quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A Casa das Maçãs



Laurides estava arrasada. Descobriu que Batista tinha uma amante e que sustentava um segundo lar. O marido já não a procurava mais na cama e passava a maior parte do tempo fora de casa.

Batista nunca deixou de aproveitar a vida mesmo depois de casado. Pouco ficava em casa, pouco conversava com a esposa. Quando conheceu Gilda, ficou muito tentado a separar-se de Laurides, porém, sentiu muita pena da mulher e decidiu deixar as coisas como estavam. Gilda não se importava em ser a amante, ela até que gostava dessa situação.

Quando Batista encontrou Laurides chorando na cama, arrependeu-se de ter voltado. Deitou-se e fingiu que não havia percebido o choro da mulher e rezou para que ela nada falasse. Ela por sua vez, estava esperando o marido desde o final da tarde para esclarecer tudo. Respirou fundo e murmurou:

- Batista, por que você não gosta de mim?
- Por que isso agora, Laurides?
- Pode responder? Não me acha bonita? Não sente desejo por mim? O que ela tem que eu não tenho, Batista?
- Ela? Mas que diabos, do que está falando, mulher?
- Falo de Gilda, Batista. O que está te faltando em casa? Quero que me possua agora, quero provar que posso ser uma boa amante na cama, tão boa quanto a outra.

Laurides arrancou as roupas, ficou nua na frente de Batista e se jogou sobre ele. Tentou beijá-lo e abraçá-lo, mas ele tentava se desvencilhar. Temendo machucá-la, ele a empurrou para fora da cama, levantou-se e saiu de casa novamente. A jovem ficou sentada no chão, rejeitada, desgrenhada e humilhada. Chorou como nunca havia chorado na vida. Num ímpeto de fúria, levantou-se, quebrou todo o quarto, gritou e chamou o diabo! Queria fazer um pacto... em seguida, exausta, deitou-se sobre o colchão frio e adormeceu repleta de angústia e tristeza.

No dia seguinte Batista não conseguia olhar para a mulher. Ela, porém, o olhava com ódio, sedenta de vingança. Almoçaram num silêncio odioso e quase insuportável para Laurides. Ela não aguentava mais a indiferença do marido, também queria feri-lo e humilhá-lo.

- Vou sair, Batista.
- Onde vai?
- Vou à Igreja.
- Demora?
- Não sei.

Laurides saiu às pressas, pegou um ônibus, atravessou a cidade e chegou ao seu destino: um prostíbulo bem conceituado na periferia, frequentado por altos figurões da cidade. Estava decidida a pagar uma alta quantia para que alguma das prostitutas a ensinasse a ser sedutora e atraente. Foi recebida por uma mulher ruiva e alta, pouco glamourosa sem maquiagem que ouviu atentamente a sua proposta. Sentiu dó da jovem e decidiu ajudá-la por bem menos do que ela estava oferecendo. Laurides ficou muito grata e ansiosa para começar as aulas Com Daniela e saiu dali com uma sensação esquisita. Não conseguia parar de pensar nas coisas que Daniela havia lhe revelado e ficou impressionada com a quantidade de homens que se serviam dela todos as noites.
Eram homens das mais variadas idades e estilos, homens em sua maioria casados e insatisfeitos com o casamento. "Homens como Batista", pensou.

Depois daquele dia, ela voltou muitas vezes ao prostíbulo e numa das visitas, sentiu-se constrangida com a chegada de um cliente, que a confundiu com uma prostituta da casa. Ele sentou-se ao seu lado e colocou a mão em sua perna. Daniela ia esclarecer tudo, mas Laurides a interrompeu. Daniela entendeu que ela desejava continuar com a farsa e achou que aquela era uma ótima oportunidade de ensinar na prática o que Laurides tanto desejava aprender. Daniela colocou a mão na outra perna de Laurides e suavemente começou a acariciá-la. A moça a princípio se assustou com a atitude da amiga, mas não fez objeção nenhuma e se entregou aos seus carinhos para o deleite do cliente. Experiente, ela satisfez aos dois com muita competência. Realmente, a moça ruiva era uma máquina de sexo. Quando o cliente foi embora, Daniela olhou para laurides e começou a rir. Suas gargalhadas ecoavam pela casa e Laurides começou a rir também, porém sem entender direito o motivo da graça.

- Compreendeu, Laurides? – perguntou Daniela.
- O quê...?
- Que nós mulheres temos poder. Com o sexo, conseguimos tudo, qualquer coisa, mesmo.
- Você é muito boa e sabe bem que fazer.
- Você também pode ser, Laurides! Esqueça o Idiota do seu marido, você nasceu para ser uma prostituta, você é muito quente. Viu como aquele cliente lhe desejava? Ele vai voltar...
- Ele quase não tocou em mim.
- Naquele momento, ele estava mais interessado em nos observar transando, mas ele vai voltar por sua causa. Que nome você vai adotar?
- Não faço idéia (risos)
- Escolha um nome, oras! Vanusa, Verônnica, Michele...
- Eva!
- Eva é um bom nome.

Eva saiu do bordel muito contente. Flertou com alguns passageiros no ônibus, ensaiou olhares e sorrisos sedutores, rebolou ao caminhar. Em casa, ficou nua diante do espelho, tocou seu corpo, lembrou-se das carícias de Daniela e do convite para se tornar meretriz. Olhou a sua volta e constatou que não havia vivido. A paixão por Batista e o aborto expontâneo que tivera há 10 anos foram as únicas emoções em sua vida. Batista só se casou por causa do bebê. Nunca havia experimentado um orgasmo, nunca havia se sentido amada, nunca havia ganho presente algum. E ainda era bonita! Sim... dentro dela havia uma mulher ansiosa por novas experiências. Sorriu ao recordar-se do elogio da amiga... “você é quente!
Sua estréia como puta não poderia ser melhor. Com a ajuda de Daniela, entrou num vestido vermelho, maquiou-se, calçou uma sandália de salto alto e esperou ansiosa pelo cliente. Ficou imaginando como seria o primeiro homem com quem se deitaria depois de Batista... não romanceou nenhum príncipe encantado, qualquer um que viesse seria bem aceito. Foi escolhida por um senhor beirando os sessenta anos, grisalho, bem vestido, dono de um par de olhos verdes de tirar o fôlego. Ao vê-lo deitado na cama, Eva sentiu uma superioridade fora do comum. "Nós temos o poder". Sim, era verdade! Ela tinha aquele homem nas suas mãos e naquela tarde, não só o realizou sexualmente, como obteve seu primeiro orgasmo. Nunca em sua vida aquele político havia se deitado com uma mulher como Eva. Ela era generosa, quente, criativa, divertida e sensual. Cumprira seu dever com gosto e o fizera se sentir o homem mais sexy do mundo. Como era gostosa. Era pequena e magra, mas seu corpo preenchia bem a cama, Tinha cara de deusa... a Eva que fugiu do Éden para brincar com os homens. O político teve que sair dali carregado pelo seu secretário. Sentia-se fraco, porém, extremamente feliz.

Eva passava as tardes no bordel e à noite ia para casa esperar o marido, cada vez mais ausente. Atendia em média, cerca de sete ou oito clientes por tarde, sempre com a mesma energia e disposição. Em pouco tempo, era a prostituta mais procurada no horário. Inclusive, muitos clientes que frequentavam o estabelecimento à noite, também arrumavam uma forma de irem à tarde só para provarem as carícias de Eva. Sua vida com Batista em nada mudou, continuavam se tratando friamente e na cama, sempre que ela tentava se aproximar, ele a rejeitava.
Num dia, Paola enfezou-se e partiu para sempre, abandonando Batista sem explicação.
Ele não deve ter se importado. Mudou-se para o bordel, onde passou a atender à tarde e também à noite. Daniela resolveu passar o comando da casa para Eva, que mudou o nome para Casa das maçãs. A casa ficou famosa pelas magníficas e luxuosas orgias. Em pouco tempo, Eva ganhou fama na cidade e podia cobrar o que quisesse por momentos de prazer, mas também atendia a homens menos abastados por puro prazer. A vida de luxúria era muito boa, porém, ela não era totalmente feliz.

Já fazia alguns dias que ela mantinha contato com a atual esposa-amante de Batista, visando convencê-la a se tornar funcionária da Casa das Maçãs. Estava quase conseguindo, pois a vadiazinha era muito ambiciosa e estava entediada porque com o sumiço de Laurides, Batista a tratava como esposa. Eva planejava que o marido estivesse presente na noite de estréia da amante como piranha. Enfim, convenceu-a a virar puta e combinaram que sua estréia seria num show erótico em que as duas fariam um número lésbico. Para tanto, Eva teve que usar todo seu poder de sedução, mas não foi difícil, pois Gilda estava enfeitiçada por ela e além do mais, adorava carícias e jóias.

Laurides beijava Gilda tentando encontrar nela o gosto dos beijos de Batista, beijava o sexo da garota buscando o gosto do sexo do marido. Naquele momento, não se sentia superior, era apenas a adolescente de dezesseis anos que apaixonada pelo jovem boêmio, entregou-se a ele cheia de sonhos de amor.
Estava tudo pronto para a estréia. Eva pagou muito caro para proporcionar aos clientes e convidados o show mais luxuoso da Casa até então. Batista ficou muito contente de ter sido convidado, pois depois de ouvir falar tão bem da Eva, era uma honra estar naquele lugar para vê-la de perto e ainda por cima passar uma noite com ela, presente de um amigo misterioso.

Quando as cortinas se abriram, todos aplaudiram a jovem loira e nua, acorrentada na cama medieval. Batista não reconheceu Gilda, mas ficou muito excitado pela semelhança com a esposa. A moça era muito branca e tinha um par de seios fartos que transbordavam no sutiã de couro. Quando Eva entrou no palco carregada por quatro escravos, usava capa, botas e uma máscara. Ao tirar a capa vermelha de seda, ficando totalmente nua, recebeu aplausos e elogios. A mascarada partiu para cima da jovem acorrentada e mostrou para todos porque era considerada a melhor puta do país. Num determinado momento, muito próximo ao clímax, Eva libertou Gilda, beijou-lhe os lábios e arrastou-a pelos cabelos para bem perto da platéia. Gilda gritava por socorro, mas todos aplaudiam, pensando se tratar de uma encenação. Ao levantá-la pelos cabelos diante de Batista, a moça caiu no choro e Batista não acreditou no que viu. Com a outra mão, Laurides arrancou a máscara e encarou o marido, chamando-o no palco. Batista fez menção de ir embora, mas diante das vaias e chacotas dos homens ali presentes, voltou atrás e subiu ao palco, permanecendo imóvel e sério diante de Eva. Gilda ajoelhada no chão, escondia o rosto, pedia perdão ao amante e chorava copiosamente.

Eva envolveu o marido entre seus braços, beijou-lhe sensualmente e roçou seu corpo nu no dele. Dirigiu-se ao público e disse:
- Bem, cavalheiros, peço a licença de vocês por alguns minutos, pois agora, este cavalheiro terá o prazer de experimentar a mais deliciosa fruta da Casa das Maçãs...
- Não! - exclamou Batista.
Eva olhou atônita para o marido... ficou um pouco constrangida.
- Tenho o direito de ter o que quiser aqui, certo?
Eva foi obrigada a concordar.
- Pois bem - continuou Batista - quero passar a noite com ela! Ela é a única puta aqui que me interessa.

Eva quase desmaiou a ver o marido apontar para Gilda. Engoliu mais esta humilhação a seco, pediu licença a todos e subiu para seu quarto. De novo havia sido rejeitada por Batista. Era desejada por todos os homens, mas o único que queria, a trocara novamente por aquela miserável que havia se vendido por um par de brincos de ouro cravejados de rubi... uma mixaria. Derrotada, Eva olhou-se no espelho e enxergou a adolescente idiota que sempre fora. No fundo, nunca deixou de ser a maldita Laurides por continuar amando um homem que nunca sequer a elogiou, que nunca sorriu para ela, que nunca a possuiu com desejo.

Não havia mais motivos para continuar vivendo... Laurides pegou uma maçã na cesta de frutas que fazia questão de manter em seu quarto, envenenou-a e a devorou vorazmente. Enquanto aguardava a morte, ficou imaginando se se Batista havia perdoado a vadia... mas isso ela nunca saberia.

Um comentário:

Néon


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