quinta-feira, 26 de março de 2009
DESEJO- Lameque
Estancou maravilhado diante aquele peitão ali a mostra. E as coxas carnudas então? Deixavam qualquer mortal babando de vontade. Entusiasmou-se com sua pele bronzeada, douradinha, cheirosa. Mas era um sonho quase inatingível para ele, um reles mendigo. Resolveu passar o dia esmolando na esperança de conseguir o dinheiro suficiente para saciar o seu desejo “carnal”, afinal também não era ele um filho Deus? Terminado o dia, notas amassadas dentro dos puídos bolsos, tomou coragem e foi direto ao assunto.
-Boa noite.
—O que há de boa nela? – foi a resposta indelicada.
—Quanto custa? – perguntou apontando com o queixo.
—Dez real, completo.
—Farofinha também?
—Também.
—Vou querer.
Voltou para a praça onde dormia feliz, de posse do suculento frango-assado que tanto sonhara. O arrogante e mal-educado português da padaria que se danasse.
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