sábado, 6 de setembro de 2008

Comendo em Serviço





-Sempre fora puta de suas vontades. Nunca fazia doce, se queria ia, se não dizia alto e em bom tom: NÃO. E não mudava de idéia como essas frescas por aí que dizem não e ao mesmo tempo molham a calcinha, loucas por uma trepada com o indivíduo que as cantou.
Sua melhor foda foi com o motorista da ambulância que socorria um senhor na rua da principal avenida da cidade. Foi tesão a primeira vista. Enquanto ele administrava os primeiros socorros no homem na calçada, ela tocava o indicador no clitóris por cima da saia.
-Que homem! Estilo cauboy, barba por fazer e roupa justa. Se eu atrasar inventa uma desculpa...Falava no celular com uma colega de trabalho.

Não deu noutra, enquanto ele tirava o cara da ambulância na porta do Pronto Socorro, ela já se ajeitava no banco da frente a sua espera. Foram a um motel ali perto e...

-Só saímos de lá quando anoitecia. Tinha que me apressar, eram 18:10, meu turno começara a dez minutos, ainda dava para me safar.
Trabalho numa fábrica de equipamentos eletrônicos das 18 às 6 da manhã, num turno 12 por 36 e meu chefe não tolera atrasos.
-Continue...O Policial a ouvia atentamente.

Enquanto separava as peças na esteira eu ia recordando da trepada inesquecível que tivera durante a tarde. A pegada do rapaz é de tirar qualquer uma do sério! Sabe conduzir uma mulher. Eu gozei tantas vezes que já não me reconhecia e quando pensei que ele não agüentaria mais, afinal já tinha gozado duas vezes, me fez engolir quase um litro de porra.

-Hum. Você gosta de sexo oral? Perguntou o detetive....Desculpe. Continue...

-Eu jamais tinha experimentado sensação tão doida. Seu pau pulsou tão forte em minha boca que já pressentia o quanto viria depois. Não que goste, até tentei desviar, mas ele segurou minha cabeça...
-Relaxe...foi o que disse quando tentei sair. E em seguida gozou garganta abaixo.
-Continue...O que aconteceu depois?
-Luiza! Acorda! Olha quantas peças defeituosas está deixando passar...Puta que pariu! Onde está com a cabeça?


-Meu supervisor estava muito aborrecido. Eu havia me distraído, esqueci de separar as peças, perdida nas lembranças daquela foda.


-Desculpa chefinho. Vou prestar mais atenção, prometo.

O dia do pagamento chegou, era uma tortura ver todo o meu dinheiro indo embora.

-Faltam só 100,00. Disse o rapaz do açougue.
-Não, eu tenho certeza, to devendo 500 pratas moço.
-Não querida. Você me pagou 400,00 no meio do mês. Restam só 100,00.
-Moço...
-Fica tranqüila. Ele me deu uma piscada. “São só 100,00 mesmo.”

-Ora, eu tinha certeza absoluta que devia 500,00 ao açougueiro. Tinha economizado para pagar aquela conta. Eu havia gasto com um churrasco que promovi no meu aniversário e estava com dificuldades para acertar a conta já há um bom tempo. Mas não insisti. Se ele dizia que já estava pago que se danasse. Azar o dele.

-Tudo bem, estão aqui os seus 100,00.
-Isso mesmo. Ta mais tranquilinha agora?
-Como?
-É que você andou preocupadinha com a conta, querida, eu percebi.

Ele tocou de leve minha mão por sobre o balcão e eu vi certa malícia em sua atitude. “Será que esse cara ta querendo me comer? Não! To imaginando coisas...”Pensei. Saí e não pensei mais no assunto. A partir daquele dia não consegui mais me concentrar no trabalho. Alguma coisa na atitude do açougueiro me incomodou. No final do dia voltei lá para pegar bife para o jantar e tive a certeza.


-Então bonequinha.Pensou em mim?
-O que?
-Eu não tiro você da minha cabeça desde o outro dia.
-O que teve no outro dia? Pensa em mim? Desculpe, não saquei.
-O presentinho que te dei. Se for boazinha comigo terei muito prazer em te dar sempre. Não terá mais conta para pagar...te dou o açougue inteiro.

Pegou novamente minha mão por cima do balcão e me olhou com olhos de peixe morto, todo cheio de desejo.

-Presente? Seja mais claro por favor...Tirei minha mão e fechei a cara.
-Ora boneca, você me devia 500 mangos, eu fiz um abatimento lembra?
-Seu sujo! Sabe quando você vai me comer?
-Diga gostosa...


Peguei o pacote de bife e arremessei em seu rosto.


-Nunca! Seu porco cheirando a carniça. Então tentou pagar essa puta aqui não é? Pois essa puta aqui é proibida para você miserável.

Eu tenho verdadeiro pavor dele, asqueroso, sempre fedendo a carne crua e fazendo caras e bocas para qualquer ser de saias que passe pelo seu balcão e a tentativa de comprar meus agrados me deu ânsia. É muito nojento! Eu só dou por gosto e arranco a grana por pura satisfação, mas jamais deixo que me tratem feito uma rameira ora... Sai de lá e, de relance, vi o brilho de ódio que se formou em seus olhos enquanto escutava meus impropérios. -E o que aconteceu depois? Os dias se passaram e nunca mais ouvi falar do idiota. Minha conta estava encerrada e decidi por uma pedra no ocorrido. O dinheiro ele não ia ver, quem mandou brincar com coisa séria, não me cobrou e nem pretendia pagá-lo se o fizesse. Foi aí que começaram os desaparecimentos. -Desaparecimentos? Quem desapareceu? - Primeiro meu gato siamês. Jamais saia de casa e simplesmente evaporou. Depois minha pastora alemã. Eu a tinha ha sete anos e foi uma difícil perda. Um dia cheguei em casa e tinha sumido.Por fim minha sobrinha de sete anos. Era difícil de acreditar, mas eu suspeitava do açougueiro sim. Fui até o açougue e quando ele me viu deu um sorriso grande enquanto mastigava um pedaço de carne crua. Eu gelei! Não. Era loucura minha. Ele precisaria ser um psicopata para ter matado uma menina inocente... Fui à polícia de relatei o que tinha acontecido.

A senhorita acha que foi vingança?
-Eu tenho certeza.
-Compreenda. Essa é uma acusação grave.Tem alguma prova disso?
-Não. Como posso provar? Eu apenas suspeito dele.
-Não podemos acusar uma pessoa sem provas ora...
-Olhe o açougue dele. Investigue por favor...
-Vá para casa. Vamos fazer o possível. Se tiver notícias aviso-a. O policial olhou-me de cima em baixo e sorriu...-Se ele queria você porque não a pegou a força? Por que mataria um gato, um cão e uma menina? Ora, antes disso ele tentaria te pegar não acha?
Eu sai de lá rezando para que o policial estivesse certo. -Foi a polícia então? Podemos verificar isso... -Claro que fui... -Continue. Entrei em casa e não percebi que alguém me esperava. Entrei na sala e não vi mais nada. Duas mãos me tamparam a boca e um lenço em meu nariz me fez desmaiar. Acordei tempo depois. Estava em cima de uma mesa fria, o lugar fedia e as paredes estavam respingadas de sangue por todo lado.


-Acordou?


Seu sorriso me fez dar um pulo. Eu estava no açougue, caramba! -Continue.Ele sorriu e? -E disse:

-Calma meu amor, deite-se...

Me empurrou de volta à mesa e amarrou minhas mãos no pé da máquina de moer carne no canto da mesa com o fio da tomada.


–Agora vamos nos divertir um pouco.
-Por favor...me deixe ir embora.

-Ora, ora...pedindo por favor. Ele me olhou de cima em baixo e só então percebi que estava nua.
-O que vai fazer? Onde está minha sobrinha? O que fez com ela seu louco?

Ele pegou uma colher e encheu de carne moída da bacia de cima do balcão e direcionou até perto de meus lábios com um sorriso no rosto.

-Não! Você é louco! Diga que não é ela...
-Abra a boca...Vamos! Abra a boca, sua cadela.


Enfiou a força a colher em minha boca colocando toda a carne crua e em seguida me beijou. Com sua língua empurrava para que eu engolisse tudo. Suas mãos percorriam meu corpo e pegou um dos biquinhos do meu seio com força...



-Você é muito gostosa sua vadia.

Virei o rosto e vomitei toda a carne na mesa. Parecia que tinha um buraco em meu estômago.


-Sua porca. Vou ter que dar mais agora...


Deitou sobre meu corpo e enquanto tirava o pau para fora, com a outra mão lambuzava minha vagina com outro punhado de carne moída.


-Aproveite para gozar, será a última vez.

Enfiou seu pau de supetão e só parou de estocar quando toda a carne estava dentro de mim. Ergueu minhas pernas e encostou o membro em meu ânus. -Nossa. Você sabe contar uma história...O policial escondia sua excitação com o braço.Foi mal...Continue. Ele ia comer seu cuzinho e... -Eu gritei:

-Não! Tenha compaixão...Eu faço o que quiser.
-O que eu quiser?
-Sim. Peça o que quiser, mas não me mate.


Ele deitou em cima de mim num 69 e disse:

-Faça eu gozar, quero que engula tudo sem reclamar. Se for boazinha eu solto você.


Ele chupava com avidez meu clitóris enquanto eu lambia e abocanhava seu pau. Não deixei nem um cantinho sem lamber. Se ele ficasse satisfeito me soltava, eu confiava nisso.Ele havia soltado uma de minhas mãos e em cima da mesa me estocava o pau na garganta enquanto chupava meu clitóris. Eu me excitei! Era inaceitável! Eu estava sentindo tesão e ele percebeu... Sabia que ia gozar a qualquer momento e ele parecia muito satisfeito com isso. Com as coxas pressionou minha cabeça e gozou muito em minha boca. Eu engoli tudo com rapidez deixando-o delirante. Até que explodi num gozo também. Foi aí que desmaiei, não vi mais nada. Acordei no leito do hospital com minha irmã e sobrinha ao lado. -Sua sobrinha não tinha desaparecido? -Era o que eu pensava...

-Aninha! Você está viva?

Ela me abraçou...

-Claro tia. Amo a senhora.
-Com está? Minha irmã parecia preocupada.
_Bem. Mas me conte. O que aconteceu com Aninha? Por que sumiu?
-Você ainda deve estar em choque. Isso é normal. Vou chamar o médico.
-Não. Estou bem. Me conte...

Aos poucos minha irmã foi esclarecendo minhas dúvidas. Que eu havia sido atacada por um provável maníaco. Que fui encontrada na cama de um motel, tinha sido “machucada”. Que minha sobrinha jamais desaparecera. Tampouco o gato e a cadela. Estavam todos sãos e salvos em casa.
-Mas então...
-Eu não estou louca seu policial...
-O que sua amiga contou foi que você ligou dizendo para dar cobertura caso atrasasse no trabalho, pois estava indo ao motel com um cauboy que acabara de conhecer. Foi o que sua irmã disse aqui em depoimento, lembra-se?
-Sim.Claro. Ela até me recriminou:


-Quantas vezes eu disse para não sair com um desconhecido? Mas você não me ouviu...
-Mas...então...o açougueiro...


Eu estava confusa. Para mim o louco era o açougueiro.

-Quem?
-O cara do açougue...
-Ah..claro. Já me ligou três vezes. Disse que não dá mais para esperar. Você lhe deve 500 pilas.


- E o outro homem? Lembra-se do nome do cara do motel? -Sim. O motorista da ambulância. Hugo. Trabalha no hospital há anos...E só agora reparei como é bonito...Ele não faria o que vocês estão dizendo. Eu gostei de transar com ele... -Um motorista acima de qualquer suspeita, um açougueiro que tem alibi...uma louca que deixa qualquer um excitado. -Seu policial, eu não sei o que aconteceu. Só sei que não estou louca... Afinal, então, quem decepou o meu clitóris? -Elementar...Mas primeiro vou enquadrar o elemento e encerrar o caso...Se quiser saber o desfecho terá que aceitar jantar comigo... -Mas...Sabe de antemão que não possuo mais clitoris e não posso... -Psiu...Não diga nada....Eu descobri o miliante não foi? Deixe-me descobrir também seu ponto G...Adoro desafios, rs


o motorista da ambulãncia foi autuado por tráfico de cocaina... ele cheirou tanto que na hora H em vez de só chupar o seu clitoris, mastigou...
como a moça havia cheirado junto fantasiou a loucura com o açougueiro, pois estava em paranóia por não poder pagar a conta...

o ponto G? dizem que estão procurando até hoje...rs


(textos eróticos de Me Morte)

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

António, carpinteiro


Carpinteirava como se a plaina, deslizando na madeira ainda quase verde, fosse mão em corpo de mulher. Ficou-lhe a plaina zanzando doida, sem tino ele no alisar a madeira de pinho sobre o banco, e aquele raio de sol entrando esguio pela clarabóia da oficina, e ele sentindo o quente que era a perna dela, mais coxa do que perna, apertando o seu corpo magro de carpinteiro.
Era sempre assim ao outro dia de uma noite com Maria Elisa: a plaina deslizando sem que a orientasse o mandar de António. Distraído, ele que tinha por costume chegar na bicicleta bamba que pintara de vermelho. Haviam de ter combinado uns dias antes, ou à boca do momento de ficarem juntos: um bilhete enviado por mão de garoto a troco de um punhado de bolotas, umas pevides ou uns grãos salteados em areia quente. Um bilhete designando o dia, como por exemplo: “quarta-feira”; lacónico, sem preâmbulos nem finais apaixonados, escrito com a caneta de tinta permanente oferta da mãe pelo exame do sétimo: alínea H.
Maria Elisa não escreve dia de mês, nem hora: era naquela “quarta feira”, sabia ele e sabia ela e por isso bastava escrever assim cada bilhete. À hora combinada, que era sempre depois de estar dormindo o povoado, ela ouvia (e estava certa que só ela ouvia) o guinchar cada vez mais guinchando: era a bicicleta dele, era António que pedalava. “O meu homem”, como Maria Elisa o chamava, nua sobre a cama, doirada dos mares onde passara o mês das férias.
António a percebera doida do seu corpo num dia em que consertava uma tábua solta no soalho do seu quarto: este, onde se encontram, furtivos, sobre o tapete de Arraiolos que Dona Apreciação bordou em noites de invernia. Maria Elisa suada, corada, as tranças castanhas quase desfeitas sobre o corpo nu. Ela e António carpinteiro, a quem sobrou, na pressa de ter-se inteiro nela, uma peúga preta com os elásticos lassos, calçada no pé esquerdo. Nuzinho, deitado de barriga, António tem nádegas rijas: um rabo chocolate que é a cor do carpinteiro e nem férias de mar ele teve. Todo ele pele e osso excepto aquele pedaço do seu corpo.
Em rodando a noite, ou que seja no início, ou ela o repete, Maria Elisa segura-lhe o pénis, lambe, morde, goza de vê-lo dobrado do tamanho que trazia pedalando: e triplicado, ri-se ela assim pensando, de quando ele aplaina madeira de pinho ainda verde, dobrado o corpo magro no banco da oficina.
António que chegara a mando do bilhete, entrado pela varanda que dá para o jardim do quarto onde Maria Elisa o aguarda, virgem que é como sua mãe a sabe: Dona Apreciação que a tem noivada com o filho do Senhor Garcias desembargador e dono de vinhas e montados. Casamento com data marcada para sete de Outubro.
Num ritmo arfante enrolam-se os corpos deles no cone de luar que entra pela janela na noite aparvalhada de húmido e de quente, de um mês de Agosto terminando. Maria Elisa e António não fazem amor, se nem mais que simpatia eles têm um pelo outro… Eles, na acepção crua da palavra, fodem pela noite dentro.
Na casa silenciosa, o que eles fazem é uma luta para encontrar o desejo de cada um no outro: a sua carne desvendada poro a poro, descoberta em cada interstício, cada dobra de pele, tal qual Maria Elisa fazia quando era pequena, pelo sótão, pela cave, pelas cavalariças e armazéns de trigo da fazenda, propriedade que Dona Apreciação dirige com mão de ferro desde que morreu seu marido - Dom Armindo Valpaços, Visconde.
Maria Elisa descobre, como então, os cheiros e os sabores.
Enquanto isso, o relógio da torre dá badaladas de um quarto. O verde luminoso no mostrador do relógio sobre a cómoda, marca cinco menos um quarto. Maria Elisa quase a ter um outro orgasmo. “ O último”, pensa ela e não decide: Maria Elisa teme, que seja essa uma noite com ponto final.
Concentra esforços. Alça-se sobre o carpinteiro. Desfaz o que sobra de tranças. Cresce o ritmo do seu corpo sobre o corpo de António e o cabelo esvoaça sobre a cara dele como se fora véu, como se fora teia; e num erguer-se, penetrando o sexo dela, o sexo dele, toca-lhe o cabelo no traseiro: o rabo dela rechonchudo, grande; o rabo que António desfaz daquele tão casto que parece nas saias de pregas quando Maria Elisa ajoelha na Igreja, Dona Apreciação ao lado da filha, orando ambas. Maria Elisa que semelha virgem.
O rabo de Maria Elisa, o seu corpo guardado para o esposo é o que ela ouve quando o padre Frederico aconselha castidade nas sessões de preparação para o casamento. O seu rabo endoidado, apertado, instado pelas mãos longas do carpinteiro; tomado pelo sexo dele, mordido dos seus dentes, ratado das unhas longas que ela roça, crava pelos corpos de um e do outro no desespero do desejo.
Batem seis longas badaladas. Nenhum deles ouviu bater as cinco, e nem os quartos tal foi o que não tem como se conte em palavra, seja ela escrita, seja ela falada, e nem que fosse imagem explicaria cada um deles no seu corpo e no corpo do outro. Cada um deles a tropeçar na madrugada, a lutar contra o sol que há-de levantar-se e encher a casa e fazer deles simplesmente Maria Elisa, filha devotada de Dona Apreciação, viúva de Visconde, prometida do filho do Senhor Garcias; e António, mulato, carpinteiro de móveis e arranjador de portas e tábuas de soalho.
A bicicleta parece que não faz ruído quando António parte, já quase a luz da alva despontando: e no entanto ele vai pedalando…

- Aceita por marido… – início da pergunta que o padre faz no sacramento.
Faz-se silêncio na nave da Igreja onde o filho do Senhor Garcias vai a casar com Maria Elisa.
Demora na resposta a noiva de branco: vestido com decote mais ousado do que desejou a mãe. Decote que deixa ver o cruzado das maminhas: virgens, como juraria, se fosse preciso, Dona Apreciação ciosa de sua filha resguardada para aquele casamento ou outro de igual interesse que ela tivesse desejado: ela, a mãe ansiosa da resposta que tarda menos de um segundo, mas faz pairar na Igreja um silêncio de dúvida sem que cada um por si lhe encontre fundamento, mas que causa uma impressão como se houvesse algo.

Apenas António não receia. Num ar de quem espreita à porta da sacristia onde conserta uma gaveta perra, ele sabe que Maria Elisa dirá o desejado sim, e olha-a demorado. Obriga-a a que ela o note.
Que enquanto poisa os olhos no pano do altar e balbucia o sim, ela sinta as suas mãos entrando-lhe pelo decote, soltando-lhe as fitas do véu que jogará sobre o quase marido: engenheiro, comerciante ou doutor de leis, ele será apenas um marido rico.
Que ela diga sim enquanto António lhe desabotoa cada botão do vestido de noiva, lhe rasga o saiote e lhe atravessa o corpo inteiro numa entrega de puro desejo; uma foda louca, rodopiando ambos entre os convidados, rolando unidos sobre o tapete vermelho da nave principal.

António retira-se. Vai completar o serviço que faz na sacristia.

Maria Elisa olha fixamente o altar em sua frente. Fixa a renda com anjos e cachinhos de uva.
O padre hesita e quase que repete:
- Aceita…
Mas detém-se: a boca num esgar como se o padre visse Maria Elisa e o carpinteiro despedindo-se, como se ele soubesse que António estava ali ofertando ela para o filho do Senhor Garcias, para que ele se faça seu marido.

A nave da Igreja respira de alívio: Maria Elisa disse.
Ela fala bem alto para que António oiça:
- Sim, aceito.

Maria Elisa ouve, guinchando, e só ela ouve, a bicicleta vermelha do carpinteiro que se afasta.

Néon


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