradecida, caminhei até o grupinho, sentei na cadeira vaga:-Obrigada. Estava quase desistindo. Meu nome é Vanda, tudo bem?

-Oi, sou,Marina.Estas são Thereza e Inês.

-Gaúcha?

-O sotaque denuncia mesmo. De Porto Alegre, conhece?

- Claro, adoro o Sul. Primeira vez no Rio de Janeiro ?

-Sim, e estou amando os lugares e principalmente as cariocas- Senti que Marina estava jogando o maior charme. Sedutora, tocou meu braço com a desculpa de elogiar uma pulseira de berloques.

Logo estávamos conversando como velhas amigas Thereza e Inês resolveram dar uma volta na praia e apreciar o luar. Desculpa perfeita para ficarmos a sós. Respirei aliviada, tudo estava indo bem e a menina me atraía demais.
O clima estava gostoso entre nós, elogiei o perfume: -É da Victoria, morango com ‘’champagne’’,meu favorito.

-sou louca por este cheirinho de frutas, combina com a sua pele. Nome de mar e pele doce. Dá vontade de experimentar.

-Posso te dar uma provinha- Colocou o dedo na minha boca.Lambi deliciada as pontinhas. Ela deu um gemidinho, toda sensual. Fazendo charme:

-Gostou? Atendeu suas expectativas guriazinha?

-Muito. Quero saber se todo seu corpo é gostoso deste jeitinho.

Ela sorriu e colou a perna na minha. Ficamos nos olhando sem falar nada, respirando juntinho. Convidei :-vamos para minha casa? É perto. Vamos?

-Pensei que nunca ia me convidar.

Caminhamos por Ipanema de mãos dadas trocando beijinhos como duas adolescentes, Marina usava um vestido curto, tinha o rosto de moleca levada. Aproveitamos um cantinho escuro e trocamos um beijo de verdade.
Nossas bocas chupando a língua uma da outra. Senti os dedos tocando intimamente. Ela afastou a calcinha molhada.
Suave, depois mais forte, me dissolvi em Marina. Melando, gozando, desejando mais e mais.
Abaixei as alcinhas do vestido de Marina e um seio perfeito encaixou na minha boca. Deliciosa, cheirosa, com gosto de menina.

Trêmula de tesão não percebi o perigo chegando:-mas que cena mais “escrota”, tu não perde tempo ..

As amigas de Marina estavam paradas nos olhando de cara fechada, tentei ser simpática:-estávamos indo pra minha casa beber alguma coisa, está tudo bem?

-Não está nada bem "minha tia", Marina acabou a palhaçada. Isto não estava no "script". Não mandei você se atracar com ela, mandei? Passa a bolsa e o relógio titia.

A mais alta e bruta nos afastou com toda violência, estava claro que além do assalto ela estava enciumada, puxou Mariana para longe de mim e mostrou a faca ameaçando:

-Vamos pra sua casa "titia".. Anda logo, se fizer gracinha te corto toda. Não estou brincando.

O sotaque havia sumido e elas pareciam drogadas. Passamos pelo porteiro sonolento que não deu a mínima.
No elevador, Inês, que era a cabeça do bando beijou Marina:-Está vendo? É disso que ela gosta, boquinha de neném, não é minha linda? Que você estava pensando? Que ela ia ficar com você? Não se enxerga não?

Marina estava agarrada com Inês quando entramos no meu apartamento. Elas ficaram admiradas com a decoração e o luxo. Meu laptop foi logo arrancado da tomada, abriam gavetas e reviravam os armários:-Olha o luxo da casa. Coisa de primeira. Cadê a grana? Os dólares?

-Eu não guardo nada em casa. Levem o que quiser, não tenho maiores valores.

O primeiro soco acertou minha boca e senti o rosto inchando. Os seguintes,procurei me esquivar sem sucesso. Inês era forte e batia sem parar.
Thereza amarrou minhas mãos com o fio do laptop. Marina começou a cortar minhas pernas e braços com a faca afiada. Elas riam e brincavam entre si:- ‘’Last chance’’, onde estão os dólares? o cofre...fala logo ou vai morrer.

Decidi acabar com a tortura:-No closet, o cofre está no closet ...no meu quarto- Minhas roupas empapadas de sangue.

-Sabia que você estava mentindo. Mentirosa.

Inês socou minha cabeça e correu para o quarto. Ouvi os gritos de alegria quando descobriu o cofre. Trancado.

-Têm segredo. Quais são os números?- Retornou ainda mais irritada. Uma garrafa de tequila nas mãos.

-Dou os número mas você me solta primeiro

-Mato você agora e dane-se o cofre.

-Tem dólares, euros e jóias.

As três me arrastaram até o closet com a faca na garganta. Abri o cofre recheado .Além do dinheiro e das jóias, meu closet também guardava Jiji.
Minha jibóia de estimação. 4 metros de puro mau humor e maldade.
Quando a presença da cobra foi notada, aproveitei a confusão e corri para longe trancando o trio. Grossas portas de madeira abafaram os gritos.

Calmamente liguei para Eduardo, meu secretário e braço direito:-Estou com as ratinhas na gaiola, vamos ter que guardar. Não, não estou machucada, eu não dei o sinal, você sabe que eu gosto. Avise Carlos que vamos decolar em duas horas para a fazenda.

Aquelas meninas tinham sido muito malvadas. Pilantras disfarçadas de turistas. Assaltaram e mataram várias mulheres. Usaram a mais bonitinha e o falso sotaque como isca. A polícia andava atrapalhada e resolvi ajudar.

Sempre tive vontade de ver minha cobra comendo um ser humano. Liguei o circuito interno de TV e a tela encheu com Jiji e Thereza, a menor de todas. O corpo havia sido parcialmente esmagado. A cobra parecia ter dobrado de tamanho, uma cena terrível e ao mesmo tempo fascinante.Thereza ainda estava viva mas não tinha forças para gritar.

Mariana estava encolhida num cantinho e Inês parecia uma boneca quebrada. Jiji havia despejado sua ira na pior e guardado o petisco para o final. Depois dizem que cobras não possuem sensibilidade.

Eduardo chegou afobado para iniciar a limpeza. O privilégio de morar em um prédio com dois apartamentos por andar, elevador privativo e vagas fechadas eram fundamentais. Privacidade é essencial para minhas caçadas.

Jiji seria levada para a fazenda com o futuro alimento, a apetitosa Marina. Inês e Thereza me enojavam.
Os jacarés estão sempre famintos e não deixam qualquer vestígio.
Tudo resolvido. A noite realmente tinha sido muito interessante e prometia ser ainda mais divertida com a linda Marina.Jiji só seria alimentada em trinta dias, até lá teria bastante tempo para conhecer minha nova amiguinha.

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Néon


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