terça-feira, 27 de maio de 2008

Literalmente aos meu pés


Caminhava pelo salão de festas vazio e recém encerado tentando me equilibrar no salto de acrílico altíssimo sem perder a pose. Carlos, meu futuro namorado, assistia num canto da sala em completo silencio. Fascinado.

Parei na frente dele e desci lentamente, meus pés suados marcando os tacos do jeito que ele havia pedido. Minha performance iria decidir se ficaríamos juntos ou não.

Andei até ele e estendi o pezinho,unhas pintadas de vermelho vivo, cortadas rente e arredondadas. Aspirou com carinho cada pedacinho, cada pontinha de dedo, beijando e lambendo delicadamente.

Fui deslizando de mansinho até sentar no chão, ele não largava meu pé, beijava as solas, o peito do pé e o tornozelo, enquanto meu outro pé massageava seu pênis duro, esmagando as bolas com carinho, enfiando o dedão em cada dobrinha, esfregando e apertando...os dedos entravam e saíam...ele gemia de prazer pedindo que fizesse mais forte, mais fundo....gemia e pedia...meus dedos como pinças beliscavam a pele sensível da glande...

Carlos mal esperou que eu juntasse os pés e gozou deixando-os completamente melados.
Satisfeito, tirou uma pequena aliança de brilhantes e enfeitou meu dedinho. Eu havia passado no teste.

Um mundo de fetiche em forma de sapatos nos mais variados modelos e saltos. Caríssimos modelos italianos, desconfortáveis e dolorosos scarpins eram exibidos em restaurantes e festas. Botas de cano longo, tamancos, salto agulha, sandálias, o eterno Chanel, salto carretel, sapatilhas de camurça e deliciosas mules.

Eu me contorcia no peep toes de verniz preto com laços de cetim nos tornozelos enquanto Carlos sugeria as maiores loucuras e delícias lambendo a ponta da minha orelha e desejando meus pés. Entrei de cabeça no mundo daquele homem e me transformei em sua rainha e motivo de adoração. O mundo literalmente aos meus adoráveis pés.

sábado, 24 de maio de 2008

By FruFru

Bestial
Tomei um banho quente, a ducha forte fez marcas vermelhas nas costas. Mas gosto assim. A sensação depois é mais completa. O depois é deitar de bruços nua na cama, meio seca, meio molhada ainda e relaxar.
Se penso nele, me toco, meus dedos são os dedos dele, seu sexo. E digo seu nome baixinho, muitas e muitas vezes, até dormir.
Mas hoje estou com cheiro de cio.

Ele havia me prometido:
- Quero fazer você minha fêmea, ficar parado dentro de você e dizer na sua boca que te amo, que é minha mulher e só eu entro, só eu gozo dentro de você. Sem me mexer, vou dizer que sou seu homem e você vai obedecer. Mando ficar caladinha, então mexo meu pau dentro, só mexendo, não deixo você gemer. Você vai ser minha puta, só minha.

Então ele chega, vê a porta entreaberta, entra, afunda seu rosto entre minhas pernas e me lambe devagar. A língua do meu homem...Um arrepio me percorre, sinto-me dilatar, sinto-me abrir como num filme de uma flor que se dá ao sol.
Ele é um Sol, sim, ele é. Quando ele chega sinto a atração de astro maior que eu e gravito sempre até ele. Lua, planeta, sou sim, um pequeno planetinha em sua galáxia.
Masoquista, o amo porque sou pequena planeta e sua língua áspera me deixa a anos - luz da sanidade.
Abro mais as pernas
e gozo
e grito.
Outras mulheres têm poodles de estimação.
Eu não.
Eu tenho um leão.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Créu

Para dançar créu
Tem que ter
Tetas artificiais,
Bundas artificiais,
Cérebro
Inconcebido.
Para dançar Créu
Era melhor
Nem ter nascido

by Eduardo Perrone

quinta-feira, 22 de maio de 2008

By Fru Fru

Visitação

A meus pés ajoelhado
um pobre - diabo
minh'alma suplica
e conjura.


lambe minhas pernas,
sobe, me desfalece,
enquanto por todas as frestas
procura

Digo a ele, em meio a gemidos:

- Pobre - Diabo, foste promovido.
Dou - te essa coisa que pulsa
um palmo acima do umbigo.

- Ele já me pertence, só tu não sabias.
Não lute comigo...

E vasculhou os infernos
entre minhas coxas.
Seu falo grosso queimava e ardia,
e quando eu gozava,
ele sorria...

Via, sei que via minh'alma
mas não mais pedia...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Conas Aladas

Conas aladas, cubistas, surrealistas
sobrevoam meus sonhos
Saradinhas, altas,
como Caminha viu
Se dentes possuíssem,
devorariam-me
De início, o fálus,
até assaltar-me a carcaça inteira
Gozo total, por todos os poros consumidos,
mastigados, engolidos
Gozaria homilias, nomes de santas,
sermões do Padre Vieira
Ejacularia terços,
santinhos, até a figa e o patuá escondidos
Vou largar a batina
por vulvas verdadeiras
andantes, acadêmicas, classicistasque me aguardam,
pós paredes do mosteiro

sexta-feira, 16 de maio de 2008

A CASA DO PENHASCO


Sofia morava em uma casa imensa, enorme palacete à beira de um penhasco que dava vista para o mar. Suas paredes lisas desciam íngremes em direção às águas tempestuosas do mar que batia nas rochas lá embaixo com grande estrondo.
Ela adorava o som das ondas batendo nas rochas e costumava ficar horas sentada em frente á janela de seu quarto que ficava nos fundos da mansão ou no terraço que se abria do imenso quarto. Ela mesma escolhera aquele por ser grande, iluminado e bem afastado do dormitório de seus pais e dos aposentos da criadagem. Sem falar do terraço onde podia tomar sol nos dias de verão e olhar o mar sem fim, o por do sol e as mudanças da lua em sua trajetória pelo céu. Ah, as estrelas, havia milhares delas, brilhantes e distantes.
Sofia era uma moça simples, de beleza sutil. Sua mãe vivia dizendo que ela devia engordar ficar mais sensual, que devia pensar em se casar em breve.
Ela já havia conhecido seu pretendente, um belo jovem filho de um grande mercador e ficara contente por ele ser bonito e gentil. O casamento ainda iria demorar um pouco, o que era um alívio. Ela não gostava da idéia de ter intimidades com alguém que mal conhecia.
Estes pensamentos flutuavam em sua mente, enquanto seus olhos percorriam o horizonte que estava rubro como sangue, ao entardecer daquele dia. Logo a lua viria redonda, amarela e brilhante surgindo do horizonte, lentamente, hipnotizando os que vissem tal cena majestosa.
Já havia jantado e logo mais todos iriam se recolher aos seus aposentos e tudo ficaria em silêncio, só ela e a Lua em mais uma noite quente. Suas roupas estavam coladas ao corpo quase juvenil, mas que já tinha curvas bem femininas e pronunciadas. Ela estava pronta para amar. Sim, ela sonhava com o amor, com o que acontecia entre homens e mulheres.
Havia sido criada praticamente isolada das pessoas. A casa era bem longe da cidade.
Fora educada por uma velha preceptora que, finalmente, havia terminado sua educação e partira, voltando a morar com sua filha única em Londres.

O tédio a invadia, uma languidez que a deixava mole.
Resolveu tomar um banho. A tina já estava cheia com água morna, deixada há pouco por sua criada.
Lá fora o céu já estava escuro e a lua despontava no firmamento. Lá longe, vindo do horizonte alaranjado um pequeno vulto vinha voando em direção ao penhasco iluminado pela claridade da lua.
Solitário.
Silencioso.
Sedutor.
Mortal.

A água estava uma delícia, como sempre. A criadagem era muito bem treinada e já trabalhava há anos para a família. Todos a haviam visto crescer, tornar-se mulher e tinham um carinho especial pela filha única do casal. A senhora não havia mais podido ter filhos depois do parto complicado de Sofia e o senhor sentia-se frustrado por não ter tido o filho homem que continuaria sua obra, mas estava feliz com o noivo que arranjara para ela. Bom rapaz, trabalhador logo teria sua própria fortuna. Sua filha estava em boas mãos.
As mãos ensaboavam a pela macia com certa luxúria, nestas ocasiões de lua cheia ela ficava um tanto inquieta com as sensações que seu corpo passara a sentir desde sua adolescência e que cresciam a cada dia. Suas pernas abriram-se quase que automaticamente enquanto dedos ávidos procuraram o local certo. Ela fechou os olhos e entregou-se ao prazer que assolava seu corpo, sua pele arrepiou-se inteira quando ela chegou ao orgasmo e gemidos abafados saíram de sua boca de carmim.

No terraço escuro, pela janela aberta, dois olhos brilhantes e vermelhos observavam-na sorrateiramente, com cobiça, com profundo desejo. A fome corroía-lhe as entranhas. Mas antes de matá-la, iria divertir-se um pouco com ela. Linda garota, cabelos longos e brilhantes, castanhos, caindo molhados nas costas nuas enquanto ela se levantava e se secava com a toalha macia, lentamente, saboreando o prazer de se tocar em cada pedaço de seu corpo maravilhoso.
Quando saiu da banheira, sentiu pela primeira vez a sensação de estar sendo observada e um calafrio percorreu-lhe a espinha. Não, não era possível que algo assim acontecesse, o terraço ficava na parte mais lisa do penhasco. Devia ser impressão.
Secou-se e vestiu uma camisola bem leve e transparente, penteou os longos cabelos e resolveu ir ao terraço olhar como a lua estava naquele momento.
Ao abrir a porta, um grande morcego negro voou penhasco abaixo e sumiu na escuridão. Ela nunca havia visto um morcego daquele tipo em suas terras antes. Apenas os pequenos e marrons que comiam as diversas frutas que havia em seu pomar. Mas aquele era enorme, assustador.
Resolveu entrar e dormir. O calor era um pouco sufocante apesar da brisa que entrava pela janela e resolveu deixá-la aberta para que o ar entrasse mais livremente refrescando o ambiente.
Deitou-se em sua cama de lençóis brancos e macios. Apagou a lamparina e a penumbra invadiu o quarto deixando a luz da lua entrar macia e prateada.
Fechou os olhos e tentou dormir quando um barulho no terraço chamou sua atenção. Era um rufar de asas. Leve e quase imperceptível. Levantou-se imediatamente e correu em direção ao terraço quando seu sangue gelou nas veias. Um homem pálido e de longos cabelos negros vestido em roupas bem cortadas e uma capa que o protegia do vento noturno estava parado em frente à porta. Ele era belo, apesar da palidez exagerada e do brilho estranho e avermelhado em seu olhar.
Ela tentou correr de volta para o quarto, mas o olhar do estranho homem a hipnotizava, a mantinha presa ao chão.


Ele aproximou-se lentamente e com suas longas unhas rasgou a fina camisola em tiras, arrancando-a em um solavanco que a levou ao chão. Ele pegou-a no colo e entrou no quarto escuro. Empurrou-a na cama com força abrindo-lhe as pernas com violência o que a fez gemer sem querer ao sentir-se exposta daquela maneira a um homem, e pior, um estranho.
A boca dele percorreu desde seus pés pequenos e delicados, subindo pelas pernas até chegar a seu púbis de fartos pelos, a língua ágil tocando nos lugares certos.
Não havia como resistir e ela entregou-se a ele de corpo e alma em orgasmos poderosos e seguidos.
Ela não opôs resistência quando o membro dele, duro e gelado, a penetrou de uma só vez arrancando-lhe um grito de dor e prazer. O sangue escorria entre suas pernas, sua virgindade não existia mais, mas ela não se importava, estava cega e subjugada pelo estranho e só queria senti-lo entrando e saindo dela num ritmo frenético. Quando ele jogou seu esperma negro dentro dela as presas brilhantes apareceram e se grudaram ao pescoço, rasgando a pele delicada, o sangue cobrindo os lençóis antes imaculados. De nada adiantaram os gritos desesperados que saíam de sua garganta despedaçada. A boca do vampiro grudou-se ao ferimento e sugou, sugou o sangue morno e cheio de adrenalina do prazer que ele lhe proporcionara. Assim era muito mais gostoso, o sangue ficava com um gosto irresistível.
E as presas continuaram sua destruição despedaçando, desmembrando. O coração ainda pulsante em suas mãos enquanto o comia inteiro.
A massa disforme e vermelha em cima da cama, em nada lembrava Sofia, a bela garota. O sangue praticamente todo drenado. O resto, manchando o branco antes tão alvo dos lençóis macios.
Um sorriso cruel surgiu no rosto de Bóris, o vampiro sem piedade.
Estava saciado, satisfeito.
Dirigiu-se à porta do terraço e suas longas asas abriram-se na escuridão e ele pulou, voando raso sobre as águas escuras deixando para trás destruição e dor.

By Ana Kaya, the vampire.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Me descasca, me espreme, me chupa, me chama de laranja!


Ele ávido olhava com desejo
ela tímida envolvia-se no mistério
ele quis sem saber dos detalhes
aí ela não se desfez

Depois

Conversa mole pra lá e pra cá
e o verbo vira toque de pele
ele afoito, ela nervosa e op's?!

O engano era pequeno
mas estava ali com ela
no meio de suas pernas

Bem no meio

E era curva
não havia como voltar
era tudo pressa urgente

Ele então entrega-se
sem culpa alguma
ao apelo dela:

- Me descasca, me espreme, me chupa, me chama de laranja!

terça-feira, 6 de maio de 2008

Poema de Amor


A loucura a duras penas contida
Irrompeu num assomo de luxúria e desejo
Um lampejo
Do que pode ser e acontecer
Mas, não pode!
Por que não pode, não deve, não faça, não aconteça?
O espírito resiste,
Recalcitra
Mas o desejo insiste
Permanece, se avoluma
Hemácias, leucócitos, plaquetas ardentes
Corpos em brasa que embatem-se em desvario
Quero Você
Devorar seu coração, seus seios, seu sexo
Fundir nossos corpos num só Ser
Andrógino, perfeito, impuro, profano
Insaciável
Potente
Animalesca-fumegante-abundante-simbiose
Troca de fluidos
Prazer essencial
Explosão devastadora de sensações
Lúbricos sentidos
Que sentem e ressentem
O calor causticante consome nossos medos
Revelam-se segredos
Consumação-êxtase-junção
Amor animal
Descomunal
Bestial

Quero beijar você
Lamber você
Sugar você
Cheirar você
Abraçar você
Apertar você
Arranhar você
Constringir você
Chupar você
Penetrar você
Consumir você até nada mais restar senão a exaustão
E nossos corpos suados, arfantes, amontoados no chão.

Carlos Cruz

domingo, 4 de maio de 2008

Rainha Libertine





O horror vazio daqueles olhos não podia ser de caso pensado. Não aqueles tremores pelo alto da minha consciência.
Nem a falta de ar deles, dentro da minha impossibilidade de renunciar o prazer.
O olho, nos espiando eternamente no buraco, pedindo para ser nosso.Lá dentro do oco, do impensado, fazíamos nossas coisas estranhas, eu sonhava em possuir e ser possuída, como se dependesse dessa condição para me salvar.
Heroína das relvas e dos sonhos prostituídos.

Eu era puta e tinha dinheiro para não ter rumo, comprava túmulos, jóias, espadas e pessoas talentosas.
Minha beleza ocre e paulatina não era de suspender os pés do chão. Mas tinha um dom, ou qualquer fenômeno desses que as pessoas horrorizam e cospem com três olhos. Eu atiçava com vara curta o impossível.
Eu abria as pernas para leprosos e aidéticos. Despertava o desejo humano com banho de éter na espuma da minha raiva nas manhãs de sol medonho. Eu era a espuma da raiva desejante. O desejo que corrompe as visões de um eclipse, porque era o desvio para o chão na hora mais sublime.

Estive com menino Proust noite dessas. Ele chorava até seus pulmões arderem o futuro, a ausência. Eu não podia mudar nada, mas o violentei, com o único beijo de boa noite de sua vida, o que pode comprometer todas suas colheres de chá e nossas asmas.
Meu amor virulento corrompe e bestifica. Porque sou Libertine e preciso transbordar.

Por que Mamãe nunca veio?Esta pergunta era como o móbile que me nanava a cada noite, com as músicas celestes de um Chopin punheteiro ou Paganini endiabrado. Mas ela ia para os bailinhos da igreja, a vagabunda.
Esta é a razão de meu mandato de enforcamento desta pessoa.
Que não veio me beijar na noite mais sufocante das minhas vertigens.
Trocou-me por Deus, jurou.
Na verdade por um menino bonito de pau grande, sorriso de puritano, estudante de teologia e tocador de Chopin.
Deus me tirou minha mãe na pica de um moleque metido a bonzinho. Que Deus a consuma.
Mostrava meus peitos para o moço pervertido, mas ele dizia que um boquete da filha da amante não pegava bem, sem desviar-se dos meus peitos. Tive que asfixiá-lo e possuir seu cadáver, não havia outra chance para mim ou para mamãe e até Deus estaria fodido. Mas isso não passava de um sonho.

Tive dois anos de contato com a anorexia porque só queria beber a porra dele e me negava a qualquer outro tipo de alimento. Vez em quando jorrava, quase seca na boca de alguma vagabunda, companheira da noite, que não me assustasse o pedantismo.
Vou esticar com calma o patamar no qual me atirei do andar sexagésimo e ainda perco as flores dentro do cabelo, Ofélia me recomenda banhos de mar doce, porque perturbei suas convicções, enquanto cantava sentidos de desaparecer no amor de um louco.
Só posso postular que desejo aos instrumentos de meu cirurgião renascentista, uma orquestra mais do escuro, virada para dentro, do avesso de minhas torres atômicas, onde plantava flores de Hiroshima ao anoitecer, para serem roubadas pelos sete samurais enquanto eu gozava com uma das Múmias da antiga Paris, ou algum marginal da Sé.

Interrompendo uma noite de delírios, Caio, o menino de mamãe, saiu emputecido do quarto dela, com o roupão importado mais brega do armário materno, cheia de firulas e babaquices elisabetanas. Eu com meu livro de Anais Nin na mão, a roupa de não dormir luxuriosa e um senso de derrotismo por ele, não dei muita atenção. Apesar de segurar um riso demente entre as coxas. Queria mais era saber como o pintor faria para ejacular na modelo de Anais.
Nenhuma palavra, só o som da raiva dele e uma mão escapando para dentro do labirinto dos meus seios, em trinta passos para a minha forca.
”Filho de uma puta”, pensei com o sexo ardendo no forno das putas que só ganham quando já desistem.
Jogando o livro no chão e praguejando uma boa noite tremida, alvoroçada, tentei fugir para meu quarto. Só pensava com qual dos meus instrumentos românticos, literários, artigos de borracha ou couro eu calaria meu furor. Queria na verdade furar seu lombar com minha língua de chicote.
Não houve tempo para pensar muito, nem para calar labaredas. Fui agarrada impiedosamente pela cintura e colada junto ao corpo do menino, falso puritano(sim eu a rainha me sentia uma vítima da Bíblia proibida) .
De costas, no corpo dele, senti pela primeira vez o paraíso que espiara tantas vezes por um buraco, no quarto de mamãe, para o meu porão.
E estava em mim, na minha carne, roçando um convite que me entontecia a ponto de não saber o caminho do quarto ou do laboratório dos meus fetiches.
Meu império estava preste a ser arruinado, porque o controle não me pertencia, mas á febre daquele enrijecimento quase rasgando minha camisola negra e um dito afobado no pescoço:
- Nossa Senhora como é gostosa!
“Será que esses estudantes de teologia não esquecem suas divindades nem nessa hora?” Pensei, com raiva, com tesão.
Ele me queria para se vingar de minha mãe, ambos sabíamos e eu já não o queria para me vingar de nada, simplesmente porque pela primeira vez, as regras sórdidas do desejo que eu programara por toda uma vida, haviam se quedado.
Eu estava simplesmente desejando, queria foder como se fosse a primeira vez, como se tomasse para mim toda a força do universo, em união carnal.
Tentava pensar em fazer amor com ele e não sabia se aquilo me aumentava o desejo ou a náusea.
Foi meu primeiro beijo e como foi bom. Línguas brincando em mares de bocas caóticas, mordidas nem sempre sutis, a saliva com gosto de fruta alcalina.
O mundo resumido naquilo.
Era primeira vez que me entregava, eu era só um medo ridículo, espantalho do qual os corvos faziam piadinha. Afinal, que tipo de puta estava me abandonando?
Como todas, temia o amor e tremia como se estivesse na retina da onça. Um jogo nas minhas cartas trocando uma lasciva por uma virgem.
-Pare Caio, não agüento mais. Dizia, sem perceber que seu pau estava na minha mão. Isso me passou batido, coisa de uma criança que rouba por instinto um doce e enfia na boca, porque sabe que ama aquilo, mas não sabe o que é roubar.
Caio era meu túnel do terror, em plena descida vertiginosa da montanha, eu queria aquele corpo, miragem no deserto aguado. O brinquedo macio e duro ma minha palma enegrecia a visão.
Ele ria baixinho, sussurrando que eu era uma menina doce que tinha tudo que ele precisava.
Como eu raramente usava peças intimas, não foi difícil para Caio me achar na imensidão do negro. E naquele encontro de sexos, Rainha Libertine morria, para eu nascer.
Soube que nada sabia do prazer até então, que era tudo um grande ensaio triste e porco para disfarçar minha solidão. Aquele calor, aquela completude de nós se rangendo, um som divino, a porra quente de Caio na minha boca, me salvava de tudo.
Agora entendia porque mamãe ia tanto aos bailinhos da igreja e porque tinha me abandonado. A fé me atacara:

“Santo pau do meu delírio, rasgai-me, amém!”.

Meu orgasmo que terminou na boca de Caio, me fez soltar um som tão estranho, como de uma fera sendo espetada, quis correr atrás dos meus barulhos antes que eles alcançassem o próximo andar, onde ficava o quarto de mamãe. Deus como minhas batidas do coração correram atrás daquilo.
Tarde demais, ela vinha, com um olhar rajado de sangue, as mãos fechadas e meu fim em uma rosa branca, esmagada no ventre:

-Sua putinha estragada, até meu amante você comeu?
-Não fale assim da minha futura esposa!

Caio tinha reagido, eu não sabia o que fazer, o que tinha feito, só pensava em esconder minha nudez e meus pecados.

Engravidei de Caio, gêmeos encantadores e encapetados.Ele os amava e me amava, fugia às vezes da igreja para me ver, sempre jurava casamento, “mas Deus meu amor, preciso de Deus”.
Mamãe resolveu seguir sua vocação e virou prostituta de luxo, ganhava muito bem e de vez em quando me dava uns trocados para leite, fraldas e cigarros e até um beijo na testa.
Vendi todas minhas posses, raspei a cabeça e sai da casa dela com meus pivetes para morar num sobradinho periférico que prometia felicidade.
Fui me tornando uma santa que se masturbava constantemente, com a sagrada visão da pica do meu puritano, na companhia de Chopin, Anais, a asma de Proust e uma bandeira de ouro escondida debaixo da cama.

E quando eu puder ver um manequim sorridente dentro da minha sopa, com as pernas arregaçadas, lambidas autoritárias e o peito vazio não me esquecerei de quem nunca fui.

Rainha Libertine? Às vezes, saímos de mãos dadas em alamedas primaveris chutando corações como latas vazias e lambendo sexos solares.



(Foto: "Reflexo Inviolável" de Ricardo Pozzo....obrigada pela contribuição!)

sábado, 3 de maio de 2008

O TESÃO DO VELHO BABÃO

Eu, velho rabugento vendo as meninas tomando banho de piscina. ÁÁááá... como a água deve tá fresca! Eu me delicio vendo as meninas brincando na piscina. Uma agarrando a outra. Duas tiram a parte de cima do biquíni, fazem top-less para pegar um bronze nos seios... MMMmmmm...! Seios chapeados ao bronze... Reluzentes!...

Reconheço. Que maneira esdrúxula de buscar o rejuvenescimento. Porra! Eu não vou ficar criticando a mim mesmo. Sou um véio tarado mermo! Eu do meu terraço, da minha laje, seja lá o que for. Eu aprecio aquelas doces meninas tão “ingênuas”. Absorvo-me de excitação.

Queria poder estar bem de perto. Tendo um contato direto com aqueles corpinhos tão esguios...

Minha velha subiu. Trouxe-me uma caipi-vodka que ela mesma preparou com todo carinho. Ela disse pra mim: - Bebe devagarinho, meu velho!... E eu respondi de súbito: - Tá bom...!

Porém, espero ela descer as escadas. Tiro do meu bolso um comprimido de Viagra. Tomo com o drink e tudo. Continuo, continuo, continuo observando as garotinhas de biquínis coloridos. Abro os botões do meu blusão. Tiro as minhas calças e a minha cueca samba-canção. Pratico agora o meu esporte preferido, contudo, sadio: Masturbo-me!...

Disparo lactante um jato de espermas, espirro, esporro espumas de porras. Fico contente. Levanto da minha cadeira-de-praia alegre & sorridente. Satisfeito. Realizei um feito. Vejo que ainda tenho muita disposição.




FELIPE REY

Néon


RockYou FXText

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